sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Perspectivas do G-20

          

           O grupo do G-20 - que é o das economias mais desenvolvidas do planeta - reuniu-se nesta feita em Bonn. Rex Tillerson, o novo Secretário de Estado, compareceu à reunião, e manteve reunião bilateral  com o Ministro José Serra.
           Durante esse encontro bilateral, Tillerson pediu a Serra que procure coordenar  esforços dos países da América do Sul visando uma solução para a crise venezuelana. No que tange à cooperação econômica, o secretário de estado Tillerson versou a perspectiva de investimentos em infraestrutura, assim como agenda pró-negócios entre as duas Nações.
           Serra considerou a reunião com Tillerson "uma ótima conversa, o começo de um começo."
         No entanto, não se pode fazer de conta que a tarefa que lhe foi sugerida pelo Secretário Tillerson não se aproxime de verdadeira missão impossível.

            A própria colocação da dita missão por Tillerson ao Ministro Serra mostra que aquele ainda não teve tempo para pôr em dia a atual situação político-diplomática dos países sul-americanos entre si, e, mais especificamente, o corrente estado das relações Brasil - Venezuela.

           Depois do impeachment de Dilma Rousseff, verbalmente combatido pelo regime de Caracas - é chover no molhado dizer que o regime petista de Dilma e o de Nicolás Maduro eram bastante próximos. Depois do impeachment, tornaram-se acres as relações entre os dois países. É necessário, também, levar em conta que a Venezuela está afastada do Mercosul (por haver deixado de cumprir com as suas obrigações conexas ). Outrossim, tal situação surgiu em grande parte por causa de gestões do novo Itamaraty. Confiar essa missão ao Ministro Serra pode parecer, prima facie, um tanto embaraçoso para o nosso velho Ministério. Mas a pressa é a inimiga da perfeição, e não se pode esquecer de Pirandello, que nos recorda que as coisas mudam. Como Trump nos apresenta um novo círculo de relações com países como a Federação Russa, é melhor não se apressar, eis que o valor das cartas mudou, e talvez esse novo desafio possa parecer uma boa oportunidade para Nicolás Maduro.  Para quem estava praticamente na lona,  às voltas com um desafio bem superior às próprias forças, quem sabe os contatos via Ministro José Serra possam ensejar um primeiro diálogo com a nova turma de Washington ?

           Nesse contexto, é bom não esquecer que se o governo de Donald Trump lograr firmar-se, na sua relação de amigos  está gospodin Vladimir V. Putin. E se pensarmos que o indigitado Nicolás Maduro tem presumíveis boas relações com o autocrata russo, a possibilidade de uma eventual reabilitação do presidente venezuelano por esses antes ínvios caminhos junto ao Departamento de Estado não pode ser descontada de todo... Aliás, é bom lembrar que quem está fazendo a sugestão para melhoria de relações é o próprio Secretário de Estado, outro que tem ótimos contatos com o Kremlin, tão bons mesmo que quase o atrapalham na sua sabatina de confirmação pelo Senado americano. 


( Fontes: Pirandello, Folha de S. Paulo; The New York Times )                 

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