domingo, 7 de maio de 2017

Paterson

                                          

         Filme de Jim Jarmusch, premiado em Cannes e Godham, tem enredo aparentemente simples, que espelha o trabalho diário de Adam Driver que acorda pontualmente às sete nos braços da companheira Golshifted Farahari, de onde segue para pegar o trabalho de motorista de ônibus nessa cidadezinha de New Jersey, onde vai colhendo, na calmaria do tráfego dessa pequena cidade, pedaços da comédia e do drama cotidianos.
        Nessa tranquila corrente de um quase lugarejo interiorano, não há engarrafamentos nem atropelo ou pressa desmedida. Enquanto dirige o seu coletivo, Adam vai gravando esses fragmentos, pedaço a pedaço.
         Na calmaria da cidadezinha, a faina não parece estressante, eis que na sua rede de pescador do cotidiano, Adão motorista vai juntando as pepitas das frases do dia-a-dia, com que vai aos poucos tecendo poemas com o fio invisível dos fatos.
        Em cada parada e, até mesmo no ponto final, Paterson que, na corrente de aparência tranquila da vila homônima, todos aparecem - até o fiscal - com os seus trajes modestos do dia-a-dia. Todos são gente, e não os neuróticos bonecos do tráfego e da cidade grande.
       Quem dá - e os ternos abraços da namorada, com as suas fantasias que têm a simplicidade das coisas caras, não tiram o nosso herói do sério, embora possam roer-lhe a carteira.
        E por falar em roer,  temos Myron o cachorro inglês que pode exigir um pouco demais do orçamento do motorista público, além de afetar-lhe com estragos que podem ser dolorosos, mas que para um poeta serão sempre inocentes.

        Como diziam, nas velhas páginas da  revista Manchete já extinta, Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, a poesia é necessária, até mesmo para que se compreenda e conviver- se  possa com os dramas do cotidiano.     

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