O leitor do blog se
recordará das obras na avenida Niemeyer, uma das mais famosas nas encostas dos
morros no Rio de Janeiro - e que no passado eram o cenário de corridas de
fórmula 1, com a presença de corredores de nomeada como Ascari e o próprio Pintacuda,
além dos nacionais como Chico Landi, em uma disputa que se realiza nas
estradas, tanto a Niemeyer, quanto a outras, de concreto, em que se realizava
boa parte do circuito.
Agora, um novo relatório vem a
luz, elaborado por peritos da Justiça e aponta ainda a existência de riscos
para quem careça de passar pela Niemeyer. Como se sabe, essa famosa avenida
está interditada desde maio p.p., após temporal ter provocado deslizamentos na
encosta junto à referida avenida.
O documento técnico acima aludido foi
entregue anteontem (nove de outubro corrente) aos desembargadores, que vão
decidir se a via expressa poderá ser reaberta ou não.
No caso em tela, os técnicos
avaliaram que, com a evolução das obras da Prefeitura, os problemas de "segurança
geotécnica tendem à diminuição", mas que "permanecem os riscos de operação de obra".
A maior preocupação dos
peritos é com a movimentação de maquinário pesado no alto do morro e com o
fluxo de operários. Os técnicos
indicados pela Justiça constataram ainda que a construção de um muro de
contenção (cortina atirantada) necessário no topo da encosta e de um canal de
drenagem ainda não foi iniciada.
Segundo o engenheiro ambiental
Luiz Roberto Sertã, pós-graduado em georreferenciamento pela Faculdade de
Engenharia de Minas Gerais, que atua para a Justiça há 25 anos : - O risco
operacional existe. Vão começar a construir no topo da encosta a cortina
atirantada superior, para buscar estabilidade daquela parte do
deslizamento. No curso desse trabalho,
pode haver o deslocamento de alguma pedra ou qualquer outro material. Neste
cenário, não pode ser afastada esta possibilidade, existindo risco para os funcionários que estiverem na parte
inferior da obra. Como bem disseram os próprios técnicos da GEO-Rio, não existe
risco zero. Enquanto existir obra, existirá risco, o que classificamos como uma
eventualidade inerente à atividade de engenharia.
Por outro lado, o objetivo da
visita dos técnicos na semana passada foi verificar a evolução das obras feitas pela prefeitura nos últimos
dois meses, principalmente perto do Morro do Vidigal, onde houve um
deslizamento de 350 metros de comprimento por 60 metros de largura. O laudo
também apontou para o perigo que existe no topo da encosta, onde há grandes
pedras. A GEO-Rio, no entanto, afirmou que foram feitas cinco mil simulações
por um software específico que mostram que
as rochas não atingiriam a Niemeyer em casos de deslizamento.
Em nota, a
prefeitura informou que só vai se manifestar
sobre o novo laudo pericial em cinco dias, prazo estabelecido pela
Justiça.
Decisão
só em Novembro.
A 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça começou a analisar há duas
semanas o processo em que foi determinada a interdição da Niemeyer. O
julgamento, no entanto, foi interrompido após o desembargador Agostinho Teixeira pedir vista do processo.
Antes disso, os outros dois magistrados já tinham votado pela reabertura da via
em dias secos e com fechamento em caso de chuva. Nada impede que, diante do
novo laudo, os desembargadores reconsiderem seus votos.A decisão final só sairá
em novembro.
- A Niemeyer tem
precedentes de deslizamentos, e pessoas já morreram por causa disso. Prefiro
ter a cautela de analisar melhor a questão para ter a convicção da decisão. -
disse o desembargador Agostinho Teixeira, durante a última sessão.
No processo, a
prefeitura se manifestou a favor da reabertura, alegando que técnicos da
GEO-Rio garantem a segurança dos motoristas e dos pedestres. O próprio prefeito
Marcelo Crivella fez críticas à juíza de primeira instância, que determinara o
fechamento da Niemeyer. Na semana passada, o prefeito reclamou do desembargador
ter pedido vista.
( Fonte:
O Globo (Novo Laudo aponta que ainda há risco
na Niemeyer).
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