domingo, 20 de outubro de 2019

Adiar o Brexit pode levar a novo Referendo ?


                 
            Não há dúvida que o novo adiamento do Brexit, forçando o próprio Primeiro Ministro Boris Johnson a apresentar esse pedido sem a sua firma, para caracterizar que o fazia sob a coação do Benn Act - que obriga Johnson, sob ameaça de prisão, a pedir novo adiamento caso o acordo não fosse aprovado ontem, como não o foi. Para tanto, Johnson se valeu do expediente duvidoso de enviar ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pedido de adiamento, a que "esqueceu-se" de firmar, com juntada de outra correspondência, esta sim assinada, em que explicava a situação - o "Benn Act", que, como intimação não lhe dá margem de dissenso, dizendo que não queria a prorrogação "que pode prejudicar os interesses do UK, de seus parceiros na UE e o relacionamento entre eles", mas se viu forçado a solicitá-la em razão do Benn Act, do qual ele anexou cópia.  Tusk confirmou pelo Twitter haver recebido as cartas e que iniciará consultas com os líderes da UE sobre a decisão a ser tomada.

                      Carece de notar-se que, para ser efetivo, o terceiro adiamento precisa ser aprovado de forma unânime pelos outros 27 membros da U.E.

                   Quanto à pergunta que intitula a nota em apreço, há um considerável movimento na opinião pública inglesa em favor de que se realize um novo referendo. Que isto vá ou não ocorrer, é algo discutível. Se há grande movimento popular nesse sentido parece indiscutível, mas dadas as resistências existentes  - e o temor enraizado de uma "invasão" vinda do Continente que tenha em grande parte formado parte do movimento de opinião que levou a mais de um primeiro ministro - como Tony Blair (que superou o obstáculo) e David Cameron (que foi 'atropelado' pelo Brexit, pela sua fraqueza em pensar poder conciliar um ulterior referendo com a sua permanência como Primeiro Ministro).


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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