domingo, 3 de julho de 2016

Gilmar Derrapa

                                  

        Não surpreende que o Presidente do Senado, Renan Calheiros nos venha desenterrar  projeto de 2009 que pune abuso de autoridades.
         Já não se pode dizer o mesmo do Ministro do Supremo, Gilmar Mendes, que nos  venha defender tal proposta, sob o argumento de que é preciso uma nova lei para o País "atingir um padrão civilizatório".
         O Ministro Gilmar Mendes negou que o projeto tenha relação com a operação Lava Jato.  E acrescentou: "O projeto de lei não tem foco específico ou no Ministério Público, ou policial, mas é claro que contempla esse setor. Assim como contempla parlamentares que eventualmente possam cometer abuso de autoridades em CPIs, por exemplo."
          Negativas à parte, o presidente do Senado - investigado na Lava Jato e com vários processos no Supremo - procura injetar vida em um projeto dormente nas gavetas da Câmara Alta, e que prevê punições a crimes de abuso de autoridades, agentes da administração e membros do Judiciário, Ministério Público e Legislativo. 
           É importante frisar que muitos artigos da citada proposta estão em sintonia com reclamações de parlamentares sobre a condução da força-tarefa da Lava Jato.
           Esse projeto cai como uma luva nas medidas que se voltam contra as ações da Polícia Federal e do Ministério Público, eis que prevê punição para cumprimento de mandados de busca e apreensão de forma vexatória; pena para quem negar, sem justa causa, acesso da defesa à investigação e detenção para diligência policial em desacordo legal.
            Também o Ministro Gilmar Mendes se associa aos defensores desse estranho projeto que foi desengavetado pelo Senador Renan Calheiros. 
             Não convence a assertiva do Ministro Gilmar de que o projeto não tenha relação com a operação.  "Esse projeto de lei nada tem a ver com a Lava-Jato, discutimos isso no contexto do pacto republicano. Tivemos muitos projetos de pacto que foram votados no Congresso, como o mandado de injunção."
             Com as devidas escusas, Ministro Gilmar, o projeto em apreço é um torpedo dirigido contra as máquinas da Lava-Jato. As medidas sugeridas só favorecem a suspeitos de corrupção. E quem está interessado em reviver tal projeto de lei, que dormia longo sono nas gavetas do Senado, é um dos principais interessados em coibir o trabalho da Lava Jato, e de operações similares, que em inserem no renascimento das medidas contra a corrupção, de que a Lava Jato constitui o estandarte principal.
            

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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