terça-feira, 3 de abril de 2018

A Decadência do Chavismo


                                  
 
         Segundo assinala o Estado, uma das revistas mais prestigiosas da intelectualidade, Les Temps Modernes, criada (em 1945) por Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, sai em sua edição trimestral com análise crítica ao chavismo.
          Dada a seriedade dessa publicação, dirigida atualmente por Claude Lanzmann, que sucedeu a Simone de Beauvoir,   a análise feita pela edição trimestral é mais um prego na demagogia do chavismo.
          Nesse sentido, a antropóloga Paula Vásquez Lezama,  pesquisadora  do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), informa o leitor  que a revista versa o desmoronamento do projeto político de Hugo Chávez "que se tornou  uma tragédia social, política, econômica e humana para a Venezuela".
           No que concerne à promessa chavista de mudanças estruturais, feita pela revolução bolivariana, segundo Lezama, ela trouxe "resultados desastrosos para a população, em particular para as classes menos favorecidas".
            Se a queda nas cotações do petróleo ajuda a explicar a decadência, segundo Lezama está longe de ser a única razão.  Entre 1999 e 2011, o valor do barril de petróleo passou de US$ 16 a US$ 101 com uma cotação média de US$ 49,3, o que catapultou a economia venezuelana."Nenhum outro presidente da Venezuela  se beneficiou de um boom de tal amplitude", segundo frisa a autora,  mas essa situação não impediu  a PDVSA, a empresa estatal do petróleo,  a se tornar deficitária, com um patrimônio obsoleto.
              A par disso, em uma decisão das mais falhas, a produção pelo país de produtos não-petrolíferos foi desmantelada,  o que causou a escassez de alimentos, medicamentos e bens de consumo, com graves consequências "para setores populacionais mais vulneráveis".
               Como é amplamente sabido, por uma série de circunstâncias, causadas por Hugo Chávez e o seu também inepto sucessor,  Nicolás Maduro,  nos últimos cinco anos  a inflação se transformaria na tragédia da hiper-inflação, a ponto de que o movimento inflacionário seja o mais alto do planeta.
               Na tragédia da Venezuela,  as desapropriações, a tentativa de regulamentação dos preços, a corrupção deslavada e a  repressão política à oposição são fáces intercambiáveis em uma situação totalmente fora de controle.  O PIB caíu doze porcento em 2017.     
               O autoritarismo do regime só tem crescido.  Não surpreende, por isso, que o regime chavista tenha perdido sua legitimidade.

( Fonte: O Estado de S. Paulo  )

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