terça-feira, 24 de abril de 2018

O mito da Cidade Maravilhosa


                               
         Tenho escrito muito sobre o Rio de Janeiro, como costumava ser visto no passado, mesmo nos século XIX e XX. E essa Cidade Maravilhosa foi imortalizada na marchinha de André Filho.

          Na segunda metade do século passado, surge um novo Rio. Por primeira vez, desde muitos séculos, deixa de ser a capital. A marchinha vira espécie de hino do Rio de Janeiro, e seria muito tocada no encerramento dos bailes de carnaval.
         Essa marchinha constituía visão otimista, quase ingênua da gente, da cidade e do seu entorno.
          Como visão de época - e  decerto levantarei escudos saudosistas ao dizê-lo - ela continua a valer, enquanto representação de momento esplendoroso na trajetória dessa metrópole. Sem embargo, toda e qualquer  sua conexão com o Rio, não tem mais espaço na realidade.

           Talvez  já esteja levantando qualquer coisa que não mais existe  e, como outras marchinhas e sambas, que associamos ao Rio de Janeiro e ao entorno carioca, terão o mesmo destino. A propósito, o poeta francês Jean Villon, do fim do Medievo, evoca essa nostalgia passadista, no célebre verso où sont les neiges d´antan? [1]
           Para mim, carioca adotivo,  não há grande mal nisso. Visitar o passado é uma ilusão que costuma ser prazerosa, desde que não nos deixemos levar ou iludir por tais representações.          


[1] (mas) onde estão as neves de outrora?

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