terça-feira, 3 de abril de 2018

Serão Vozes do Passado ?


                                   

          À primeira vista, parece que se está lendo um jornal de outros tempos tirado de algum arquivo.  A linguagem traz com ela a relembrança de uma era que, para muitos, com idade bastante de tê-la ouvido, parece saída de algum filme de época.
          E, no entanto, por uma série de circunstâncias, as palavras são atuais, ainda que trazidas por entrevista de general-de-exército Luiz Gonzaga Schroeder Lessa, já na reserva.
         No entender de Schroeder Lessa, se o STF deixar Luiz Inácio Lula da Silva solto, estará agindo como "indutor" da violência entre os brasileiros "propagando a luta fratricida, em vez de amenizá-la."
         Mas, segundo o Estado, o general Lessa foi além:  'se o tribunal permitir que Lula se candidate e se eleja presidente, não restará outra alternativa do que a intervenção militar'.  E acrescenta: "Se acontecer tanta rasteira e mudança da lei, aí eu não tenho dúvida de que só resta o recurso à reação armada. Aí é dever da Força Armada restaurar a ordem. Mas não creio que chegaremos lá."

        Há um óbvio desconforto na área militar, e tal explica em parte as declarações de Lessa.  Nesse sentido, a manifestação desse general da reserva não é uma voz isolada, que nos chega do deserto.  Nesse sentido, o general Paulo Chagas, pré-candidato ao governo do Distrito Federal, assim se expressa: "Nosso objetivo principal nesse momento é impedir mudanças na Lei e colocar atrás das grades um chefe de organização criminosa já julgado e condenado a mais de doze anos  de prisão que, com o respaldo desse supremo fortim (o STF)  tem circulado livre e debochadamente por todo o território nacional, contando mentiras, pregando o ódio e a luta de classes".
           Por sua vez, o general Lessa já havia se manifestado na semana passada na Rádio Bandeirantes: "a confrontação não será pacífica. Vai ter derramamento de sangue, infelizmente é isso que a gente receia." A propósito,  acrescentou  que essa crise "vai ser resolvida na bala".  Entrevistado, ontem, pelo Estado, declarou: "O que querem no momento é abdicar da Justiça e fazer politicagem na mais Alta Corte do País."

           Lessa foi comandante militar do Leste e da Amazônia, e presidente do Clube Militar. "Vejo o general Villas Bôas (comandante do Exército)  preocupado com o estado atual e defendendo solução pela via democrática, constitucional, pois a interferência das Forças Armadas, sem dúvida vai causar derramamento de sangue." Ao ler tais declarações, se tem de novo a impressão de uma volta no tempo...                                                                                                                 ( a continuar ?)               
( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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