As
derrotas da Ultradireita
A
revista inglesa The Economist publica interessante artigo sobre como líderes
europeus xenófobos e populistas perderam força na Áustria, Hungria e Itália.
Esses
partidos tinham como objetivo vencer de forma arrasadora as futuras eleições europeias
e afastar a politica do continente do
campo do centro liberal.
O
otimismo da Direita em muitos casos teve consequências desastrosas para os
planos respectivos. Até mesmo na França os
chamados coletes amarelos, que tinham o apoio da direita e da esquerda radicais,
parecem por ora com menos possibilidade de fazerem os estragos anteriores.
No entanto, o cenário hoje é assaz
diferente. A Liga do Norte de Matteo Salvini se saíu bem das eleições europeias,
mas por medíocre planejamento e visões afastadas da realidade cometeria uma série de erros que lhe acentuaram
o isolamento político. Nesse contexto, o ultra-ambicioso Salvini está hoje fora
do poder.
Para o Economist, é na Itália
que o revés dos populistas foi o mais relevante. Se a eleição europeia fora um
sucesso estrondoso para Salvini - seu partido obteve mais de um
terço dos votos na Itália - e até no início de julho o nivel de apoio atingiu a
37,5% em média. A húbris de Salvini o levou, no entanto, a uma decisão açodada e que
se provou sem base na realidade itálica.
De forma inepta, criou condições para a queda do gabinete de que fazia
parte, esperando com isso forçar nova eleição.
Sua pressa e irresponsabilidade, no entanto, lançariam seus parceiros de
coalizão - o Movimento Cinco Estrelas -
nos braços do Partido Democrático (PD), de
esquerda, levando a criar maioria
parlamentar que respaldou um segundo governo de Giuseppe Conte. A pressa e o açodamento contribuiriam para tirar
envergadura do partido de Salvini, e, o que é mais grave, pôs-lhe a nu a
ambição irresponsável.
O
que seria mais preocupante para Salvini está em haver contribuído para que os
seus adversários possam criar condições favoráveis à formação de maiorias mais
estáveis. Ainda é cedo para dizer se a atual maioria terá o necessário controle
para tornar os erros da ambição desmedida de Salvini como causas para dificultar-lhe
sistemicamente no futuro as suas possibilidades. O excesso de ambição de
Salvini poderia contribuir para a sua perda, pelo menos no médio prazo. Mas
ainda é cedo para tais vaticínios.
(
Fontes: The Economist e o Estado de S. Paulo )
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