domingo, 3 de julho de 2016

Ainda o servidor privado de Hillary


           Causa espécie a suposta atualidade da questão da utilização por Hillary Clinton do servidor privado do computador para os e-mails relativos ao seu trabalho de Secretária de Estado no primeiro mandato do Presidente Barack Obama.
           Hillary deixou de ser Secretária de Estado no Segundo Mandato do Presidente Obama. Assim, há quase quatro anos ela não tem qualquer papel oficial na Administração Obama.
           Presume-se, portanto, que a eventual utilização do dito servidor privado cessou na segunda Administração Obama, enquanto diga respeito a Hillary, pelo inegável fato de que ela não mais mantém qualquer relação oficial e mesmo particular com o dito meio de comunicação.
           Isto posto, não lhes parece que toda essa interminável avaliação de sua participação, e de algum eventual abuso com relação a esse servidor - se toda essa preocupação oficial tem motivo válido, e mereceria ser esclarecido em tempo hábil  - já não deveria tal exercício administrativo das instâncias burocráticas oficiais americanas  estar hoje plenamente encerrado ?
           O New York Times noticia que a candidata a presidente, vitoriosa nas primárias, quando venceu o desafio apresentado por um outro pré-candidato democrata, o Senador Bernie Sanders, se submeteu a uma espécie de sabatina com os procuradores do Federal Bureau of Investigations.
            Somente agora, mais de três anos transcorridos da, apesar de tudo exitosa,  gestão por Hillary em Foggy Bottom, ainda subsista essa questão, e o que é mais importante para os adversários de Hillary Clinton, i.e., o Partido Republicano e seus representantes - sem falar no presente pré-candidato do GOP, Donald Trump - como se fora algo que acaba de vir à tona?
             Depois de gastar  milhões de dólares na suposta investigação das circunstâncias da morte do infeliz Embaixador americano em Trípoli, Christopher Stevens - é necessário acrescentar que tal chasse aux sorcières (caça às feticeiras) visava tão só obter detalhes políticos que de certo modo lograssem manchar a imagem da Secretária de Estado, e por conseguinte prejudicar-lhe a presumida campanha, com ganho do Partido Republicano - eis que se repete, já às portas da Convenção em Filadelfia o exercício do F.B.I. para determinar a alegada responsabilidade da Secretária de Estado em termos de  questão burocrática, afeta ao gabinete da então autoridade responsável por aquele importante Departamento do Governo americano, ocorrida durante o primeiro mandato do Presidente Obama.
              É de crer-se que um tal exercício - além da conotação burocrática, em que considerações temporais semelham irrelevantes - nas condições em que está encenado só traz água ao moinho do GOP, mesmo que nenhuma substância de eventual relevância para as funções de uma candidata à Presidência dos Estados Unidos esteja sendo observada. Das duas uma: ou a candidata Hillary cometeu grave infração contra a segurança estadunidense, o que já em sã mente deveria ter sido estabelecido há bastante tempo; ou o atraso burocrático reflete a desimportância da matéria, que só é para efeitos da mídia e do Partido Republicano. Em um e outro caso, ficamos condenados a padecer as sandices dos comentários do pré-candidato Trump, o que já semelha provação excessiva para qualquer pessoa dotada de mediana inteligência.
              Por fim, uma palavra sobre a Attorney-General, Loretta E. Lynch, que, no meu modesto parecer, mandou vir com excessiva pressa a famosa bacia de água, que outro personagem julgara oportuno solicitar há muitos e muitos séculos atrás. Se a questão lhe demanda a participação, ela não deve eximir-se, pois é  a responsável política. E, se como tudo nesse interminável exercício de bureaucratese semelha indicar, se não é importante, deve-se pôr fim a esse parêntese, e passar a tópicos que sejam relevantes para a questão que tem interesse para o Povo americano: the election of the next President of the United States of America.


(Fonte: The New York Times)


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