O
Chavismo, movimento esquerdista
sindical, lançado por Hugo Chávez com a tentativa de golpe
de fevereiro de 1992, contra o presidente Carlos
Andrès Pérez (CAP) e sua assunção ao poder em 1999, teria, entre outras
muitas, também desastrosas consequências para a produção petrolífera da
Venezuela.
As
chamadas 'escolhas' de Chávez seriam ruinosas para a pátria do Libertador Bolívar, e se refletem em
série negativa de opções, a partir da respectiva tomada do poder, macro-ilusões
de incremento de peso político e de influência continental, até desembocarem na
pior de todas as 'dádivas' à Venezuela, i.e., transferir o poder do leito de
morte para o 'herdeiro' Nicolás Maduro, o que lhe garante a
'vitória' na eleição subsequente
contra o candidato democrata, Enrique Capriles, isto já em 2013.
Que importará para o futuro que o
'triunfo' de Maduro contra Capriles haja sido ultraduvidoso? De qualquer forma,
tendo presente a força popular de Enrique Capriles, a estrutura do poder
político chavista cuidou de decretar, a seguir, e por motivos de escassa
credibilidade, a suspensão dos direitos eleitorais do democrata Capriles,
demasiado bom de voto para ser enfrentado em eleições futuras...
Decerto, dentre as muitas 'iniciativas'
do demagogo Hugo Chávez Frias, a mais estúpida e com ultra-nefastas
consequências, será aquela de 2003, em que o caudillo substitue a
administração profissional da Petróleos de Venezuela Sociedade Anônima (PDVSA) por
indicações políticas de companheiros chavistas!
É difícil encontrar na história, em
termos de opções econômicas, um erro grosseiro deste porte, e que terá os
previsíveis e ultradesastrosos resultados para a economia da Venezuela. A
"política" de Chávez, hoje revista, representa a aplicação grosseira
da fábula da cigarra, e que pela série de investimentos estúpidos e pelo esbanjamento
das reservas de seu país, na perseguição de quimérica influência político-diplomática
na América Latina, na verdade lança as bases de o que realmente representará
para a antes opulenta Venezuela, na sua antipolítica de perseguição de
prestígio continental, através do desperdício das rendas do petróleo (única
renda de peso para as finanças da Venezuela).
O que me permita o leitor, não é um excurso, mas uma visão da política de
Chávez, que se traduz na inacreditável hübris
de ignorar todo o conhecimento agregado pela PDVSA. A Venezuela é um dos
países com maiores reservas de petróleo no mundo, e por isso, as
administrações, democratas ou não, da pátria de Bolívar, jamais ousaram
entregar a direção da Estatal, assim como os quadros respectivos competentes
nas decisões técnicas no aproveitamento dos campos do ouro negro, a pessoal que
não dispusesse de títulos profissionais e experiência de gestão à altura da
experiência no campo petrolífero dessa grande empresa.
Dada a
imprudência, leviandade ou crassa burrice
de quem iria derrubar o regime democrático na Venezuela - pensando
aproveitar-se de uma das muitas viagens do presidente Carlos Andrés Pérez (CAP)
em fevereiro de 1992 - a tentativa do então tenente-coronel Hugo Chávez Frias gorou,
mas deixou funda marca no regime democrático desse país, que durante muitos
anos, junto com a Colômbia, tinham sido os únicos bastiões da liberdade em
terras da América do Sul, então sob a noite longa do domínio castrense.
Há nessa questão uma ironia demasiado
grande que carece de ser vincada e de forma profunda. Mexer na administração da PDVSA,
como se se tratasse de alguma questão que reclamasse mudança urgente, reflete,
e com caracteres pesados, da torpeza e da inimaginável leviandade que o novel presidente Chávez então evidencia.
Sendo abundante e um dos melhores do
mundo em qualidade, agride a inteligência que qualquer governante, para ganhar
alguns postos suplementares em termos de colocações políticas, vá pensar em
instrumentalizar as diretorias técnicas
e o pessoal especializado em geral da
PDVSA. O petróleo, se não era a
monocultura em termos de exportação da Venezuela, constituía sem dúvida o óbvio
fundamento econômico das exportações deste país, por onde entravam as divisas
em termos de criar as condições mínimas de sustentação da economia.
Por força do abandono técnico que
resultou deste magno equívoco de Chávez, a decadência da PDVSA passou a
acentuar-se com o avanço dos anos de incúria e de falta das atenções mínimas
que a extração de um petróleo de alta qualidade (e por conseguinte, de maior
valor intrínseco) exige, a produção
nessa virtual monocultura a que a leviandade de uma parte, e as ulteriores
consequências por ela geradas determinam de forma inelutável, em meio à megacrise gerada pela incompetência
de Maduro et al., a par dos efeitos determinados pelo erro Ur, vale dizer a entrega do petróleo da
Venezuela a pessoal não habilitado, tudo isso constitui uma parte - e de grande
relevância - no quadro dantesco da atual economia da infeliz Pátria de Bolívar.
O limitado Nicolás Maduro não passa
de uma cópia-xerox e mal tirada de seu protetor. Além de faltar-lhe carisma,
não tem condições de prevalecer politicamente na Venezuela, a não ser pelas
vias da intimidação e da miséria. Nesse contexto, vale a pena lembrar o flagelo
da híperinflação, que inviabiliza qualquer economia.
Além dos elogios petistas, que viram até
qualidade na sua fajuta Constituinte dos
Bairros (proletários), com
representantes eleitos pela fraude, conforme documentada pelo própria empresa
suiça que providenciou a instrumentação da "convocação" dos eleitores
fantasmas, com que Maduro, através de Delcy
Rodriguez, realizou a manobra canhestra de substituir a Assembleia
Legislativa com maioria da oposição, por essa Constituinte fantasma. Pouco
importa que, por trás desses "constituintes", não haja qualquer legitimidade. O único partido a saudar esse triunfo de
Maduro foi aquele presidido pela nossa conhecida Coelhinha
do PT...
Para esse vinte de maio p.f.
está marcado o encontro com mais um pleito amainado,
e que o ex-prefeito de Caracas veio ao Brasil pleitear-nos o apoio (contra esse
regime deletério e narco-sindicalista) que infelizmente não recebeu do atual
sucessor de Rio Branco, Ministro Aloisio Nunes. Decerto, de pouco adiantam tais
apelos de parte do líder oposicionista Antonio Ledezma, à falta de ação
internacional com vistas a criar condições para que Maduro renuncie (já teve
oportunidade de sair pela porta da frente, mas fugiu do recall que o eleitorado venezuelano tentara en vão aplicar-lhe). Chávez, malgrado os respectivos
defeitos, mostrou que era de outra têmpera, ao submeter-se - e vencer - o
pleito democrático do recall.
Com o somatório de todos os erros cometidos tanto por Hugo Chávez e,
máxime, pela ditadura de Nicolás Maduro, se nos depara em cabal prova de um
inominável composto de erros, calinadas, torpes projetos e a roubalheira da
atual choldra dominante, surge como prova cabal de tantos desatinos a presente
miserável realidade venezuelana, que constrange a todos os segmentos
populacionais a tentarem escafeder-se da presente pandemia da miséria. Tal se
verifica nos êxodos para Roraima (Brasil) e Colômbia, pois com as condições de
carência extrema, tanto de víveres, quanto de remédios, e de qualquer outro
tipo imaginável de assistência, pois nada ali funciona, de forma a que
militares na ativa recorram a vôos de desespero para os hospitais de Roraima
(se desejam sobreviver de eventuais acidentes de ofício), assim como para as
praças desse território brasileiro, enfermarias e nosocômios, pois a
hiper-inflação a tudo tritura, e nenhum tratamento médico-hospitalar é
sustentável no atual ex-paraíso chavista, gerido pelo rubicundo Domingos Maduro.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )