quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Condenada a Lei da Assistência Médica?

                              

       Se tivermos presente a ânsia do presidente-eleito Donald Trump em destruir - porque é este o verbo apropriado - a Lei da Assistência Médica Custeável, com a vaga promessa que logo se colocará outra cousa no seu lugar, teremos um instrumento confiável para medir a colossal ignorância tanto do candidato vitorioso, quanto de muitos inimigos do Obamacare no que tange à possibilidade de aprontar rapidamente um substitutivo para o ACA.

       Trump parece realmente acreditar na possibilidade de criar uma nova lei da assistência médica, como se fosse procedimento corriqueiro. Na sua ignorância - que é o fator na base da ojeriza que a maioria republicana tem pela reforma sanitária - o presidente-eleito e grande parte dos republicanos julgam factível mudar a Lei da Assistência Médica Custeável como se fora algo simples, quando essa impressão não tem confirmação na realidade.

       Acabar com o Obamacare não será assim tão simples quanto muitos energúmenos pensam possível.
        Para que se tenha ideia de o que está em jogo, tenha-se presente o que traz o editorial do New York Times de hoje: votar pelo repúdio da Lei sem uma alternativa apropriada, pode ser não só desumano, mas também politicamente desastroso. Cerca de 47% dos americanos não querem que o Congresso acabe com a Lei, e 28% são favoráveis a que os legisladores preparem primeiro um substitutivo válido.

       Talvez o maior erro do jovem Presidente Obama tenha sido acreditar que, fundado exclusivamente na maioria democrata então existente no Senado e na Câmara de Representantes, uma lei da reforma sanitária poderia ser tanto promulgada, quanto estabelecida em bases sólidas. Para tanto, Obama terá pensado que a viabilidade da Lei da Reforma da Saúde poderia ser assegurada pela sua comprovada eficácia na implementação.
         Obama desconheceu que a criação de uma Lei sem um voto sequer do GOP poderia invalidá-la politicamente e não só para a oposição.  Na avaliação da qualidade do ACA,  de parte republicana entrou muito pouco , a razão. Ao tornar visceral a negação da Reforma Sanitária pela maior parte dos republicanos,  foram criadas as condições para que o Partido de Lincoln tristemente se lançasse contra a reforma da assistência sanitária, que passou a ser questão muito menos de discernimento do que de repulsa automática (knee-jerk) ao instrumento legal  que surgira sem um voto sequer do GOP.
           Para os republicanos, a questão ganhou foros de negativa visceral e automática, como se ser do GOP redundaria em repelir o ACA. Nisto não entra a razão, mas a reação instintiva e irrefletida, como se não fosse possível ser a um tempo republicano e adepto da Reforma sanitária...



( Fonte: The New York Times )

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