Nada como sair às ruas
para ser relembrado - com gradações de
brutalidade - dos perigos que cercam[1]
os pedestres no Rio de Janeiro. Os leitores do blog já terão presente das minhas advertências sobre os riscos que
corre o carioca, em consequência da displicência - to say the least - que o pedestre nas calçadas do Rio de Janeiro
tem de enfrentar pelo descaso das autoridades municipais em zelar pela sua
segurança.
Não
é decerto um fenômeno repentino, mas ele se tem agravado, tanto nas ruas,
quanto nos passeios públicos, em função da negligência - ou do completo
abandono - pela autoridade municipal em assegurar um mínimo de atenção e,
porque não dizer, respeito dos ciclistas aos moradores do Rio.
O que acontece nos passeios
públicos e nas ruas da antiga Capital é justamente o contrário, na verdade uma
selva de desrespeito ao pedestre, que se corre riscos ao atravessar as artérias
da VelhaCap, enfrenta decerto muito
maiores, ao fiar-se na suposta segurança das calçadas.
Pois
é aí que ultimamente se vem alojando o perigo, oriundo do fato de que
bicicletas, e até mesmo aquelas motorizadas, prefiram "trafegar"
pelas calçadas, do que obedecer às mãos das ruas e avenidas, por onde deveriam
passar. Como não há de parte da prefeitura do senhor Marcelo Crivella nenhuma
fiscalização, os ciclistas - inclusive aqueles em veículos motorizados, eles
acham mais "cômodo" e seguro circular pelas calçadas, ignorando a
segurança dos pedestres e o fato de que manda o bom senso que calçadas são para
pedestres, e os logradouros para os ciclistas... A desfaçatez desses jovens - é
raro ver um ciclista mais entrado em anos desrespeitando a lei do trânsito -
chega ao ponto de virem pela contra-mão, junto ao meio fio, o que aumenta o
risco de que o pedestre venha a ser atropelado, o que é muito fácil de intuir,
por que as pessoas ao atravessarem as ruas costumam ter presente as mãos
respectivas, e é pouco provável que em artéria de muito movimento o pedestre vá
atentar, em se tratando de meio-fio, se alguém vem pela contra-mão. Quem manda
nisso são muitos anos de reflexos condicionados, e é por isso no mínimo imprudente
de parte do ciclista que ele desrespeite a mão de uma grande artéria de
circulação, a que todos os moradores das vizinhanças conhecem - e muito bem -
qual o sentido de sua direção.
Além da imprudência e da
leviandade dos condutores jovens, o maior responsável por essa desordem urbana
é o próprio prefeito, que não faz cumprir a lei, deixando a cada ciclista - ou
motorista - que decida pelo que lhe dá na cabeça como proceder na selva urbana
do Rio de Janeiro.
O senhor prefeito fala
muito de Paris, e de sua ordem urbana. Não vou dizer que lá os ciclistas não respeitem
as normas do trânsito, mas basta circular um pouco pela Cidade-Luz para ter presente que os seus ciclistas têm proteção
para a cabeça, respeitam os semáforos e não andam em calçadas, sem falar de que
se integram em uma coletividade que age com atenção no que tange ao tráfego.
Enquanto o munícipe
nos Detrans da vida têm que ler cartazes que dizem loas ao respeito prestado às
leis do Trânsito - o que é tristemente negado pela realidade - seria preferível
que os cidadãos tivessem nas ruas da ex-Cidade Maravilhosa uma proteção real,
que costuma ser implementada por agentes municipais presentes e atuantes, os quais
assegurem que os ciclistas se conscientizem das regras do trânsito e da
necessidade de respeitá-las. Desaparecerá, então, a chamada farra das bicicletas,
em que as calçadas são palco permanente dos ciclistas. Perante a inação da
prefeitura, para o ciclista é de longe preferível que a calçada seja a sua área
permanente (ou quase), não obstante os óbvios transtornos e mesmo acidentes que
possa provocar para o transeunte.
(
Fonte: vida carioca )
[1] em português não há comparação com o verbo lurk, do inglês, com o seu significado
de ameaça com inesperado perigo.
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