quarta-feira, 17 de maio de 2017

O previsível Trump

                                

        Os jornais regurgitam com informações negativas sobre o  Presidente Donald Trump. E quando se assinala a imprensa, reporto-me àqueles de maior peso, como o New York Times e o Washington Post.
         Já a sua vitória sobre a candidata democrata levantou não poucas dúvidas sobre a estranha maneira com que se construíra.
          Se não é prudente determinar-lhe um causador mor, não há dúvida que boa parte recai sobre o ex-Diretor do FBI, Mr James B. Comey. Não creio que tal se deva à má-fé. De sua parte, houve excessivo desejo de protagonismo, o que se refletiu, sobretudo, na sua desatenção às sábias admonições dos regulamentos do Departamento de Justiça de observar muita cautela em levantar questões políticas na hora da eleição.
           Tampouco  creio que Comey tenha agido de caso pensado, mas de qualquer forma não evidenciou a prudência indispensável que deveria ter observado. Os efeitos de sua excessiva desenvoltura estão aí para ver. De qualquer forma, o mal está feito e quem saíu ganhando mostra a cada dia o quão despreparado está para ocupar a Casa Branca.
          Quando os mares ficam revoltos para o Presidente, o pensamento de Washington tende a olhar mais para o Vice.  Mike Pence é  republicano discreto, como manda o figurino. As extravaganças ficam por conta do atual titular, que delas tem abusado sobremaneira.
          O que mais ameaça a Trump são as suas leviandades como, v.g., partilhar segredos de estado com o Ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, assim como o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak. Se combinou ou não com os russos (no sentido da frase imortal de Garrincha) é outra estória, mas preocupa ver o quão exultantes estão na foto os altos funcionários de Putin.
          Mas não param aí os sinais de alerta. Pede a Comey - a quem demitiria pouco depois - que encerre apuração contra o efêmero Conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn.
          Talvez o pior com Trump seja a sensação de insegurança que transmite semana após semana. E a movimentação no Congresso já não se limita à Oposição, que não controla nem o Senado, nem muito menos a Câmara de Representantes (esta última por causas bem conhecidas, como já nos explicou a grande jornalista política Elizabeth Drew).  Na Câmara baixa, Jason Chaffetz, que é o chairman da Comissão de Supervisão e Reforma governamental, já indica vontade de abrir audiências sobre questões ligadas a Trump e os russos.
              Trump, mal inicia o mandato, já reponta como possível foco de investigações. É verdade que o GOP tem maioria nas duas Câmaras, mas a falta de confiança em Trump como gestor, e, em particular, no que tange ao vertente russo, cresce a cada dia, como testemunha a grande imprensa.
               Entrementes, o Vice Mike Pence dispõe de discrição para dar e vender. A fortiori, quando um Vice comece a ser observado com atenção e é mencionado amiúde pela grande imprensa e a mídia, tal não é nada bom para o Presidente.  Que o diga Richard Nixon.


( Fontes: The New York Times, Washington Post )
                   


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