sábado, 5 de maio de 2018

Venezuela: a débacle alimentar



         Só o futuro poderá desenhar com traços reais o quanto decaíu a produção de alimentos na Venezuela na década passada. Tal se deve às intervenções desastradas tanto de Hugo Chávez, quanto de seu pupilo, Nicolás Maduro.
          Dessarte, em dez anos, a Venezuela perde mais da metade  de sua capacidade de abastecer-se.  Assim, se em 2008 o país produzia 70% dos alimentos necessários para a nutrição de seus 28 milhões de habitantes, a previsão para 2018 é de produzir apenas 20% do necessário para sustentar os 31 milhões que teria hoje.
         Segundo as estatísticas da Federação Nacional de Pecuaristas da Venezuela, em 2017, o venezuelano come cerca de 4,7 kg de carne vermelha, seis vezes menos do que em 2012. Com o frango, é ainda pior:  de 42 kg anuais por pessoa em 2012, o consumo passa para 11 kg em 2017.
         A orientação, tanto dos governos de Chávez, quanto de Maduro, foi de rara inépcia e total falta de programação. Assim se refere Carlos Albornoz, presidente da Fedenaga (pecuaristas): "Houve um superavit, eis que os valores do petróleo subiram muito - de US$ 40.00 o barril,em 2003, passaram para US$ 110.00, em 2011.O país tinha a alternativa: (a) fomentar, construir e estruturar uma economia sólida; ou (b) usar o populismo em subsídios. Além disso, produtos importados  passaram a ser adquiridos com mais facilidade, e a produção local foi desestimulada".
           Por outro lado, o rebanho bovino caíu de 14 milhões de cabeças para pouco mais de 8 milhões em dez anos. Hoje, segundo o presidente da Fedeagro, Aquiles Hopkins, o setor pecuário tem dificuldades de comprar insumos, renovar a frota de equipamentos agrícolas e adquirir novas tecnologias.
          A situação do setor na Venezuela é hoje calamitosa. 85% da maquinária agrícola está obsoleta.  Para ele, a Venezuela precisa de liberdade para investir em novas tecnologias. A única maneira de confrontar a crise no abastecimento será através da agropecuária.
           Segundo pesquisa de 2017,  87% das famílias venezuelanas foram consideradas pobres, senão miseráveis.  E a situação piora: entre 2014 e 2017, a pobreza cresceu 38%.
         A lenda de que Hugo Chávez era, apesar de tudo, um bom governante, não resiste a qualquer análise mais séria. Na verdade, o desabastecimento já existia na Venezuela muito antes que o câncer matasse a el Comandante.  Toda a dinheirama que gastou subsidiando a ilha dos Castro, com a cessão de petróleo e etc. apressaria a inflação e o desabastecimento na Venezuela. 
          Por sua vez, com Nicolás Maduro não só aumenta a participação do narco-tráfico na economia venezuelana, como o pupilo logra superar em incompetência e incapacidade a seu protetor. 
          E as levas de venezuelanos que fogem - por falta de qualquer outra opção - da Venezuela, só tendem a acentuar-se até que raie o sol afinal e caia o regime corrupto do chavismo, que, sob Maduro, só tem tornado ainda pior e mais grave o estado  geral da economia, como o demonstra sobejamente a migração forçada dos venezuelanos, tangidos pela fome, a falta de trabalho, e a desesperança que  fogem para Roraima ao sul, e a Colômbia ao norte.

(Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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