sexta-feira, 5 de maio de 2017

Trumpcare: a meio caminho do desastre

                   

        Se alguém ainda tinha dúvidas de que o Partido Republicano é aquele dos ricos, o drama da assistência médica em curso no Congresso deveria dissipá-las de forma definitiva.
        Agindo com inusitada rapidez, sem convocar audiências e sequer dando tempo para que o Escritório Orçamentário do Congresso fizesse uma análise sequer, a maioria republicana - mantida biênio após biênio pelo gerrymander, desde o segundo biênio do primeiro mandato de Barack Obama - aprovou a toque de caixa um vergonhoso projeto de lei que vai deixar 24 milhões de americanos sem seguro de saúde.
         O Speaker dessa Câmara, Paul Ryan, fez passar verdadeiro monumento à hipocrisia republicana.  A despeito da oposição geral dos grupos com interesses sérios na manutenção de uma ajuda à saúde nos moldes da Lei do Tratamento Custeável, a Câmara aprovou-lhe  substitutivo que vai cortar 880 bilhões de dólares em dez anos de Medicaid que dá assistência de saúde para 74 milhões de americanos pobres, aleijados e velhos. Em 2026, menos 14 milhões de pessoas terão acesso a tal assistência sanitária. Em dez anos, vai cortar os subsídios para o seguro. Essa disposição atingirá mais os velhos e o grupo de baixa renda, que não recebem seguro de seus empregadores. Muita gente não gosta que o ACA (o Obamacare) determina que as pessoas comprem o seguro de saúde ou paguem  multa. Mas sem esse mandato, menos pessoas jovens e saudáveis iriam comprar a cobertura do seguro. Isso conduziria ao fenômeno que os especialistas sanitários chamam de "espiral da morte", eis que os seguradores seriam forçados a elevar os prêmios dos seguros, porque ficariam apenas para atender aos mais velhos e doentes. Destrói as proteções para pessoas com condições de saúde preexistentes.  As proteções que a nova lei daria a essas pessoas não seriam suficientes, eis que as pessoas que nascessem com defeitos de nascença ou que se tornassem enfermos não teriam meios para pagar o tratamento. Torna o seguro menos abrangente.  O projeto da Câmara também permite que os Estados recusem um requisito do Obamacare de que os seguradores cubram uma lista de serviços essenciais. Por exemplo, em certos lugares a gente não terá acesso a tratamento de câncer ou assistência maternal. Tira fundos da Paternidade Planejada. Os deputados republicanos inseriram uma cláusula que tira fundos desta Organização, que cuida de controle do nascimento, exames de câncer e outros serviços para 2,5 milhões de pessoas, na maioria mulheres.
             Apesar dos enormes defeitos e lacunas da nova Legislação, que é sumamente injusta para com os pobres, tampouco os republicanos estão enfatizando que esse monstrengo republicano irá reduzir a arrecadação de impostos em 880 bilhões de dólares em dez anos, de acordo com o CBO (o Escritório do Congresso para o Orçamento)
              Como esse projeto de lei agora vai para o Senado, embora não se possa esquecer que o eleitor deu maioria aos Republicanos na Câmara Alta.  A esperança decerto é a última que morre, e há quatro republicanos moderados no Senado que podem ajudar em derrotar esse terrível projeto. Não há de duvidar-se que Trump e os grupos de extrema direita tudo farão para que esse projeto da Câmara baixa seja aprovado  (que já é chamado de Trumpcare).




( Fonte:  The New York Times )

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