quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Segurança na Cidade Maravilhosa ?

                           

            O Globo considera o ano 2018 como sombrio para a Segurança.
         Uma administração incapaz, a corrupção e a herança maldita dos governos de Sérgio Cabral e Garotinho colocam o Estado do Rio de Janeiro em situação difícil.
         Na verdade, não é de hoje que a Segurança no Rio de Janeiro é precária. Basta olhar a maior parte dos prédios da Zona Sul e, em especial, os de Copacabana, Ipanema e Leblon.
          As grades estão em toda parte. Ou servem de defesa contra os moradores de rua, em geral craqueiros, que dormem junto aos prédios, e por isso a propagação das grades, que também têm outra óbvia serventia contra outra gente bem mais perigosa, que são os assaltantes.
           O Rio de hoje não tem qualquer semelhança em termos de segurança,  bem-estar e aquela tranquilidade que só proporciona um registro sem crimes de assalto e roubo a mão armada  do Rio de Janeiro dos anos cinquenta e princípios dos sessenta,  em que por exemplo qualquer pessoa  podia caminhar à noite de Ipanema para o Posto Seis, em Copacabana, como aqui já referi, sem incorrer em qualquer perigo em termos de segurança.
            Estava há pouco no Rio de Janeiro, depois de longa carreira diplomática,  que me surpreendeu uma observação de morador quando em reunião de condomínio.
             Falando os condôminos sobre as precauções que a volta à casa à noite determinavam, espantou-me o seguinte diálogo:
             "Mas, o senhor fala como se aqui não houvesse polícia", disse um morador para outro morador do prédio.
               "Sim, senhor. Falo com conhecimento de causa.  Aqui quem cuida da segurança é Deus."
                 Nesse diálogo, o que mais me impressionou não foi a expressão do morador. Foi o fato de que ninguém lhe contestou a resposta...
                 Se antes a dupla Cosme e Damião era uma presença não só bem-vinda,  mas bastante comum,  não é o que hoje ocorre nos bairros da Zona Sul. Já se falou muito dos bandidos em Botafogo - que já provocaram diversas mortes, em geral por causa de latrocínio. Recordo-me a propósito de um jovem que se não me engano iria formar-se nos dias seguintes, e foi estúpida e cruelmente morto por um malfeitor.  No bairro de Botafogo - cuja orla tão bem conheci, em outros tempos em que a qualidade de vida do carioca era bem superior,  apesar da modéstia dos transportes empregados. Ia-se de bonde para a escola em Botafogo, pagávamos duas 'seções' da passagem - a primeira, ao embarcar no Posto Seis e a segunda, na rua da Passagem,  até desembarcar na praia de Botafogo, em um dos colégios que ali demoravam - e nunca experimentamos qualquer problema de "segurança",  palavra, aliás, então em desuso...
                    Hoje, a Polícia Militar (a PM) luta com contínuas faltas de verba. Não é incomum, por exemplo, que se passe na Praça General Osório por  cabine da PM em que aí não esteja vivalma.
                     A ironia que não escapa ao carioca - seja aos nativos, seja quanto aos adotivos - é que ao crescimento do crime e de mala-vita na antes chamada Cidade Maravilhosa não correspondeu  uma adequação correspondente das chamadas forças da ordem.
                    Como já escrevi várias vezes o plano das UPPs - que viria a proporcionar a ansiada segurança aos moradores do Rio de Janeiro, sob a direção do Secretário Beltrame, uma pessoa que foi logo acolhida pela gente carioca pelo seu caráter e honestidade - correspondeu a uma cruel decepção experimentada por toda essa população - que acreditou na perspectiva de uma existência normal  em terras cariocas,  livres  do flagelo da mala-vita, do tráfico nos morros e da bandidagem consequente.
                    Por isso, não é sem preocupação e com muita inquietude que se vê a perspectiva do Rio de Janeiro sem verba, de pires na mão, diante da generalização da crise, com seguidas interrupções no pagamento do funcionalismo e dos próprios infelizes aposentados que dependem do erário carioca.
                   Que tudo isso se reflita na segurança não há de surpreender à gente da terra. Mas isto é outra estória, a que me dedicarei em data futura.



( Fonte:  O Globo )

Nenhum comentário: