quinta-feira, 5 de abril de 2018

Festa no Necrotério ?


                                       

         Pode haver atmosfera conducente à discussão política, à troca de idéias sobre o futuro do país, e, em particular, se inexiste qualquer perspectiva, traduzida em medidas eficazes, dos órgãos políticos, em um porvir que não se cinja à cínica instrumentalização do poder, seja nos barrios, de onde saíu a fraudulenta Constituinte, de Delcy Rodriguez,  cuja fajuta votação foi contestada pela própria organização europeia que se prestara a dar-lhe a instrumentalia para a sua fictícia votação ?
           A autoridade chavista cuidou de manter sob vigia na miséria desses favelões e, em certos casos, sob controle, os nefandos coletivos (armados pelo mesmo poder chavista) e que são as milícias do crime oficializado, dentre a rede de associações e entidades que implementam o controle de sociedade que se proletariza na massa miserável, não como a algum infeliz que role na ribanceira,  mas que é objetivamente a tal empurrado. A ignorância não é direito adquirido, mas algo que lhes é jogado e enxovalhado, como pelas deficientes escolas, hoje patéticos arremedos de iniciativas que se propunham virar o jogo da miséria e da ignorância. 
             Em atmosfera rústica, sem qualquer laivo romântico ou sentimentalóide,  eles estão empenhados na cultura da boçalidade e de uma vida sem qualquer objeto ou ambição. Refletem, sem o saber, a violência hobbesiana de mundo que já lhes nasce hostil, e para o qual estão votados a serem enterrados nas covas rasas que lhes reserva existência sem outro sentido que o da morte tão estúpida, quanto prematura, com que lhes regala este mundo despojado de qualquer esperança, além da certeza de um breve, final estrebuchar, n'alguma viela em que as tétricas luzes mais parecem sombras do inferno que sôfregas por eles anseiam, em turva e mórbida espera, sob os estúpidos golpes de alguma rixa miserável e sem qualquer outro sentido, que o da desenfreada bestialização que os cerca, os constrange e os carrega para funduras que o próprio diabo enjeitaria. 
           Nesse contexto em que a miséria se despoja de qualquer contorno de existência singela e porventura rústica, deparamos mais uma das visões dantescas da realidade que Nicolás Maduro trouxe para a terra de Bolívar.
           É nesse quadro de horror, insuflado pelo crime e por bestial visão da realidade que se vai encenar a eleição na qual Henri Falcon se lança, com a mesma disposição fatalista do grande mago Hudini,  que tanta fama granjeara pela sua audácia em enfrentar o desafios por ele engendrados.  Sabemos da morte horrenda de Hudini, estupidamente sufocado por geringonças que ele próprio criara.  
               Há desafios e existem loucuras insanas, que não valem  uma gota de suor. Tudo a que Maduro se dispõe afrontar são jogos cruéis em que o adversário não tem chance alguma.  O processo eleitoral desse adversário mostra o que lhe espera em termos de desconforto e de outros perigos que a entidade eleitoral venezuelana já lhe prepara com o zelo e o carinho que se sói reservar aos pior dos inimigos. Na farcesca campanha eleitoral a que se presta, já se deparam os incidentes adrede preparados.
                  Quem derrotará Maduro será a imensa, nefanda crueldade com o próprio Povo, a quem submete aos horrores,  não só da fome, mas também da falta absoluta de recursos, como já se via no crepúsculo de Hugo Chávez, e agora se apresenta com a sutileza da miséria, da fome, da destituição de tudo o que faz o ser humano vencer a doença, a inanição ou qualquer afecção como as que assaltam a todos os infelizes pacientes dos hospitais, não só despojados de eventuais remédios, mas também de tudo aquilo que aproveitar possa ao pobre  homem e à infeliz criança para tentar vencer todo gênero de sofrimento e atroz moléstia, que na verdade apenas surgem pela intrínseca maldade do poder chavista, que apenas não é sádica pelo poder mental que tal exige.
                    Mas quando chegará esse momento para don Nicolás Maduro, que pensa poder permanecer nos palácios a que imagina possível ser reconduzido pela fraude generalizada do Estado chavista, enquanto reserva a miséria para o Povo, e os muitos recursos para o poderoso Exército, de forma a que, contra tudo e contra todos, possa ele continuar no mesmo Palácio a que o tenente-coronel Hugo Chávez em uma ausência no exterior do então Presidente Carlos Andrés Pérez tentara investir, para mais tarde colher os frutos  do golpe fracassado?  

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