quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Trump e os transgêneros

                              

          De início, semelha importante frisar que a questão dos transgêneros tem uma repercussão - e, por conseguinte, importância - nos Estados Unidos que supera de muito o seu eventual peso no Brasil.
         Assim, a questão do rapaz transgênero Gavin Grimm vai ser discutida na Corte Suprema nesta semana. Gavin Grimm processou a Junta da Escola do condado de Gloucester, na Virgínia, há dois anos atrás,  depois que a Junta se negou a permitir  que Gavin usasse o banheiro dos rapazes.
         Comunicou-lhe a respeito que ele poderia usar banheiro separado, num aposento reservado aos porteiros. A Administração Obama rejeitara esse tipo de acomodação, como inaceitável e discriminatória.

        Tal questão já aponta para a grande influência que deverá ter o Procurador-Geral Jeff  Sessions na Administração Trump, em especial na política interna.  O controverso Sessions se opõe, como se sabe, a alargar as proteções federais para muitas questões de seu interesse ex-officio, entre outras, imigração, direitos de voto e direitos da comunidade gay. Não surpreende que ele já se empenhe para colocar  o Departamento de Justiça em direção bastante diversa daquela tomada por seus antecessores, na Administração Obama.
          O Presidente Trump, dentro de sua obnóxia linha de ser contrário às proteções antidiscriminatórias que hoje os países mais avançados concedem às minorias, já se prepararia para expedir novas diretrizes que rescindem tais proteções para estudantes transgêneros.

          Nesse sentido, concordando totalmente com o seu Ministro da Justiça (Attorney-General) Jeff Sessions, determinou à Secretária de Educação, Betsy DeVos que se alinhasse na posição de Sessions, e não mais tentasse manter as proteções para estudantes transgêneros, que hoje estão de pé, por força da Administração Obama.
          Em boa parte, as dificuldades encontradas pelo candidato de Trump para Attorney-General, Jeff Sessions, decorrem de sua atitude preconceituosa e com viés repressor, que Mr Sessions demonstra no tratamento das questões de seu Departamento. Pelo visto, o Presidente Trump tem a intenção de apoiá-lo muito além de o que a comunidade americana já está habituada em termos de respeito aos direitos das minorias.
             Pelo visto, os  obstáculos encontrados na confirmação de sua designação para Attorney-General tinham muita razão de existirem. Com ministro da vocação repressiva de Jeff Sessions, o governo Trump deverá enfrentar dificuldades muito maiores se prosseguir dentro das linhas autoritárias, muito similares às do velho Fascio[1], e em geral contrárias ao ethos da modernidade, seja em termos de afro-americanos, gays, transgêneros, seja em todas as demais questões ditas progressistas, que não são do agrado de Mr Jeff Sessions. Tudo indica que Trump deva dar-lhe apoio irrestrito.

( Fonte: The  New York Times )



[1] qualquer semelhança com a doutrina fascista não será, portanto, mera coincidência.

Nenhum comentário: