domingo, 3 de julho de 2016

É hora de pesquisa ?

                                        

          Desperta alguma estranheza essa pesquisa do IBOPE, pretensamente sobre aprovação do governo interino de Michel Temer. Ela foi solicitada pela Confederação Nacional da Indústria, que é uma das entidades habitualmente interessadas em encomendá-las.
          O governo Temer responde à situação emergencial, e é temporário, estando sob o cutelo da votação complementar do Senado Federal.
           Administração desse gênero, nascida sob as sombras de prazo legal, que lhe dá vida constitucional bastante curta - não é à toa que vem carimbado da interinidade - não pode ensejar à opinião pública uma apreciação equilibrada e imparcial, eis que o Governo Temer é temporário, e está submetido tanto aos maus e bons humores dos senhores senadores, e, por isso, como todo governo dessa natureza  ele não oferece nem o tempo, nem a autonomia de que fazem jus as habituais altas autoridades que são objeto das pesquisas desses institutos.
            Por isso, parece-me algo despropositada essa consulta. Devemos aguardar que voltem a votar os senhores senadores, para determinar se se confirma o impeachment de Dilma Rousseff ou se ela, para surpresa geral,  logra reverter a corrente, e tem assegurados mais dois anos de não-governo.
            Creio que impeachment é coisa séria. Como tal, não há o menor cabimento para rachar esse processo em dois, como se necessário fora para determinar a competência ou não, ou eventuais crimes contra a Administração, para rachá-lo dessa maneira.
            Não atino porque nós os brasileiros temos o pendor de complicar tudo. Nos Estados Unidos, o impeachment é decidido em uma única votação do Senado, depois que a Câmara de Representantes considera válido o processo em tela.
            Dentro desse contexto, surpreende que se venha a pedir ao Povo uma avaliação do governo interino de Michel Temer.
            É pôr a carroça  diante dos bois, ir a perguntar o que acha sobre um governo que é super-interino, e existe por ora nesse limbo da interinidade. Só pode dar no que deu...


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: