Na América Latina, o regime instaurado
por Nicolás Maduro é o da tortura sistemática aos opositores.
Um dos principais líderes da oposição,
Leopoldo López, está preso em cadeia
pública há mais de dois anos. Ultimamente, até as visitas da esposa foram
proibidas. Sem culpa formada - a acusação é a de haver organizado as passadas
manifestações populares - ele continua preso, em condições precárias.
No entanto, a situação de desrespeito
sistemático dos direitos humanos é uma das características do chavismo sob o
governo de Nicolás Maduro.
Já são sobremodo conhecidas as
condições sociais prevalentes sob este segundo e desastrado régulo da
Venezuela. Agora, além do desabastecimento (falta de tudo no comércio -
mercados e farmácias) e da hiperinflação, o governo Maduro - um dos mais
ineptos, corruptos, violentos e cruéis da América Latina (só lembra e pra pior
as ditaduras homicidas do Cone Sul, nas décadas entre sessenta e oitenta)
pretende dominar uma população inteira através do medo e da tortura
sistemática.
Eis uma amostragem do rol de
"bondades" deste regime chavista corrupto: asfixia com sacolas de
plástico, choques elétricos nas partes sensíveis do corpo, surras violentas,
estupros e isolamentos em calabouços durante período de até três anos. Muitos
dos infelizes dessas torturas selvagens sofrem de lesões permanentes, ficando
para os casos ditos leves as neuroses.
Diante de tanta malignidade,
surpreende o esforço individual de jovem advogada Tamara Sujú, que teve de
abandonar a Venezuela sob ameaças reais à própria vida. Está exilada desde 2014
na República Tcheca. O grande desafio que se colocou é o de abrir no Tribunal
Penal Internacional (TPI) processo sobre
a tortura sistemática na Venezuela, como mecanismo intimidatório para o
controle da sociedade civil.
Nas últimas semanas, sob o látego de
uma insurreição civil que se alastra na Venezuela, acirrada pelas péssimas
condições de vida, a tortura ampla e com escopo intimidatório é utilizada sem
ulteriores peias, como meio de controle, por um Estado podre e corrupto, da
crescente insatisfação popular diante de péssimas condições de vida.
Com o passar do tempo, e a falta
de quaisquer controles dos órgãos judiciários - que na verdade são cúmplices da
ditadura - na descrição da advogada
"a tortura é permanente e hoje é usada pelas forças de segurança
contra pessoas de todas as idades -
menores e idosos incluídos - sem exceção de sexo, profissão, condição social e
até mesmo presos com deficiências físicas."
Para conseguir a colimada
autorização do TPI, a advogada deve provar que as torturas são sistemáticas e
vêm sendo usadas há vários anos.
O processo da tortura relembra o
vício em estupefacientes, porque uma vez começado não mais se detém, como se
fora um vício de drogas pesadas. No
entanto, ao contrário da submissão a que condiciona o organismo no caso das
drogas mais fortes, esse processo se alimenta das vítimas. Nas palavras da
advogada Tamara "o que estão fazendo é escandaloso, torturam pais na
frente dos filhos, grupos inteiros de presos. Em muitos casos, os detidos são
torturados e usados para abrir processos contra dirigentes políticos".
Tamara Suju foi forçada a
abandonar a Venezuela quando as ameaças e denúncias de traição à pátria e
tentativa de desestabilização "se tornaram insuportáveis".
Mais tristes ainda do que as
descrições da advogada que batalha
com o cerceamento de meios que usualmente acompanha a faina de pessoas como
Tamara Suju, a quem as dificuldades impostas pelo TPI e organismos congêneres
costumam ser bastante mais complexas e difíceis,do que aquelas impostas aos
Estados que resolvam levantar tais procedimentos junto ao TPI e órgãos
similares.
É de estarrecer o que o Señor
Maduro está fazendo em termos de desrespeito grave aos direitos humanos, mas
surpreende ainda mais que um conjunto tal de infrações pesadas, de lesões
(muitas das quais permanentes) e de assassínios nas enxovias, pois só rematado
ingênuo há de imaginar que tanta perversidade até agora não tenha matado nem
causado graves lesões permanentes aos
infelizes que por um objetivo nobre - a luta pela democracia na terra de
Bolivar - caiam vítima de degenerados como o Señor Nicolás Maduro, e a caterva
de seus sicários, sem que nenhuma democracia latino-americana sequer levante um
reclamo, e movimente as instâncias ditas competentes. Adaptando a velha
estória, não adianta manter relações em nível pleno com tais bandidos
degenerados, nem fingir que não é com eles. Porque, por uma infinidade de
razões, esse desrespeito ao direito das gentes tem de ser denunciado, coibido
sempre que possível, e corrigido com severidade, se necessário.
( Fonte: O Globo )
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