sábado, 7 de janeiro de 2017

Colcha de Retalhos E 1

                                
Temer lamenta a carnificina


          Depois de tudo o que se diz e se escreve, sobre o estado das prisões no Brasil, e as condições que nelas prevalecem - como tristemente se vê corroborado pela carnificina de Manaus - não é um pouco demais que o Presidente do Brasil Michel Temer leve tanto tempo para que dele se arranque um comentário como esse em que diz lamentar a matança que lá ocorreu?
           Não seria o caso de deixar transpirar um pouco mais de interesse e preocupação com a situação presente das cadeias no Brasil?


Exoneração do Secretário Nacional da Juventude

           Em termos de sensibilidade, Bruno Júlio, Secretário Nacional da Juventude do Governo Temer, perdeu decerto boa ocasião de ficar calado, quando defendeu o massacre de presos no Presídio de Manaus.
          Por isso, foi demitido pelo Presidente Michel Temer.

          Afinal, que o representante da Juventude no governo de Michel Temer nos venha com a afirmação  de que "Tinha que matar mais"     cria muita perplexidade. De onde saíu esse jovem que integrava o gabinete Temer para nos vir com uma 'solução' desse gênero... E que falta faz o vomitador dos quadrinhos do finado Henfil...

 A  Potoca  do  Senhor  Ministro       
  

          Pensando eludir a pressão jornalística, o Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes - que é o de mais alta hierarquia no gabinete Temer - ao ser indagado pelos jornalistas acerca da crise nas cadeias de Roraima, disse ter recebido solicitação de ajuda para o controle da entrada de venezuelanos.

              Infelizmente, não era bem assim. Segundo ofício enviado pela Governadora Suely Campos, ela pedia ajuda para tentar controlar a crise nas  prisões do estado (ontem houve novo massacre, com a morte de 31 presos em Boa Vista).
             

O instituto do Desacato         
 

            Sinalizado desde muito pela instância de direitos humanos como  excrescência do fascismo, o chamado instituto do desacato  - aquele clássico da pergunta  'sabe com quem está falando?', muito utilizado pelas delegacias de polícia  e PMs, quando crêem ter a própria autoridade contestada - é um resto da legislação autoritária de períodos anteriores, e que estranhamente até hoje sobrevive em delegacias mal-cuidadas e em autoridades que se crêem confrontadas.
            Com efeito,  o desacato inexiste nas grandes democracias - por ser um expediente de quem não tem razão - nem constitui instrumento para enquadrar algum infeliz que caia sob sua 'otoridade', sendo como é um resquício do passado discricionário.

               Não é à toa, de resto, que ex-Presidente José Sarney passe como seu grande defensor, até o presente, através de seus leguleios, logrando manter o ameaçado instituto ainda em vida...
                Pois não é que para desmoralizá-lo ainda mais ocorreu na Delegacia Especial de Apoio ao Turista (Deat) quando aí apareceu o americano Joseph  Ianco, de 54 anos. Vinha indignado, reclamando da coronhada que levara e da falta de segurança na famosa Ipanema...
  
                 A revolta de Ianco se elevaria ainda mais ao deparar na própria delegacia o homem que o atacara. Diga-se que esse contumaz meliante não apenas buscara roubar o turista, mas também matá-lo (fez 4 disparos com pistola de 9mm, mas felizmente errou).

                Ianco achou que aquilo era demais, tentou agredir o bandido, mas foi contido por policiais. Com uma certa lógica, o americano clamava que não viera ao Rio para ser assaltado. Um inspetor disse, então, que "poderia ter acontecido em qualquer lugar do mundo".  E eis que entra em cena o desacato: por haver xingado o inspetor, ei-lo detido por... desacato.




( Fonte:  O  Globo )                 

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