terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Saudades de Hillary

                                 

       Se não fosse por Mr James Comey, quase certamente os Estados Unidos da América, a chamada superpotência, não estaria hoje atraves-sando o inferno astral para o que não a preparara o governo de Barack Husein Obama, o quadragésimo quarto presidente americano, como este poder republicano (e desde a penúltima década do século XVIII !) aprecia que os seus mandatários sejam chamados.

      Cabe, portanto, aos americanos e àqueles que, por apreço a esse irmão maior das Américas, lhe acompanham  evolução  e  história, vivenciar a difícil experiência do anunciado mau governo de Donald John Trump, que por atenção especial do nomeado por Obama (errar é humano!) diretor do F.B.I., não poucas pedras foram jogadas no caminho da candidata democrata. Ela, pelo visto, tinha dois defeitos cardeais: seria a primeira mulher a entrar na Casa Branca como Senhora do Pedaço e, talvez mais grave ainda, impediria republicano de assumi-la.
         A  par disso,  deu a Mr Comey a desculpa ideal de haver inventado utilizar servidor particular de computador, porque assim, pensou ela, poderia trabalhar de forma mais eficaz  e, dessarte, produzir mais como Secretária de Estado.

         Qual foi o seu erro cardeal?  Aumentar a respectiva capacidade de trabalho, recorrendo ao terrível servidor privado de computador público. Assim, o seu escopo, na verdade, foi o de aumentar a própria capacidade de melhor servir aos Estados Unidos da América, mas errou porque não seguiu o conselho de seus maiores, anteriores Secretários de Estado, embora o republicano Colin Powell, Secretário de Estado de George W. Bush também se servisse do servidor privado de computador...  Por isso o erro cardeal de Hillary foi pensar  que, pelo fato de poder trabalhar mais, os seus pecadilhos formais seriam desculpados.

        Esquecia-se do país em que vive, formal e burocrático. Por ter sido eficiente  Secretária de Estado, pensou que o tal pecadilho formal lhe seria perdoado. Mas na terra dos burocratas, e de tantos republicanos enrustidos na burocracia estatal,  como íriam acaso desperdiçar a chance de enegrecer-lhe o legado e desmerecer-lhe o valor?

         Basta olhar para a Câmara de Representantes, dominada pelo Partido Republicano até o final da permanência do vergonhoso gerrymander instituído pelo chamado Grand Old Party, que não se peja de recorrer a esse baixo expediente para prorrogar ad infinitum o próprio domínio da Câmara de Representantes que se estende desde a primeira eleição trucada após a vitória  de 2008 de Barack Obama.  Obtida, por meios lícitos, em 2010 a maioria na Câmara Baixa, os membros do GOP cuidaram de criar as condições para que tal predomínio fosse fundado doravante na perene ajuda da fraude eleitoral  ideada pelo bom governador Mr Gerrymander, que já no século XIX preparara a geringonça atual, de modo a lograr o máximo aproveitamento dos representantes do respectivo partido, enquanto se desperdiça o voto do adversário em circunscrições gigantes. Tudo isso a imprensa de hoje, pundonorosa que é, finge que não vê...

         Assim a Câmara Baixa cuidou de infernizar a vida do democrata Barack Obama - que, conciliador ao extremo,  preferiu  não atacá-la de frente, e, ao invés, tolerar a fraude que está na sua base, como se possível fora, se  possa tratar com boa fé com  representantes fraudulentos da vontade popular.  Essa boa gente cuidou igualmente de inventar o diabo para atrapalhar a existência política de Hillary Clinton porque nela via - vejam a própria clarividência! - a principal e temível adversária do próprio candidato republicano, fosse ele quem fosse! E não é que os republicanos de boa cepa e  sua tropa auxiliar na Administração Federal encontrariam os petrechos desejados para obter o grande e inesperado meio salvador de sobrepujar a mais bem preparada candidata democrata,  por republicano do nível de Donald J. Trump?

             Os democratas - e Hillary talvez deles não seja diversa - pensam que sendo bonzinho com o mal ele, por milagre desconhecido, vai virar o bem!  E infelizmente, sendo afro-americano, e tendo ido mais longe do que todos os seus predecessores políticos, Barack Obama ainda não se conven-cera em aplicar a lição de que com a fraude não se tergiversa nem se tolera.

               Não se pode ser bonzinho com o Mal porque dessarte vejam vocês o que surge.  Aparece o avantesma de Donald Trump, que a cada dia mostra ao Povo Americano - pelo menos aquele que tem olhos para ver e ouvidos para decifrar na barulhada da realidade circundante, o que merece crédito e o que não o merece!

                Por conta dos fautores da eleição de Donald Trump - que não foi trucada como aquela de 2000, em que a Suprema Corte ofendeu o próprio nome mandando interromper a recontagem dos votos na Flórida (em que já se anunciava a inelutável vitória do candidato democrata Albert Gore, se tal recontagem não fosse sustada) - a influência perniciosa não foi desta feita  intervenção da Corte quase manu militari, como sugerida pelo Advogado republicano James Baker - mas as estranhíssi-mas e pontuais intervenções  do Diretor do FBI, James Comey, que levantara quando dos dias do chamado voto antecipado notícias ambíguas  e de má-fé, em que se apresentavam ao eleitorado possíveis irregularidades de Hillary Clinton que estariam no famigerado servidor privado de seu computador (cousa que não procedia em nada à realidade), e que só serviu para tirar preciosos votos da candidata Hillary, como ela própria - embora para ouvidos moucos - e perdoem-me a franqueza, tarde demais, rasgaria a fantasia e mostraria o mecanismo insidioso da fraude na eleição - desta feita aplicada com grande pontualidade no exato momento por esse avatar às avessas do Comissário Javert.

(  Fontes: The New York Times, Os Miseráveis, de Victor Hugo )

            

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