Há grande movimentação
dentro do Partido Democrata em prol de oposição mais agressiva contra o
Governo Donald Trump, com um claro viés para agilizar o seu impeachment. Essa ala de esquerda no partido recebeu mal a designação de
apenas um Conselheiro Especial para cuidar da questão.
Apesar do ótimo curriculum do antigo Diretor do FMI, Robert S. Mueller III,
e da certeza de que há de monitorar de perto o presidente Trump, a ala mais
radical dos democratas quer o impeachment
do 45º presidente, por força de como lidou com os representantes russos, além das irregularidades na última eleição. Por isso, acharam pouco a designação de Conselheiro
especial e não de um promotor especial,
como o foi, v.g., Ken Starr,
que substituíra a Robert Fiske,
nomeado este pela Secretária Janet Reno, considerado demasiado correto e moderado
para ser special prosecutor do
Presidente Bill Clinton.
Ken Starr, pela própria rigidez e
severidade, se marcaria pela perseguição implacável a Bill Clinton e a esposa
Hillary, a quem submeteu inclusive a um grand
jury, para determinar se cometera perjúrio ou não. O processo de impeachment do presidente Clinton foi
até o Senado, mas o promotor especial, malgrado a extrema rigidez e severidade (chegou
a algemar uma das testemunhas favoráveis a Clinton, com o escopo de que se
retratasse) acabou sendo derrotado, pois o impeachment
fracassou no Senado, a maioria dos senadores votando contra. Pelo seu comportamento, Starr mostraria,
dessarte, na questão judicial de Whitewater,[1]
o que não deve ser um promotor especial.
Se a justiça deve prevalecer, igualmente é necessário que haja de parte da
acusação atitude equilibrada, e não a crua e extrema busca de sem quartel lograr condenação a qualquer custo.
Para o Presidente Trump, que por
uma série de atitudes tem mostrado comportamento contrário àquele a ser
observado pelo Chefe da Nação - e em decorrência disso não houve maior oposição
no Congresso a que fosse designado um conselheiro especial para seguir-lhe os atos, monitorá-los, e também para examinar medidas contestáveis, como contactar
o Diretor do FBI a respeito de investigação em curso, cujo resultado pode ser
negativo para Trump. A pessoa escolhida para a função de Conselheiro Especial,
Robert S. Mueller III, não poderia ter melhor nome na atual administração. Não
obstante, Trump se tem manifestado negativamente, e é mesmo estimulado por seu
genro Jared Kushner, a reagir contra
essa marca de desconfiança oficial. No entanto, como os republicanos têm a
maioria na Câmara e no Senado, se coube a Trump um funcionário extremamente
respeitado como é Robert Mueller, o fato de dominarem o Congresso exclui por
ora a nomeação de um Promotor Especial, como foi no caso de Bill Clinton.
No entanto, não há dúvida que Robert
Mueller pelas suas qualidades profissionais e pela sua conhecida seriedade não
será presa fácil para o histriônico Trump.
Os democratas, por sua vez, procurarão ajudar o Conselheiro Especial,
pois o seu escopo é o enfraquecimento progressivo de Donald Trump, tarefa,
aliás, que é sobremodo facilitada pela série de erros e de atitudes pouco
condizentes da parte do atual Presidente. Tampouco lhe ajuda a circunstância de
atacar o Conselheiro Especial, que é personalidade muito respeitada nos
círculos governamentais de Washington.
E é por isso que a maioria dos
democratas - embora desejando o impeachment
de Trump - considera que nas atuais condições é mais prudente e é mais bem
visto seguir de perto o processo, conscientes de que, se dispuser das cordas
necessárias, pelo seu comportamento o atual presidente tenderá a acirrar as
condições para o processo de impeachment.
( Fonte ancilar: The New
York Times )
[1]
O "escândalo" de whitewater iniciou-se com uma investigação do jornal
The New York Times, contra Hillary Clinton e Bill Clinton, por essa empresa com
procedimentos que pareceram ilegais ao jornal nova-iorquino. Sob tal
designação, a dita questão se estenderia por boa parte da Administração de Bill
Clinton, com as consequências acima referidas. Tanto o jornalão de New York,
quanto o severo promotor especial Ken Starr fracassariam, não sem antes - este
último sobretudo - causar muitos problemas ao casal Clinton.
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