Ele falou,
e retirou do cadáver a sua espada de bronze, e a colocou de lado. Pôs-se então a retirar-lhe dos ombros a
armadura manchada de sangue.E os demais filhos dos Aqueus correram à sua volta,
e contemplaram a estatura e o encanto de Heitor, e sem dele
acercar-se lhe abriam uma ferida. E
assim um deles falaria, olhando para seu vizinho: "Veja, em verdade, com Heitor
está mais fácil lidar que quando queimou as naves com labaredas de fogo." Assim
aqueloutro falaria, e acercando-se lhe
assestaria outro golpe. Mas quando Aquiles
dos pés rápidos o despojara, então levantou-se entre os aqueus e falou
palavras aladas: "Meus amigos, chefes e senhores dos aqueus, como os
deuses nos concederam a Nós que matasse este homem , que fez muito mal além de toda a força armada dos outros, venham,
para que façamos vigia armada da cidade afim de sabermos se eles abandonarão a
parte alta, ou se estão resolvidos a ficar, mesmo que Heitor não mais esteja
vivo. Mas por que deve meu coração comigo conversar? Ali jaz junto as naves um homem morto por
quem não choram, e está insepulto, que é Patroclus. A ele eu não esquecerei
enquanto estiver entre os vivos, e que meus joelhos sejam rápidos. Não, mesmo
se na casa de Hades os homens olvidam os seus mortos, mesmo assim até mesmo lá eu
recordarei o meu caro camarada. Mas agora cantemos o nosso cântico de vitória,
ó filhos dos Aqueus, retornemos às naves vazias e de lá vamos trazê-lo. (392)
Nós colhemos grande vitória; abatemos o divino
Heitor, para quem os Troianos através da cidade elevam preces como se fora um
deus."
Assim falou, enquanto ao
divino Heitor medita fazer atos indignos. Dessarte, os tendões de ambos os pés
ele os perfura por trás do tornozelo ao calcanhar, a que fixa através de tiras de pele de boi, e
as amarra na sua biga, mas a cabeça ele faz com que seja arrastada. Então ao
montar no carro, e para lá trazendo a gloriosa armadura, ele toca os cavalos com
o chicote para que arranquem, e sem
qualquer hesitação o par se lança a galope.
E do divino Heitor a
quem arrastam se eleva nuvem de poeira, e dos dois lados voam as
madeixas negras, enquanto na terra poeirenta jaz a cabeça antes tão bela. Mas
agora Zeus o entrega aos seus inimigos para que sofra tratamento indigno na própria
terra em que nascera. (404)
(Ilíada, Homero, Canto
XXII, tradução para o inglês de A.T. Murray)
Versão em português, do grego clássico de Homero, colacionado com a tradução em inglês, e o texto original.
de A.T.Murray do responsável pelo blog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário