quinta-feira, 21 de julho de 2016

Merkel recebe Theresa May

                                       

          A Primeira Ministra britânica, Theresa May, visitou ontem, dia vinte de julho, a sua colega e Chanceler alemã, Angela Merkel. De saída, logrou uma postergação simpática da Merkel, que concordou, sem maiores dificuldades, que o Reino Unido precisa de tempo para notificar oficialmente sua saída da União Européia, o que não deverá ocorrer neste ano.
          A importância da Alemanha e sua liderança na C.E. fica sublinhada pela visita em primeiro lugar da May à colega germânica. Ter-se-á presente que a primeira reação da Merkel, à quente, fora que a U.E. não esperaria indefinidamente pela saída do Reino Unido da Comunidade.
          Pelos sorrisos e posturas, a reunião terá transcorrido a contento. A frase da Chanceler, se é aberta e flexível, mostra que o Brexit não significaria ruptura completa: "É de interesse de todos que o Reino Unido peça esta saída quando tenha uma posição de negociação bem definida", afirmou Frau Merkel, lembrando que nem todos os laços com a União Européia  serão cortados.
           Tomada a decisão - não importa por que motivos, inclusive erros de quem a acionou, no caso David Cameron - é papel da Primeira Ministra May tentar dar aspectos graciosos à ruptura. Defende por isso uma saída 'sensata e ordenada', e tornou a sublinhar que não pedirá para deixar o bloco antes do fim de 2016.
             Como refere, contudo, a notícia, a senhora Nina Shick, do círculo Open Europe, a boa vontade da Merkel pode ter prazo de validade. No caso, se recorda que essa boa disposição poderia esgotar-se no caso de demora julgada excessiva do Reino Unido em pedir a ativação do art. 50 do Tratado de Lisboa, previsto em casos de ruptura.
              Nesse contexto, contudo, é sempre bom lembrar que a diplomacia só pode atuar dentro de parâmetros estabelecidos. Cometido o erro através de irresponsável ativação da ruptura, e sem embargo do percentual apertado e do voto de Escócia e Irlanda da Norte pela permanência, a diplomacia não pode embelezar o feio, nem dar o troncho como não cortado. No quadro, será oportuno lembrar o dito popular: "não desejes muito uma coisa, porque ela pode acontecer".



( Fonte:  O  Globo )

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