quinta-feira, 28 de julho de 2016

A Lei do Abuso de Autoridade

                         

         Esse projeto de lei - que, segundo se supõe em determinados círculos, estaria a caminho de tornar-se legislação - não deve sequer ser lido e discutido no Congresso. 
         E para ater-nos às considerações mais singelas, pela simples razão de que o seu escopo difere da legislação a ser discutida, debatida, votada e sancionada.
         Esse projeto parte de postura normativa e filosófica que é o contrário da lei que visa a coibir o comportamento criminoso e suas consequências.
         Como o jabuti no galho da árvore - no exemplo famoso do Senador Vitorino Freire - já é prova de que alguém com suficiente poder nela está muito interessado. Pois grita aos céus que jabuti não sobe em árvore. E, se ele aparece refestelado numa forquilha, alguém o colocou ali.
          O Brasil sofre de um caso preocupante de que a norma legal possa transformar-se não mais em instrumento de coibir o comportamento criminoso, e vire atalho insidioso para que os fora da lei  se prevaleçam de seus instrumentos para implantar situação em que ela se transforme em apoio à sua atividade criminosa !
            O que dizer de uma sociedade em que os interessados nesse tipo de comportamento possa virar a lei da terra, senão que esse perigo já deixou de ser teórica possibilidade para vírar fática probabilidade ? Que haja gente situada em postos que possam vestir de legal esse tipo de comportamento, constitui um perigo muito maior para a sociedade, porque Haníbal não está mais diante das portas de Roma, mas já adentrou a Cidade Eterna, e ora cuida dos meios e instrumentos para legalizar esse tipo de anti-legislação.
            O silêncio neste caso seria a ajuda mais perniciosa que imaginar-se possa para tal tipo de comportamento.  O poder petista já se serviu das MPs para mercadejar procedimentos vizinhos do criminoso em termos de concessões especiais e favorecimentos ilegais de grandes empresas.
             Agora, nesse jardim de especiarias, teríamos outra espécie de lei,  que serviria  a outros fins inconfessáveis, eis que apagariam a diferença entre a norma legal e a ilegalidade.
              Nesse tipo de empreendimento, o que mais surpreende ao Povo Soberano não é nem a ideia em si, mas que passe pela cabeça de um grupo que a Norma Legal possa ser colocada a serviço de fim que é o contrário de seu escopo natural. Dizer que haja gente situada em posições em que a implementação de tais fins aproxima perigosamente de transformá-lo em realidade, equivale a dizer que nunca foi maior nem a audácia, nem o perigo de concretizar-se tal meta-realidade, o que equivaleria a pôr a norma legal em ponta cabeça.
               E é isso o que mais preocupa. Não o fato em si, mas a existência de uma pervertida realidade que permita elaborar instrumentos como os que ora desejam, com a protérvia típica desse grupo antissocial, transformar na lei da Terra !


( Fonte: O Globo )   

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