Temer, acuado, parte para o ataque
contra o algoz Joesley. Fez ontem,
do Planalto, o seu segundo pronunciamento à Nação em três dias.
Temer
não é mau orador, mas está encostado na parede.
Temer impugna de fraudulento o áudio
e pede ao STF a suspensão do inquérito até que seja comprovada a integridade da
gravação de sua "conversa".
Temer chamou de pífia a acusação
de corrupção pela qual é investigado no STF, e ataca Joesley Batista:"O
autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova York. (...)
Não foi preso, não foi julgado, não foi punido e, pelo jeito, não será."
Entrementes, a base parlamentar da
presidência Temer se esvai em vagarosas gotas.
Horas antes do pronunciamento, foi a vez do PSB anunciar a saída da base
aliada.
Em nota divulgada neste último
sábado, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais considerou
"inaceitável" que a Procuradoria Geral da República tenha anexado o
áudio da conversa mantida entre Michel Temer e Joesley Batista sem uma perícia
técnica por peritos federais.
A referida Associação recomendou
"o envio imediato" do áudio e do equipamento usado na gravação para
uma perícia completa no Instituto Nacional de Criminalística. E acrescentou: "Inaceitável que, tendo à
disposição a perícia oficial da União, que possui os melhores especialistas
forenses em evidências multimídia do país, não
se tenha solicitado a necessária
análise técnica no material divulgado, permitindo que um evento de
grande importância criminal para o país venha a ser apresenta- do sem a qualificada comprovação
científica", diz a APCF.
Essa associação diz a respeito
que "ao se ouvir o áudio, percebe-se a presença de eventos acústicos que
precisam passar por análise técnica, especializada e aprofundada, sem a qual
não é possível emitir qualquer conclusão da autenticidade da gravação."
A propósito - e isso não é
nota de pé-de-página - a explicação dada pela Procuradoria-Geral-da-República à
reportagem da Folha é um tanto estranha: assim a PGR considerou que essa era
uma etapa posterior na investigação, depois de aberto o inquérito, e que
eventuais dúvidas poderiam (ser) dirimidas ao longo da apuração. E na
sexta-feira, a PGR afirmou em nota que a autenticidade da gravação
"poderia ser verificada no processo".
Com a devida vênia, tal atitude semelha
demasiado permissiva, eis que se trata
de um Presidente da República, e de sua destituição ou não. Se a gravação é
básica para tal determinação, a sua autenticidade é fundamental, porque não é
cabível acusar um Presidente da República e depois verificar se a acusação é
verdadeira ou falsa.
(
Fonte:
Folha de S. Paulo )
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