A imprensa
estampa que o regime chavista - sob a inepta direção de Nicolás Maduro - deverá
sofrer grande tropeço nas eleições deste domingo para a Assembleia legislativa.
É marcante a
rejeição de largas faixas da sociedade contra o desgoverno do novo caudillo Maduro, que a princípio colhia
instruções de mestre Hugo Chávez
através de um saltitante passarinho.
Se o
ex-caminhoneiro que virou delfim do coronel Chávez recorria a tais patéticos e
risíveis truques para reivindicar o patrocínio do velho caudilho não é só
problema dele, mas também da sociedade venezuelana, que estaria na faixa de
tais patranhas.
O problema, no
entanto, não tem muito mais a ver com invocações do numen tutelar, mas com o incrível desgoverno de que padece o povo
venezuelano, que enfrenta a hiperinflação, o decorrente desabastecimento, a truculência
na sociedade, tanto a do regime - estruturada em uma dócil justiça, em milícias
(do governo, é lógico) brutais e mesmo
assassinas - e no povão ao largo, onde se afirmam tenebrosos totais em termos
de trucidamentos, tanto no atacado, quanto no varejo.
Que esse
regime das cavernas continue membro da OEA,
se não lhe acrescenta nada, diz muito do nível a que chegou essa organização.
É por isso
tudo que as notícias na imprensa que falam da vitória da oposição - e todas as
pesquisas mostram expressiva vantagem dos candidatos da Mesa de Unidade
Democrática (MUD) - sobre o situacionista Partido Socialista Unido da Venezuela
(PSUV) devem ser recebidas com cautela. Falam até de maioria qualificada, que de
acordo com analistas terá a capacidade de aprovar leis orgânicas que, consoante
peritos, 'modificam as estruturas do poder'.
A eleição em
tela poderia desvendar um claro enigma
na sociedade venezuelana. Há evidente contradição entre eleição aberta, com
possibilidades teóricas de maiorias revolucionárias (no bom sentido), e a
estrutura do regime forte, com o virtual ditador de plantão que tem férreo
controle sobre o judiciário e o sistema prisional.
Maduro pode
orientar-se para a solução das democracias populares, tanto as antigas comunistas, quanto as ainda atuais
árabes e africanas, em que, uma vez 'cerradas' as urnas para os votantes,
entram em cena os agentes do regime para sufocá-las com os chamados 'sufrágios
do poder'. É isso que ocorre na África
(Magreb e África Negra, com algumas exceções), assim como nos regimes
autoritários da Eurásia (v.g., Bielorrússia). Na Federação Russa, Vladimir
Putin se vale de instrumentos similares.
Que este
fenômeno não vá acontecer na Venezuela semelha infelizmente pouco provável, se
tivermos presentes os antecedentes do chavismo. É de notar-se, v.g., que Enrique Capriles teria sido o real vencedor do embate pela
presidência com Nicolás Maduro, quando da eleição para o sucessor do Coronel
Hugo Chávez Frias. Segundo dizem, no entanto, as fichas eleitorais quem venceu
foi o delfim Maduro...
Corrupção e Burocracia
A
permanência do Aedes aegypti entre nós esconde outra triste característica de nossa gente.
Por falta de educação ou de conhecimento, ou talvez uma mescla dessas duas
tendências, o povo brasileiro tem revelado seja nas instituições, seja nos seus
próprios costumes, uma atitude laxista ao extremo.
Dessarte,
algo de interesse da comunidade (v.g., economia de água, dados os baixos
índices nos reservatórios) não leva as pessoas a pouparem água, chegando mesmo
a utilizar mangueiras para lavar calçadas. Mas essa atitude que é de
considerar-se mais burra do que egoísta (porque afeta igualmente ao infrator)
também se reflete em comportamentos relativos ao asseio. Dirão que isso terá a
ver com a educação (e é verdade), mas também pode ser incutido através do claro
perigo que a falta de higiene traz consigo.
Houve nas
últimas eleições, o exemplo de um candidato derrotado nas urnas, que resolveu
vingar-se do seu eleitorado pela não-coleta
de lixo. Essa pessoa provocou o caos através da suspensão dessa coleta, que é disposição compulsória de higiene aplicada em
países civilizados. O que deve ser sublinhado no episódio é que tudo passou em branca nuvem para o responsável.
Esse exemplo
abominável é, no entanto, importante, para frisar a postura de indiferença com
a sujeira, que constitui decerto a principal barreira para que o lixão e o
depósito de sujeira em terrenos, baldios ou não, venham a ser erradicados no Brasil. Na terra
dos lixões, dos terrenos baldios e abandonados, nos depósitos de pneus e carros
imprestáveis, nas piscinas e tanques ao deus dará, o mosquito Aedes
aegypti encontra o seu terreiro de criação.
Esta criação, prezado leitor, ela
é feita contra todos e, em especial, contra você.
A
indiferença de todos os governos - a começar do municipal - é o triste
facilitário para assegurar criadouros mil para esse terrível mosquito.
A propaganda
começa errando, ao chamá-lo de mosquitinho. Não há nada de
queridinho nesse inseto, que transmite doenças sérias e graves, que podem até
causar a morte. Na verdade, o Aedes
aegypti é um monstro real, e não daqueles que se escondem no quarto das
crianças debaixo da cama. O único modo de acabar com esse vetor, que por
desgraça não é só da dengue, senão de
outras doenças e afeccões graves, a exemplo da microcefalia, e de tantos outros
virus, será através do trabalho e da limpeza.
Depois de uma propaganda insistente e ruidosa, daquelas que incomodam,
que tal se se estabelecessem - e não pra inglês ver - multas pesadas, que
fariam qualquer um pensar duas vezes antes de abrigar em seu quintal viveiros
para esse abominável mosquito?
O
exemplo e a severidade na aplicação da multa (sem jeitinhos, por favor) se sucederiam a clara, intrusiva e, sobretudo, incisiva propaganda.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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