Com a presença de
grupos indígenas brasileiros, Papa Francisco abriu oficialmente ontem o Sínodo
dos Bispos sobre a Amazônia. Durante toda a missa na Basílica de São Pedro, o
Sumo Pontífice usou a metáfora do fogo para falar sobre a atual situação da
floresta.
"O Fogo de Deus arde, mas não
consome. É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e
devora. Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo
de Deus, mas do mundo. Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destróem,
como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de
Deus é calor que atrai e congrega em unidade", disse Francisco.
Dos cerca de 250 convocados pelo Papa para
participar do sínodo, 58 são brasileiros - é a maior delegação. O relator-geral
do Sínodo é o cardeal brasileiro . D.
Cláudio Hummes, arcebispo emérito de
São Paulo e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). O encontro, que ocorre desde ontem até o dia 27, deve
tratar de temas sociais, ambientais e religiosos dos nove países que têm territórios na Amazônia Além do Brasil, são Bolívia,
Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Suriname.
Na missa, Francisco também falou
sobre aqueles que foram mortos em lutas e missões na região amazônica.
"Muitos irmãos e irmãs na Amazônia
carregam cruzes pesadas e aguardam pela consolação libertadora do Evangelho,
pela carícia de amor da Igreja. Muitos irmãos e irmãs gastaram a sua vida na
Amazônia", disse. "Permita que repita as palavras do nosso amado Cardeal Hummes: quando fores àquelas
pequenas cidades da Amazônia, vai aos cemitérios procurar o túmulo dos
missionários", afirmou Francisco.
Entre os participantes do sínodo,
estão religiosos como bispos, padres e freiras, mas também leigos e convidados
- cientistas e pessoas ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU). A
expectativa é grande sobre os debates, principalmente por conta da crise
climática e de recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as
queimadas na Amazônia, que tiveram repercussão negativa na comunidade
internacional. Também devem entrar em discussão temas como a situação das
comunidades indígenas e ribeirinhas e a exploração internacional dos recursos
naturais da região.
A esse propósito, em conversa com
o Estado, o padre jesuíta norte-americano James
Martin, consultor do Vaticano, definiu o sínodo como "um tempo para a
Igreja se reunir e meditar sobre os muitos desafios que enfrenta, não apenas em
termos de meio ambiente". "É uma oportunidade de ajudar a Igreja a
alcançar pessoas em lugares que muitas vezes não são servidos por padres e
paróquias", comentou ele. "E a maneira como essa região responde a
essas perguntas ajudará outras áreas a enfrentar seus próprios problemas
através desse importante modo de discernimento. O Papa Francisco convocou um
Sínodo sobre a Amazônia, porque essa região merece um sínodo", afirmou Pe. Martin.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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