O que sucedeu na turma 2 do Supremo tem
dois aspectos que não podem ser omitidos. Dias
Toffoli, além de simpatias petistas, tinha ligações com José Dirceu. Em outras plagas, outro
juiz se teria julgado suspeito para votar sobre o ex-ministro, atendido o fato
de que tantos fatores pessoais se achavam em jogo.
Quanto a Ricardo Lewandowski, recordamos os embates com o Ministro-relator
da Ação Penal 470, o famoso Mensalão,
e o quanto Joaquim Barbosa penou diante
do revisor Lewandowski, que, na opinião de muitos, procurou atrasar ao máximo
os trabalhos.
Também
o papel de Lewandowski que, enquanto Presidente do Supremo, presidiu os
trabalhos da fase final do julgamento
do impeachment de Dilma Rousseff.
Surpreendeu-nos Sua Excelência, com uma inovação que foi o fatiamento das penas desse impeachment,
o que pareceu a muitos inconstitucional, a despeito da extrema originalidade
jurídica da medida. Havia decerto uma
veia irônica no procedimento, eis que ali estava Ricardo Lewandowski enquanto presidente do STF, como
por tradição jurídica a legislação determina nesses casos. A premissa do
legislador constitucional me parece ser a de colocar no processo constitucional
do impeachment, a maior autoridade jurídica
do momento, que é sem dúvida o Presidente do Supremo. Ele estava então ali para
preservar a autoridade jurídica no seu mais alto nível, o que presumiria evitar manobras que deformassem
o julgamento.
Agora, na Câmara 2, formou-se a
trinca temível. Em poucos dias, abriram as portas da cadeia do bom juiz Sérgio
Moro, e já liberaram tres presos da Lava-Jato:
José Dirceu, e na primeira leva, João Carlos Bumlai e João Claudio Genu
(PP).
Entende-se melhor agora porque o
finado Teori Zavascki já pensara em
recorrer ao pleno do Supremo. Resta verificar se o movimento se deve a mais uma
mudança de posição do Ministro Gilmar Mendes,
que tem problemas de comportamento com o atual Procurador-Geral da República,
Rodrigo Janot Monteiro de Barros.
Sem
querer prejulgar, ambos atravessam fase de relações difíceis, o que é de
lamentar-se, eis que dada a importância atual respectiva dessas duas altas autoridades, o interesse está em que, na medida do
possível, haja certo nível de entendimento entre ambos.
O Ministro Gilmar Mendes que é um dos membros mais antigos do
Supremo, dispõe de intelecto e conhecimento jurídico invejáveis. Depois de
apoiar, em fatos e palavras a Lava-Jato,
agora Sua Excelência parece vê-la de outra forma. Está contribuindo, na Câmara
Dois do STF a um mini-levante contra a Lava-Jato.
O Ministro Gilmar Mendes como homem
inteligente e culto, tendo já muito colaborado, tanto no Mensalão, quanto na Lava-Jato
para dar-lhe condições de firmar-se, o que é, de resto, a vontade unívoca da
grande maioria do Povo Brasileiro.
Outro grande membro do Supremo,
apesar de ser um dos mais recentes - o Ministro
Edson Fachin - tem demonstrado a própria sensibilidade e o interesse
jurídico em preservar a Lava-Jato, que atravessa no momento a mais séria tentativa de contestação. Bem agiu
o Ministro Fachin resolvendo seguir a mesma trilha do seu grande antecessor, Teori
Zavascki.
As votações da Lava-Jato são demasiado importantes para
que caíam vítima de conjunção afortunada de votos de tendência contrária
(notadamente Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski). Quanto ao Ministro Gilmar Mendes prefiro não
apressar-me em avaliações que podem ser prematuras. Por isso, agiu com muita
oportunidade e precisão o Ministro Fachin, na sua condição de responsável pela Lava-Jato, ao resolver seguir a
orientação de seu grande e saudoso antecessor.
A Lava-Jato é importante demais para o Brasil, para que ela mereça o
tratamento que ela vem recebendo da Segunda Câmara. Essa afortunada maioria não
corresponde, estou certo, ao pensar da real maioria de nosso Supremo. Com
efeito, a Segunda Câmara tem aberto as grades da cadeia com grande, quiçá
demasiada, desenvoltura.
A Lava-Jato - que tem pago
o preço dessa que se poderia definir
como revolução de palácio (aquelas que decorrem das circunstâncias eventuais em
um grupo pequeno, mas determinado) - é,
por isso, importante demais para ser jogada às feras. Quando Renato Duque e Antonio Palocci acorrem
pressurosos, este último inclusive abandonando a idéia da delação, acicatado
pelo luzeiro da possível liberação, algo muito errado pode ocorrer com este
símbolo do querer nacional, que é a Lava-Jato.
A Lava-Jato
é importante demais para o Povo
Brasileiro e para todos aqueles intentos em restabelecer a Justiça Plena no
Brasil, se a julgarmos uma operaçãozinha como as outras do passado, suscetível
de receber os desdouros que lhe são pespegados por câmaras em que o reduzido
número faz com que minorias se transformem em maiorias, para todos os efeitos.
É tempo de olharmos em
torno, e de defender o grande princípio, que é a preservação da Lava-Jato como repositário das esperanças
do Povo Soberanos e de nós todos, que nos propomos continuar no caminho
iniciado pelo Ministro Joaquim Barbosa.
Quando já se vê o sol
fulgir, não é hora de abandonar o Juiz Sérgio Moro e todos os
demais partidários da Lava-Jato, que, em última
análise, constituem a Esperança do Povo
brasileiro.
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