sábado, 9 de dezembro de 2017

Atentado contra a AMIA - Juiz pede prisão Cristina Kirchner

            A  Justiça argentina pediu a sete do corrente que seja levantada a imunidade de Cristina Kirchner. A ex-presidente e Senadora é acusada de acobertar os iranianos suspeitos do nefando ataque contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (AMIA), que ocorreu em 1994, e que deixou  85 mortos.
             Para que o pedido de prisão seja cumprido, é  necessário que dois terços dos Senadores  autorizem a quebra do foro privilegiado da Kirchner.
              O juiz federal Claudio Bonadio, autor da ordem de prisão,  acusa a ex-presidente de traição à pátria, um dos delitos punidos com maior severidade pela Justiça argentina - que prevê pena de 10 a 25 anos de prisão. Pelo acobertamento de criminosos, a detenção pode chegar a seis anos. É a  primeira vez que magistrado solicita a prisão de Cristina, que também vem a ser alvo de acusações de lavagem de dinheiro.
               Em seu mandado de prisão, documento de 365 páginas,  o magistrado Bonadio acusa a ex-presidente de traição à pátria, um dos delitos punidos com maior severidade pela Justiça portenha - que prevê pena de dez a vinte e cinco anos de prisão. Pelo acobertamento de criminosos, a detenção pode chegar a seis anos. É a primeira vez que um magistrado solicita a prisão de Cristina Kirchner, que é igualmente alvo de acusações de lavagem de dinheiro.                   
                No referido mandado, Bonadio acusa a ex-presidente de "dar ordens pessoalmente" para que os terroristas iranianos conseguissem "a impunidade", segundo o jornal Clarin, para que "a Argentina não seja apontada como um Estado terrorista, que promove e financia organizações terro- ristas".  De acordo ainda com o juiz Bonadio, em 2013, o governo da então Presidente firmou um pacto com o Irã "para normalizar as relações entre os países e garantir a impunidade dos cidadãos iranianos indiciados."
                 Para ser despojada da imunidade parlamentar, Cristina que assumiu mandato de seis  anos como Senadora na semana passada, deve submeter-se a processo pelo Senado que entrará em recesso e retomará suas atividades somente em março p.f.  O governo do Presidente Mauricio Macri poderia, no entanto, convocar sessão extraordinária para antecipar a votação em tela.
                  São necessários os votos de 48 dos 72 senadores argentina para levantar o foro privilegiado da ex-presidente.  No entanto, os adversários de Cristina, da bancada de Macri, contam 39 cadeiras e carecem de votos do Partido Justicialista (peronista) para levantar a imunidade da senadora, o que não deve ocorrer neste caso.  Os kirchneristas possuem apenas oito cadeiras no Senado.
                   Em outubro, Cristina negou ao juiz Bonadio  que teria protegido os iranianos acusados pelo atentado contra a AMIA em Buenos Aires - que, além dos 85 mortos, deixou cerca de trezentos feridos. A investigação apontou o envolvimento de funcionários do governo iraniano no ataque.
                   Ontem, Cristina repetiu que sofre uma perseguição por parte do Judiciário da Argentina, segundo ela orquestrada por Macri. A senadora afirmou  também ser vítima  de excessos e violações. "São medidas que degradam ainda mais a Justiça argentina", disse ela. Ela chegou ao extremo de declarar que (o Presidente) "Macri é o responsável por uma organização política e judicial para perseguir a  oposição."
                   Entidades de defesa de direitos humanos e organizações sociais favoráveis a Cristina saíram em defesa da ex-presidente.  Partidários da líder kirchnerista se concentraram nas imediações do Congresso argentino para expressar seu apoio. "Com o objetivo de perseguir e silenciar vozes opositoras,o partido judicial opera a serviço do Executivo", tuitaram as Mães da Praça de Maio.
                   O suposto acobertamento por parte da ex-presidente argentina foi denunciado pelo Procurador Alberto Nisman, que foi encontrado morto quatro dias depois da denúncia, em dezoito de janeiro de 2015, com um tiro na cabeça, no banheiro de seu apartamento em Buenos Aires.  As estra-nhíssimas circunstâncias da morte de Nisman ainda não foram esclarecidas.
                    A ordem ontem emitida pelo Juiz Bonadio também determina a prisão de ex-funcio-nários  kirchneristas, incluindo o ex-ministro do exterior Héctor Timerman - que em razão de sua delicada condição de saúde, cumprirá pena domiciliar.
                     Por outro lado,  considerado braço direito dos Kirchner, Carlos Zannini, ex-Secretário de Assuntos Jurídicos e Técnicos de Cristina, foi preso em sua casa, em Rio Gallegos, na Província de Santa Cruz. O juiz Bonadio  ainda indiciou, sem contudo decretar a prisão, mas com restrição para sair do país, o ex-chefe da Agência Federal de Inteligência, Oscar Parrilli e o líder social kirchnerista Luis D'Elia, entre outros.

( Fonte:  O Estado de São Paulo )

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