Em contraponto com a Procuradora-Geral Luisa Ortega, Maduro afirmou ontem que sua súbita decisão de convocar uma
Assembleia Consti-tuinte era a oportunidade
de "reverter a derrota" sofrida nas eleições parla- mentares
de dezembro de 2015.
Por sua vez, a Procuradora-Geral fez críticas contundentes ao go-verno. Em
entrevista ao Wall Street Journal, ela condenou a violência do Estado contra os
manifestantes, acusou as autoridades de não agirem de acordo com a Lei, e
elogiou a atual Constituição, que, segundo ela, não pode ser melhorada.
"Não podemos exigir
comportamente pacífico e legal dos cidadãos se o Estado toma decisões que não
de conformidade com a lei", disse Ortega.
Maduro revelou, por sua vez, ter
ordenado operações de busca de grupos armados opositores, que, segundo ele,
estariam por trás da violência dos últimos protestos. As perturbações começaram
com a malograda tenta-tiva, há um mês atrás, do Tribunal Supremo de Justiça
(TSJ) de assumir os poderes da AN, voltando atrás logo após, forçado pela
reação internacional, pelo menos 34 pessoas morreram, e cinco desde a madrugada
de ontem.Por outro lado, centenas foram feridas em manifestações que se
apossaram do país.
Entregando à presidente do
Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, o projeto de criação da
Constituinte, Maduro aditou: "O novo pro- cesso irá consolidar a República
e trazer à nação a paz que ela merece."
Maduro reuniu-se com os ditos representantes eleitorais, adian-tando
que a votação será para compor assembleia
com quinhentos membros.
Continuando com os protestos,
quem apoia a oposição ocupou ruas de Caracas para protestar contra a
Constituinte, que na prática é mais uma manobra para evitar a provável
contundente derrota do governo.
Antes de serem bloqueados,
milhares de venezuelanos se reuniram de forma pacífica. Houve confronto com os
jovens mascarados que se postaram na dianteira da marcha. Em seguida
apedrejaram a Guarda Nacional, a que a polícia respondeu com gás lacrimogêneo.
Nos confrontos, dois deputados ficaram feridos: Julio Montoya e o
vice-presidente da AN, Freddy Guevara. No Twitter, Guevara declarou: "Senhor
Nicolas Maduro, anuncio que estou firme e vou seguir em frente. Uma ferida de
sua ditadura é uma medalha de honra."
Ontem a Chancelaria mexicana se uniu a países
da região que condenaram a medida, como Estados Unidos e Brasil: "Qualquer
iniciativa para alterar o sistema constitucional deve ser feita por um órgão
constituído por meio de voto livre, secreto, eficaz e universal".
(
Fonte: O Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário