segunda-feira, 1 de maio de 2017

A Tortura sob Maduro

                         

         Na América Latina, o regime instaurado por Nicolás Maduro é o da tortura sistemática aos opositores.
         Um dos principais líderes da oposição, Leopoldo López, está preso em cadeia pública há mais de dois anos. Ultimamente, até as visitas da esposa foram proibidas. Sem culpa formada - a acusação é a de haver organizado as passadas manifestações populares - ele continua preso, em condições precárias.
          No entanto, a situação de desrespeito sistemático dos direitos humanos é uma das características do chavismo sob o governo de Nicolás Maduro.
          Já são sobremodo conhecidas as condições sociais prevalentes sob este segundo e desastrado régulo da Venezuela. Agora, além do desabastecimento (falta de tudo no comércio - mercados e farmácias) e da hiperinflação, o governo Maduro - um dos mais ineptos, corruptos, violentos e cruéis da América Latina (só lembra e pra pior as ditaduras homicidas do Cone Sul, nas décadas entre sessenta e oitenta) pretende dominar uma população inteira através do medo e da tortura sistemática.
           Eis uma amostragem do rol de "bondades" deste regime chavista corrupto: asfixia com sacolas de plástico, choques elétricos nas partes sensíveis do corpo, surras violentas, estupros e isolamentos em calabouços durante período de até três anos. Muitos dos infelizes dessas torturas selvagens sofrem de lesões permanentes, ficando para os casos ditos leves as neuroses.
           Diante de tanta malignidade, surpreende o esforço individual de jovem advogada Tamara Sujú, que teve de abandonar a Venezuela sob ameaças reais à própria vida. Está exilada desde 2014 na República Tcheca. O grande desafio que se colocou é o de abrir no Tribunal Penal Internacional (TPI)  processo sobre a tortura sistemática na Venezuela, como mecanismo intimidatório para o controle da sociedade civil.
           Nas últimas semanas, sob o látego de uma insurreição civil que se alastra na Venezuela, acirrada pelas péssimas condições de vida, a tortura ampla e com escopo intimidatório é utilizada sem ulteriores peias, como  meio de controle, por um Estado podre e corrupto, da crescente insatisfação popular diante de péssimas condições de vida.
             Com o passar do tempo, e a falta de quaisquer controles dos órgãos judiciários - que na verdade são cúmplices da ditadura - na descrição da advogada  "a tortura é permanente e hoje é usada pelas forças de segurança contra pessoas de todas as idades  - menores e idosos incluídos - sem exceção de sexo, profissão, condição social e até mesmo presos com deficiências físicas."
              Para conseguir a colimada autorização do TPI, a advogada deve provar que as torturas são sistemáticas e vêm sendo usadas há vários anos.
              O processo da tortura relembra o vício em estupefacientes, porque uma vez começado não mais se detém, como se fora um vício de drogas pesadas.  No entanto, ao contrário da submissão a que condiciona o organismo no caso das drogas mais fortes, esse processo se alimenta das vítimas. Nas palavras da advogada Tamara "o que estão fazendo é escandaloso, torturam pais na frente dos filhos, grupos inteiros de presos. Em muitos casos, os detidos são torturados e usados para abrir processos contra dirigentes políticos".
               Tamara Suju foi forçada a abandonar a Venezuela quando as ameaças e denúncias de traição à pátria e tentativa de desestabilização "se tornaram insuportáveis".   
                Mais tristes ainda do que as descrições da advogada que batalha com o cerceamento de meios que usualmente acompanha a faina de pessoas como Tamara Suju, a quem as dificuldades impostas pelo TPI e organismos congêneres costumam ser bastante mais complexas e difíceis,do que aquelas impostas aos Estados que resolvam levantar tais procedimentos junto ao TPI e órgãos similares.
                 É de estarrecer o que o Señor Maduro está fazendo em termos de desrespeito grave aos direitos humanos, mas surpreende ainda mais que um conjunto tal de infrações pesadas, de lesões (muitas das quais permanentes) e de assassínios nas enxovias, pois só rematado ingênuo há de imaginar que tanta perversidade até agora não tenha matado nem causado graves lesões permanentes aos  infelizes que por um objetivo nobre - a luta pela democracia na terra de Bolivar - caiam vítima de degenerados como o Señor Nicolás Maduro, e a caterva de seus sicários, sem que nenhuma democracia latino-americana sequer levante um reclamo, e movimente as instâncias ditas competentes. Adaptando a velha estória, não adianta manter relações em nível pleno com tais bandidos degenerados, nem fingir que não é com eles. Porque, por uma infinidade de razões, esse desrespeito ao direito das gentes tem de ser denunciado, coibido sempre que possível, e corrigido com severidade, se necessário.



( Fonte: O Globo )

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