Se alguém ainda tinha
dúvidas de que o Partido Republicano é aquele dos ricos, o drama da assistência
médica em curso no Congresso deveria dissipá-las de forma definitiva.
Agindo com inusitada rapidez, sem
convocar audiências e sequer dando tempo para que o Escritório Orçamentário do
Congresso fizesse uma análise sequer, a maioria republicana - mantida biênio
após biênio pelo gerrymander, desde o segundo biênio do primeiro mandato de
Barack Obama - aprovou a toque de caixa um vergonhoso projeto de lei que vai
deixar 24 milhões de americanos sem seguro de saúde.
O Speaker dessa Câmara, Paul Ryan, fez passar verdadeiro monumento à hipocrisia republicana. A despeito da oposição geral dos grupos com
interesses sérios na manutenção de uma ajuda à saúde nos moldes da Lei do
Tratamento Custeável, a Câmara aprovou-lhe substitutivo que vai cortar 880 bilhões de dólares em
dez anos de Medicaid que dá
assistência de saúde para 74 milhões de americanos pobres, aleijados e velhos. Em
2026, menos 14 milhões de pessoas terão acesso a tal assistência sanitária. Em
dez anos, vai cortar os subsídios para o seguro. Essa disposição atingirá mais
os velhos e o grupo de baixa renda, que não recebem seguro de seus
empregadores. Muita gente não gosta que o ACA (o Obamacare) determina que as
pessoas comprem o seguro de saúde ou paguem multa. Mas sem esse mandato, menos pessoas jovens e
saudáveis iriam comprar a cobertura do seguro. Isso conduziria ao fenômeno que
os especialistas sanitários chamam de "espiral
da morte", eis que os seguradores seriam forçados a elevar os prêmios
dos seguros, porque ficariam apenas para atender aos mais velhos e doentes. Destrói
as proteções para pessoas com condições de saúde preexistentes. As proteções que a nova lei daria a essas
pessoas não seriam suficientes, eis que as pessoas que nascessem com defeitos
de nascença ou que se tornassem enfermos não teriam meios para pagar o
tratamento. Torna o seguro menos
abrangente. O projeto da Câmara
também permite que os Estados recusem um requisito do Obamacare de que os
seguradores cubram uma lista de serviços essenciais. Por exemplo, em certos
lugares a gente não terá acesso a tratamento de câncer ou assistência maternal.
Tira fundos da Paternidade Planejada. Os
deputados republicanos inseriram uma cláusula que tira fundos desta
Organização, que cuida de controle do nascimento, exames de câncer e outros
serviços para 2,5 milhões de pessoas, na maioria mulheres.
Apesar dos enormes defeitos e lacunas
da nova Legislação, que é sumamente injusta para com os pobres, tampouco os
republicanos estão enfatizando que esse monstrengo republicano irá reduzir a
arrecadação de impostos em 880 bilhões de dólares em dez anos, de acordo com o
CBO (o Escritório do Congresso para o Orçamento)
Como esse projeto de lei agora
vai para o Senado, embora não se possa
esquecer que o eleitor deu maioria aos Republicanos na Câmara Alta. A esperança decerto é a última que morre, e há
quatro republicanos moderados no Senado que podem ajudar em derrotar esse
terrível projeto. Não há de duvidar-se que Trump e os grupos de extrema direita
tudo farão para que esse projeto da Câmara baixa seja aprovado (que já é chamado de Trumpcare).
( Fonte: The New York Times )
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