terça-feira, 12 de julho de 2016

Theresa May, Chefe de Governo

                              

         Depois do medíocre David Cameron, o aprendiz de feiticeiro que,  por trocar ineptamente  os frascos, causou à velha Albion um mal muito maior - a saída da União Européia - de o que figuras de seu diapasão costumam provocar.
          Vale repetir, enquanto ele parte para a lata de lixo da História. Para contornar uma questão que ele julgava prejudicial, Cameron tirou da algibeira outra muito mais grave. Embora não estivesse em consideração, tolamente o então Primeiro Ministro prometeu um referendo sobre a saída ou não da U.E.
           Quando tal compromisso afinal se materializou, ele se descobriria despreparado, e - o que é pior - com o país com um pendor crescente para tentar a volta ao passado.
            Cometido o ato demencial, e vencedor o Brexit, a realidade já bateu à porta de Downing Street n° 10[1]. David Cameron se arrependeu tardiamente da própria irresponsabilidade, e como todas as figuras que são escorraçadas do poder, e ao sair só podem inculpar a própria mediocridade, cuidam de sair da forma mais inconspícua possível, cuidando de manter bem apertado o britânico lábio superior.
              Agora, a sua sucessora, Theresa May, assume o poder nesta quarta-feira, com a ritual visita à Rainha Elizabeth II - ela talvez se pergunte quantos chefes de governo já vieram visitá-la para cumprir a  formal assunção do cargo. Por sua vez, a Primeira Ministra já talvez aguente com alguma exasperação as comparações com Margaret Thatcher.
               Por outro lado, é demasiado cedo para formular avaliações. Suceder a sólida e trapalhona mediocridade, pode ser uma vantagem, não fosse pelos abacaxis que lhe tocará descascar, dos quais não será o menor deles negociar o divórcio comunitário com Angela Merkel.
               Havendo se desincumbido de missões secundárias até o presente, o que se pode dizer da Senhora May é que a ideologia não é o seu forte. Talvez seja um ponto em comum com Angela Merkel, mas há muito  a preencher antes que se possa esboçar um perfil mais apropriado.
                Por isso, a ritual comparação com Margaret Thatcher não se aplica, por ora.
                  Ministra do Interior, ela manteve, por mais de seis anos, um dos trabalhos mais difíceis de Londres. Como a definiu George Parker, do Financial Times "o prisma comum para vê-la é a política migratória, que ela não criou mas se esmerou em cumprir e na qual se aproxima do estereótipo do ministro do Interior conservador tradicional, oriundo do centro da classe média inglesa." 

( Fonte: Folha de S. Paulo )



[1] O endereço da residência oficial do Primeiro Ministro.

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