Continua a Procuradora-Geral da República a atuar como uma espécie de
coro na tragédia grega da insurreição popular venezuelana. Como nos antigos
espetáculos de tragédia e comédias, encenadas nos teatros populares da antiga Hellas, a função do coro era a de
sinalizar erros e outras faltas dos personagens do espetáculo. Também a exemplo do coro grego, ela tem liberdade para criticar e apontar erros, mas o poder de
corrigi-los.
Não tem sido outro o papel da Senhora Luisa Ortega Díaz, que vem agindo
como crítica do presidente Nicolás Maduro e das forças de segurança,
assinalando a respectiva inaceitável
violência na resposta às manifestações populares. A Procuradora-Geral tem criticado reiteradamente em suas comunicações essa violência como essência da resposta de Maduro aos
protestos.
A Senhora Ortega Díaz atribui essa tentativa de repressão a
incompreensão das verdadeiras causas
que carregam as pessoas para as ruas e espaços públicos da Venezuela.
Em seu relatório, divulgado nesta 4ª feira dia 24 de maio, em 54 dias de manifestações contra Maduro 55
pessoas morreram, mil ficaram feridas e 2.644 foram detidas.
Na sua apresentação do balanço sobre a crise na Venezuela, a senhora Ortega Díaz declarou que a crise se
resolve "reconhecendo que existe o problema."
Para a Procuradora-Geral, "o
descontentamento social é o resultado da severa crise (que) leva ao
desabastecimento de alimentos, remédios e à insegurança que existe."
Ainda no que tange ao desabastecimento,
Ortega Díaz fez apelo pelo fim dos saques que, no seu entender, alimentam a escassez. E condenou a guerra
de versões sobre as mortes e os boatos por atrapalharem as investigações.
Desde março de 2017, a Procuradora-Geral se distancia do governo Maduro.
Nesse sentido, ela considerou uma ruptura constitucional a sentença que dava ao
Judiciário as funções do Legislativo, que foi de resto derrubada dias depois,
não só pela reação da oposição, mas também pela resposta internacional a este rematado absurdo da administração Maduro.
Na última 4ª feira, mantendo a postura caricata de tribunal a serviço
da ditadura, o Tribunal Supremo de Justiça (que foi superlotado por chavistas
nos primeiros meses do governo Maduro) ameaçou prender oito prefeitos opositores se eles não
impedirem o fechamento das ruas e as barricadas nos protestos.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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