domingo, 22 de janeiro de 2017

A marcha das mulheres

                      
          
          O protesto das mulheres teve apoio generalizado, com  enorme  afluência, tanto em Washington, quanto nas demais cidades previstas (New York, Boston, Atlanta, Denver, Los Angeles, Phoenix, Saint-Paul, no Minnesota, e Key West, na Florida). Dado o grande afluxo, a estimativa de quinhentos mil fica no lado conservador, para a marcha de Washington.
  
        Hillary Clinton - que não tinha agendado a sua aparição na marcha - contudo tuitou a seguinte mensagem: "Grata por levantar-se, falar & marchar por nossos valores @womensmarch. Relevantes como sempre, continuo acreditando que somos sempre mais fortes juntas"

          A grande motivação das mulheres está em combater o possível retrocesso a ser intentado pela Administração Trump, com apoio conservador e republicano. Os direitos da mulher ameaçados são notadamente  o do aborto, garantido por Roe v. Wade, e que o novel presidente conta repelir através da 'nova' Suprema Corte. Os planos nesse sentido já começaram com a incrível negativa de sequer ouvir Merrick Garland, indicado por Obama para suceder a Antonin Scalia, falecido em princípios do ano passado. Capitaneado pelo líder do GOP Mitch McConnel, o Senado preferiu esperar mais um ano, na esperança (infelizmente confirmada, por cortesia de James Comey, do FBI) de que Trump venceria.  

           Nas diversas demonstrações, lideres femininas ( e masculinos ) se manifestaram contra Donald Trump. Elizabeth Warren, senadora por Massachusetts, alertou acerca de ataque pela Suprema Corte de Trump, contra direitos adquiridos, como os do aborto e do casamento gay.  "Acreditamos na ciência e por isso sabemos que o aquecimento global é real. Também acreditamos que a imigração  faz este país mais forte. Não vamos construir uma estúpida muralha e não vamos separar pela força a milhões de famílias."  John Lewis, deputado democrata pela Georgia: "Estou preparado para marchar de novo. Estou aqui para dizer: não permitam que ninguém faça vocês darem meia-volta no caminho." E completou: "Na próxima eleição, nós temos de sair e votar como nunca fizemos antes."

            Nas maiores cidades, além de Washington, com os já referidos mais de quinhentos mil, a presença das manifestantes foi muito grande: quatrocentos mil em New York, duzentos e cinquenta mil em Chicago,  em Boston 175 mil, setenta mil em Atlanta (Georgia), em St. Paul (Minn.) entre cinquenta e sessenta mil. Já em Los Angeles, o número de pessoas e a maneira em que se dispôs em várias ruas, se permite intuir a grande afluência, fica difícil determinar a aproximada grandeza.
  
            Esse protesto popular, notadamente das mulheres, impressiona pela espontaneidade da respectiva   formação, e do caráter genuíno da indignação quanto à ameaça da velha direita republicana, querendo fazer com que o relógio do tempo retroceda, como se as conquistas do passado, seja o recente, seja o não tão recente como as mudanças instituídas pelo Roe v. Wade, e outras sentenças antológicas de Corte Suprema que era a expressão não do atraso e do preconceito, mas de visão generosa e progressista quanto à igualdade dos sexos, e aos direitos dos cidadãos e cidadãs em geral.
  
               A marcha de ontem - que não só metaforicamente percorreu as ruas e praças das megalópoles americanas, assim como de cidades menores - representa um sonoro aviso quanto às pretendidas distorções que a direita pensa poder tirar jacaré na suposta onda conservadora do Congresso e, sobretudo, da novel presidência Trump, a um tempo populista e reacionária, e que, por isso,  acredita possível enfiar goela abaixo da América recém-saída de Barack Obama os seus preconceitos sexistas. 



    ( Fonte: The New York Times )

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