sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Subsiste o risco na avenida Niemeyer


                        
         O leitor do blog se recordará das obras na avenida Niemeyer, uma das mais famosas nas encostas dos morros no Rio de Janeiro - e que no passado eram o cenário de corridas de fórmula 1, com a presença de corredores de nomeada como Ascari e o próprio Pintacuda, além dos nacionais como Chico Landi, em uma disputa que se realiza nas estradas, tanto a Niemeyer, quanto a outras, de concreto, em que se realizava boa parte do circuito.
               Agora, um novo relatório vem a luz, elaborado por peritos da Justiça e aponta ainda a existência de riscos para quem careça de passar pela Niemeyer. Como se sabe, essa famosa avenida está interditada desde maio p.p., após temporal ter provocado deslizamentos na encosta junto à referida avenida.
                 O documento técnico acima aludido foi entregue anteontem (nove de outubro corrente) aos desembargadores, que vão decidir se a via expressa poderá ser reaberta ou não.
                  No caso em tela, os técnicos avaliaram que, com a evolução das obras da Prefeitura, os problemas de "segurança geotécnica tendem à diminuição", mas que "permanecem  os riscos de operação de obra".  
                 A maior preocupação dos peritos é com a movimentação de maquinário pesado no alto do morro e com o fluxo de operários.  Os técnicos indicados pela Justiça constataram ainda que a construção de um muro de contenção (cortina atirantada) necessário no topo da encosta e de um canal de drenagem ainda não foi iniciada.
                  Segundo o engenheiro ambiental Luiz Roberto Sertã, pós-graduado em georreferenciamento pela Faculdade de Engenharia de Minas Gerais, que atua para a Justiça há 25 anos : - O risco operacional existe. Vão começar a construir no topo da encosta a cortina atirantada superior, para buscar estabilidade daquela parte do deslizamento.  No curso desse trabalho, pode haver o deslocamento de alguma pedra ou qualquer outro material. Neste cenário, não pode ser afastada esta possibilidade, existindo risco  para os funcionários que estiverem na parte inferior da obra. Como bem disseram os próprios técnicos da GEO-Rio, não existe risco zero. Enquanto existir obra, existirá risco, o que classificamos como uma eventualidade inerente à atividade de engenharia.
                      Por outro lado, o objetivo da visita dos técnicos na semana passada foi verificar a evolução  das obras feitas pela prefeitura nos últimos dois meses, principalmente perto do Morro do Vidigal, onde houve um deslizamento de 350 metros de comprimento por 60 metros de largura. O laudo também apontou para o perigo que existe no topo da encosta, onde há grandes pedras. A GEO-Rio, no entanto, afirmou que foram feitas cinco mil simulações por um software específico que mostram que  as rochas não atingiriam a Niemeyer em casos de deslizamento.
                            Em nota, a prefeitura informou que só vai se manifestar  sobre o novo laudo pericial em cinco dias, prazo estabelecido pela Justiça.

Decisão só em Novembro.  A 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça começou a analisar há duas semanas o processo em que foi determinada a interdição da Niemeyer. O julgamento, no entanto, foi interrompido após o desembargador  Agostinho Teixeira pedir vista do processo. Antes disso, os outros dois magistrados já tinham votado pela reabertura da via em dias secos e com fechamento em caso de chuva. Nada impede que, diante do novo laudo, os desembargadores reconsiderem seus votos.A decisão final só sairá em novembro.
- A Niemeyer tem precedentes de deslizamentos, e pessoas já morreram por causa disso. Prefiro ter a cautela de analisar melhor a questão para ter a convicção da decisão. - disse o desembargador Agostinho Teixeira, durante a última sessão.
                              No processo, a prefeitura se manifestou a favor da reabertura, alegando que técnicos da GEO-Rio garantem a segurança dos motoristas e dos pedestres. O próprio prefeito Marcelo Crivella fez críticas à juíza de primeira instância, que determinara o fechamento da Niemeyer. Na semana passada, o prefeito reclamou do desembargador ter pedido vista.

( Fonte: O  Globo (Novo Laudo aponta que ainda há risco na Niemeyer).

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