sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Brasil: Um País Decadente ?


                                    

         Na minha recente série Brasil: Corrupção e Burocracia (de 2 até 17 de novembro) e em blogs subsequentes (Repensando o Brasil - 21 de novembro; e  Que Fazer de Corrupção e Subdesenvolvimento?- 1° dezembro), muitos de meus leitores me têm trazido o benefício e as luzes de seus contributos.

         Esta minha auto-imposta função - a que sou grato pelas oportunidades intelectuais que me tem dado - através desses mais de três mil blogs e oito anos de batente , leva-me a pensar, bastante, é certo, mas nunca mais do necessário - acerca de nosso país.

        Há duas notícias em O Globo de hoje que me avivam essa preocupação: (a) o Rio tem 341 grávidas com suspeita de zika; e (b) Linha 4 é dúvida para Olimpíadas.

        Primo, será que o Brasil mudou tanto desde o mandato heróico de Juscelino Kubitschek terminando, ou melhor dizendo, tornando vivível uma nova Capital do Brasil,  lá no interior, contrariando o dito célebre de Frei Vicente dos caranguejos a arranharem o litoral ?

        Ao proceder dessa forma, fundando uma cidade perdida no Brasil central, primeiro fiscalizando as obras do espartano Catetinho  (pouco mais de uma cabana de madeira, pintada de branco, aonde JK dormia nas suas frequentes idas ao imenso canteiro de obras), e mais tarde levantando para a inauguração de 21 de abril de 1960 a nova capital, com rede de rodovias (em cuja construção morreu gente como Bernardo Sayão), infraestrutura na capital, plantando os rudimentos de uma capital, que deslumbraria muitos visitantes ilustres, como André Malraux, o Ministro da Cultura de de Gaulle e o romancista de La Condition Humaine. Não pretendo - nem posso - aqui resumir o esforço e a plêiade de gente que se uniu a Jusça para essa magna obra, que teve seus sacrifícios humanos (Bernardo Sayão) e, decerto, incontáveis candangos. De longe, a espiava o modesto santuário de Dom Bosco, com a sua visão profética.

       Secondo,  o Brasil se tornaria ininteligível sem a figura do descobridor (Pedro Álvares Cabral, de Pedro Teixeira e Fernão Dias, o da grande entrada e o grande bandeirante, Tiradentes, o herói da Inconfidência, Pedro I, que nos libertou, Pedro II, o dos quase 50 anos de reinado, que presidiu, como Imperador, a única democracia da América do Sul, e que uma quartelada expulsaria do país, dando a Paris a honra de sepultá-lo a cinco de dezembro de 1991, e, mais tarde, já no século vinte, Getúlio Vargas (que sairia da vida para entrar na história em 24 de agosto de 1954, e nos braços do Povo foi descansar em São Borja) e, por fim, nesse deserto de homens, Juscelino Kubitschek de Oliveira, o construtor da Nova Capital, e que a inaugurou a 21 de abril de 1960, dentro do prazo !

         Agora, o Senhor Pezão - de que ultimamente boas coisas não tenho ouvido - já insinua a possibilidade de que a Linha 4 do Metrô, a que será a via para ligar a Barra (e as famosas Olimpíadas) ao centro do Rio de Janeiro, não tem o respectivo término e colocação em funcionamento tão certo assim!

         Será que precisamos descer tanto, a ponto de que as promessas dos responsáveis pela candidatura e vitória do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016 venham a ser por enésima vez postas em dúvida?  Será que essa gente não tem vergonha? Prometeram despoluir a Baía da Guanabara e nada fizeram. Até quanto à Lagoa Rodrigo de Freitas - que se supõe sediará as disputas a remo - chegam ao ponto de por em dúvida. Quanto à Baía da Guanabara, faltaram com a palavra, e dadas as dimensões, teremos de arrostar o vexame. Mas isto é inadmissível tanto com a Linha 4 do Metrô (que se arrasta a anos através da Zona Sul, com o Tatusão a infernizar Ipanema e Leblon, inclusive provocando uma quebradeira do comércio nas principais vías afetadas), quanto com a Lagoa Rodrigues de Freitas, cujas dimensões relativamente reduzidas não impedem de forma alguma o empenho de despolui-la e de uma vez livrá-la dos desagues de esgoto clandestino que a infestam desde muito.

      

          Ou será que desejamos entrar para o léxico universal de país inconfiável, que mente como política para ganhar concursos, e depois tem a desfaçatez de quebrar a palavra empenhada?

         

          Na objurgatória célebre, que desmontou o demagogo  Joseph McCarthy, que lhe foi dirigida pela sua nêmesis, o procurador Joseph Welch, a nove de junho de 1954, disse:  O Senhor não tem acaso nenhum senso mais de decência ?

          

         Essa foi a última investigação do antes temível acusador Joseph McCarthy - que designaria com o termo macartismo o período de caça às bruxas a que esse demagogo lançaria os Estados Unidos, notadamente entre 1948 e 1954. Nesse último ano, McCarthy seria censurado pelo Senado e teria a carreira de acusador-demagogo encerrada.

 

         O Brasil, depois do vexame do Pan-Americano em 2007, quer ir pelo mesmo caminho?

 

         Senhor Pezão, não me faça lamentar ter votado no Senhor. 

 

        Vamos cumprir com a palavra empenhada.

 

 

 

( Fontes: O  Globo, história do Brasil )

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