sábado, 9 de julho de 2016

De novo a Censura

                    


        É importante que a página editorial de um grande jornal como a Folha de S. Paulo venha a público externar o óbvio, e por duas razões: (i) a iniciativa provém do Supremo, mas como frisa o editorial, o ofício é da Secretaria de Segurança do STF; (ii) ocorre que as imagens satíricas contra Lewandowski e Janot estão protegidas pelo direito constitucional à liberdade de expressão.
        Como recorda também a Folha, a linguagem empregada pelo funcionário Murilo Maia Herz, ao considerar que os "pixulecos" representam "grave ameaça à ordem pública", em sua linguagem "lembra (...) o vocabulário empregado pelos censores durante o regime militar. Ao que tudo indica, o gosto das pequenas autoridades pelo arbítrio  há de ser inversamente proporcional aos poderes que de fato possuem."
        Não é demais tampouco relembrar que Michel Foucault, em sua obra 'Surveiller et Punir' (Vigiar e Punir) escreveu sobre o tema, que infelizmente ainda guarda muita atualidade.
        Estamos de inteiro acordo com a sugestão da Folha:  O Supremo fica a dever, portanto, desculpas à Sociedade. "É o próprio STF que tem a sua imagem comprometida pela iniciativa de seu secretário; nada arranha mais  a credibilidade da Corte do que vê-la patrocinando um ato de cabal ignorância  jurídica e em claro descompasso  com princípios constitucionais."
        Não é de hoje, de resto, que o Supremo deve pôr as coisas em ordem em termos da derrogação da censura, que é um dos princípios básicos e pétreos da Constituição Cidadã.
        Por quanto tempo vai ser deixada de pé a censura ao Estado de S. Paulo, estabelecida por um desembargador de Brasília, e até hoje mantida formalmente de pé, ao invés da súmula vinculante que o Supremo Tribunal Federal deve à Sociedade Civil desde os tempos do Presidente Joaquim Barbosa ?


( Fontes: Michel Foucault; Folha de S. Paulo; O Estado de S. Paulo ) 

Nenhum comentário: