domingo, 8 de janeiro de 2017

A Administração Trump

                              

         Como será a Administração de Donald Trump, agora que se entra na área dos finalmente, quando o Congresso republicano parte para a confirmação, se possível às carreiras, do seu Secretariado?
         De certo modo, esse ministério reproduz o baixo nível de seu eleitorado, formado em parte pelo chamado cinturão da ferrugem (a antiga área industrial americana em que estão os operários amargados por supostas injustiças sofridas em função da decadência de muitas das grandes empresas).
         
         Assim como os redneck do Sul, esses operários de baixa escolaridade se sentem inferiorizados e injustiçados, tendo acorrido à candidatura de Trump como a tábua de salvação, diante da concorrência de outros setores de trabalho mais sofisticado (e, por conseguinte, mais bem pago). Não é só o declínio que persiste com os galpões vazios post-Bush, mas também os operários brancos que se sentem preteridos  diante do trabalho mais sofisticado para o qual não são páreo para gente mais jovem e com melhores cursos.
        
        Trump decerto não seria presidente sem a raiva desses operários brancos de baixa escolaridade e de curtos rendimentos, além da aliança e da insatisfação da direita que acredita em mágicas soluções. Não pretendo, decerto, aqui fazer a sociologia do sufrágio lançado sobre o candidato do verão, e que foi assumido com raiva desde o longínquo lançamento da candidatura desse grande outsider, seja no partido Republicano, seja na sua fase derradeira pelos apoios de última hora, entre os quais a estranha intervenção de James Comey na reta final. 

         Na condenação do professor David Cole, "Comey será para sempre relembrado como o diretor do FBI que abusou do poder da própria autoridade para interferir sem base em iminente eleição presidencial". Mesmo com todas essas vantagens, a margem de Trump só deu para vencer apertado no Colégio Eleitoral, perdendo na eleição popular para Hillary por mais de três milhões de votos.
       
       Como todo grande demagogo, Trump soube servir-se de promessas ilusórias e da vitimização de bodes expiatórios. A nova muralha chinesa que se transformará no muro mexicano será exemplo disso, tanto no seu caráter irrelevante - como todos os muros através da história -, quanto na atribuição a imaginários bodes expiatórios, de supostos males que na prática estão muito mais perto do poder demagógico.
       
      Os Estados Unidos por ora rejeitaram a primeira mulher como Presidente. Não será em vão que um erro de tais dimensões é cometido. Quando os aventureiros e a turma do segundo time começarem a errar - e o farão decerto por atacado - as viúvas de Hillary - se me permitem essa estranha metáfora - surgirão por toda a parte.
      
       O governo do 46º presidente corre o pesado risco de tropeçar em cada esquina. Então o apoio que lhe prometera Vladimir Putin poderá ser o último prego nesse estranho esquife da candidatura do verão de 2016.



( Fontes:  The New York Times, The New York Review )  

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