Filme de Jim Jarmusch, premiado em
Cannes e Godham, tem enredo aparentemente simples, que espelha o trabalho
diário de Adam Driver que acorda
pontualmente às sete nos braços da companheira Golshifted Farahari, de onde
segue para pegar o trabalho de motorista de ônibus nessa cidadezinha de New
Jersey, onde vai colhendo, na calmaria do tráfego dessa pequena cidade, pedaços
da comédia e do drama cotidianos.
Nessa tranquila corrente de um quase
lugarejo interiorano, não há engarrafamentos nem atropelo ou pressa desmedida.
Enquanto dirige o seu coletivo, Adam vai gravando esses fragmentos, pedaço a
pedaço.
Na calmaria da cidadezinha, a faina
não parece estressante, eis que na sua rede de pescador do cotidiano, Adão
motorista vai juntando as pepitas das frases do dia-a-dia, com que vai aos poucos tecendo poemas com o fio
invisível dos fatos.
Em cada parada e, até mesmo no ponto
final, Paterson que, na corrente de aparência tranquila da vila homônima, todos
aparecem - até o fiscal - com os seus trajes modestos do dia-a-dia. Todos são
gente, e não os neuróticos bonecos do tráfego e da cidade grande.
Quem dá - e os ternos abraços da
namorada, com as suas fantasias que têm a simplicidade das coisas caras, não
tiram o nosso herói do sério, embora possam roer-lhe a carteira.
E por falar em roer, temos Myron o cachorro inglês que pode exigir
um pouco demais do orçamento do motorista público, além de afetar-lhe com
estragos que podem ser dolorosos, mas que para um poeta serão sempre inocentes.
Como diziam, nas velhas páginas da revista Manchete
já extinta, Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, a poesia é necessária, até mesmo para que se compreenda e conviver-
se possa com os dramas do cotidiano.
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