Parece que o
presidente Donald Trump está esquecendo o que significa liderar.
Dentro do contexto internacional, é
necessário - mais ainda do que no plano interno - o que se chamaria um
pré-consenso. Em outras palavras, as partes de acordo, no caso internacional,
serem movidas por princípios básicos que informam o acordo geral. Se um dos
países tiver dúvidas acerca de determinados tópicos, e se este país ocupar posição
de liderança, ele carece de verificar se
os demais - ou a maioria dos membros - estão dispostos a rever a respectiva
posição.
Vamos começar do mais simples. No ano
passado, o Acordo Geral do Clima em Paris enfatizou que havia consenso bastante
amplo quanto à validade de seus princípios.
Por isso, diante das esdrúxulas posturas do
novo governo americano - negacionista quanto ao aquecimento global e com um
resoluto pé atrás em termos de medidas internacionais (e nacionais) que busquem
combater fatores poluentes (como a indústria do carvão) - será mandatório
reconhecer que o governo direitista republicano encimado por Trump assumiu uma
postura nacional e internacional que está na contra mão de um consenso
generalizado sobre a necessidade de tudo fazer para evitar que continue o
desastroso incremento da temperatura média global do planeta.
Negar o aumento global da temperatura
média mundial é adotar posição insustentável sob o aspecto científico. Não
estamos mais em período em que tal asserção possa ainda ser interpretada como
válida. Ou se trata (a) de país atrasado, em que as ciências não recebem a
atenção devida, ou então a comunidade internacional se defronta com postura de
má-fé (b).
Como não é possível incluir os
Estados Unidos sob a alínea (a),
defrontamos a hipótese (b), que se aplica caso a Administração Trump se
obstine na senda negacionista (ou, se recuse a assinar o Acordo Geral do Clima,
firmado em Paris).
Mas o aspecto nocivo das posturas
desse governo Trump, não se limita à
questão do clima, ou ao meio ambiente em geral
Há um outro setor, este
relativamente mais complexo, em que a posição da Administração Trump, se
convive filosoficamente com o negacionismo da anterior, pode a princípio
parecer mais complexa, posto que na verdade ela possa ser bastante singela e
até simplista nas suas premissas, que estão igualmente na contramão da
História, posto que pareça aos menos avisados que ela participe do
livre-arbítrio político de um novo Governo.
Causou desconforto em líderes europeus,
como Angela Merkel, que ao invés de celebrar o septuagésimo aniversário da
Organização do Atlântico Norte (OTAN), Donald Trump tenha, a par de dissociar-se
de premissas básicas dessa organização (em que a ameaça a um membro é uma
ameaça a todos), procurou ralhar mais os membros-partícipes, do que forjar um
reforço à aliança comum (que pelo visto vem funcionando a pleno contento, além
de representar para os pequenos países - como aqueles que estão na faixa do
estrangeiro-próximo, que é a designação que o urso russo dá àquelas nações que
se inserem na sua esfera de influência).
Só a História dirá até que ponto
a Rússia prevaleceu na sua óbvia preferência por alguém que, ao contrário da
maioria dos seus demais concidadãos, tem marcada preferência pela amizade com
Vladimir Putin. Até hoje, resta difícil para engolir tanto a derrota de Hillary
Clinton, personalidade muito mais preparada do que o adversário republicano,
quanto até que ponto a sua ligação com Moscou terá sido determinante no grau da
suposta intervenção russa na eleição geral americana do ano passado. Dada a
garrafal diferença entre os dois candidatos, o Conselheiro especial que foi
recentemente nomeado poderá avançar mais para que, com a ajuda de outros
organismos, como o F.B.I., se possa talvez entender melhor porque uma
personalidade tão esdrúxula quanto Trump pôde ter ganho de Hillary na votação
indireta (perdeu no voto popular). É um enigma que seria muito útil decifrar,
antes que ele devore os princípios básicos que norteiam a Aliança Ocidental...
( Fonte: The New York Times )
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