terça-feira, 5 de julho de 2016

Descartado Inquérito contra Hillary

                        

       Numa decisão relevante, o Diretor do F.B.I., James B. Comey,  descarta qualquer inquérito contra Hilllary por causa da questão do terminal de e-mails.
        Como assinala o New York Times, o Bureau Federal de Investigações não recomendará processo penal acerca do uso por Hillary Clinton de informações classificadas (secretas ou confidenciais). Com isso se dissipa enorme nuvem legal que lhe sobrepairava a campanha.
        Sem embargo, Mr. Comey censurou a Sra. Clinton por ser "extremamente descuidada" no uso de endereço pessoal de e-mail e um servidor particular para informações sensíveis, declarando que um simples funcionário governamental poderia sofrer sanções administrativas por tal conduta.
         Para justificar a acusação penal, disse Mr. Comey, teria que existir prova de que a Sra. Clinton de forma proposital mandara ou recebera informação classificada (confidencial ou secreta), o que o F.B.I. não detectou.  "De acordo com o nosso julgamento, nenhum promotor razoável abriria um caso como o presente", disse ele na entrevista à imprensa.
         É altamente provável que o Departamento de Justiça aceite a recomendação do FBI. A própria Attorney-General (Procuradora Geral) Loretta Lynch afirmou na sexta-feira que ela aceitaria a recomendação do F.B.I. e dos promotores de carreira no caso, depois que foram levantadas questões sobre encontro casual entre ela e o ex-Presidente Bill Clinton, no aeroporto de Fenix.
           A entrevista de imprensa de Mr. Comey conclui investigação que começou há um ano atrás quando o Inspetor Geral para as Agências de Inteligência, Charles McCullough III informou o Departamento de Justiça que ele encontrara informação classificada (confidencial) dentre pequena amostra dos  e-mails que a Senhora Clinton mandara e recebera.
            De acordo com o Inspetor-Geral, os e-mails continham informação classificada na época em que foram expedidos, mas não estavam marcados como classificados, e que a informação em questão nunca deveria ter sido mandada por um sistema ostensivo.
             Por trás desse inquérito encontramos o Comitê Seleto da Câmara sobre Benghazi (dominada desde 2010 pelos republicanos, por manifestos motivos). O GOP estava à cata de comunicações entre a Sra. Clinton e outros funcionários, a respeito do ataque em Setembro de 2012, contra aquele posto avançado na cidade de Benghazi, na Líbia, e que matou quatro americanos, inclusive o Embaixador J. Christopher Stevens.
               À medida que os advogados do Departamento de Estado coletavam material (para satisfazer o subcomitê da Câmara, cujas intenções na questão eram óbvias), esses zelosos funcionários legais descobriram que a Senhora Clinton havia utilizado um endereço pessoal e não-governamental para o seu e-mail, enquanto o material era encaminhado através de servidor particular, mantido na sua residência em Chappaqua, N.Y.
                 Depois de negociação entre o Departamento de Estado e os advogados da Senhora Clinton, ela concordou em entregar cerca de 55 mil páginas de e-mail do seu tempo como Secretária de Estado. Reteve correio - metade do número total de mensagens - que, segundo declarou, se reportavam a questões pessoais (de sessões de yoga a arranjos florais para o casamento de sua filha).
                   Por sua vez, o Departamento de Estado entregou para o subcomitê da Câmara cerca de oitocentos e-mails relativos a Benghazi. Não obstante, a Sra. Clinton pediu ao Departamento que liberasse o restante dos e-mails, o que acionou um processo politicamente carregado de examinar a cada um deles para determinar se acaso os papéis continham informação classificada.
                    A lisura do processo, a circunstância de que não foi determinado dolo no procedimento da Senhora Clinton, afasta qualquer sombra de dúvida acerca de eventual irregularidade pela então Secretária de Estado. Dissipa-se a pesada nuvem que pairava sobre o processo da candidatura da Senhora Hillary Clinton - e por isso o F.B.I. não recomendará a aplicação de qualquer pena contra a candidata pelo seu uso  do servidor privado de e-mails enquanto Secretária de Estado. Que a Attorney-General tenha declarado de antemão que não haveria intromissão de autoridades políticas - como ela própria -  na decisão que fosse tomada pelo diretor do FBI e os promotores responsáveis.
                    
                     Tal manifesta, sem margem a quaisquer dúvidas, a condição cristalina do processo. Por isso, é patente a grande importância da decisão do Diretor do FBI, James Comey, ao isentar de qualquer sanção legal a candidata (e ex-Secretária do Departamento de Estado) Hillary R. Clinton.
   
                      Como diria o rei gaulês Brenno, lançando a sua espada sobre o botim a ser entregue pelos Romanos vencidos: Vae victis![1]
            Não é hora decerto de demasiado regozijo, porque a campanha é longa e muitas são as suas curvas.
             Mas o Partido Democrata e os partidários de Hillary Clinton vêem com merecido regozijo que a campanha de sua pré-candidata se vê livre afinal desse PëÜóôùñ (divindade ou nuvem maléfica) que pairava sobre a própria candidatura à Casa Branca.
             O caminho que resta é decerto longo e insidioso, mas cresce a certeza de que ele será decidido pelo Povo Americano de forma aberta e inconteste. Afastado tudo aquilo que desvirtua o livre sufrágio, não se pode desejar melhor solução.
              

(Fontes: The New York Times; Liddell & Scott Greek-English Lexicon, Ninth Edition)
     



[1] Ai dos Vencidos !

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