segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Crivella, flagelo do Rio de Janeiro?


                       
        Nada como sair às ruas para ser relembrado -  com gradações de brutalidade - dos perigos que cercam[1] os pedestres no Rio de Janeiro. Os leitores do blog já terão presente das minhas advertências sobre os riscos que corre o carioca, em consequência da displicência - to say the least - que o pedestre nas calçadas do Rio de Janeiro tem de enfrentar pelo descaso das autoridades municipais em zelar pela sua segurança.
              Não é decerto um fenômeno repentino, mas ele se tem agravado, tanto nas ruas, quanto nos passeios públicos, em função da negligência - ou do completo abandono - pela autoridade municipal em assegurar um mínimo de atenção e, porque não dizer, respeito dos ciclistas aos moradores do Rio.

              O que acontece nos passeios públicos e nas ruas da antiga Capital é justamente o contrário, na verdade uma selva de desrespeito ao pedestre, que se corre riscos ao atravessar as artérias da VelhaCap, enfrenta decerto muito maiores, ao fiar-se na suposta segurança das calçadas.
  
              Pois é aí que ultimamente se vem alojando o perigo, oriundo do fato de que bicicletas, e até mesmo aquelas motorizadas, prefiram "trafegar" pelas calçadas, do que obedecer às mãos das ruas e avenidas, por onde deveriam passar. Como não há de parte da prefeitura do senhor Marcelo Crivella nenhuma fiscalização, os ciclistas - inclusive aqueles em veículos motorizados, eles acham mais "cômodo" e seguro circular pelas calçadas, ignorando a segurança dos pedestres e o fato de que manda o bom senso que calçadas são para pedestres, e os logradouros para os ciclistas... A desfaçatez desses jovens - é raro ver um ciclista mais entrado em anos desrespeitando a lei do trânsito - chega ao ponto de virem pela contra-mão, junto ao meio fio, o que aumenta o risco de que o pedestre venha a ser atropelado, o que é muito fácil de intuir, por que as pessoas ao atravessarem as ruas costumam ter presente as mãos respectivas, e é pouco provável que em artéria de muito movimento o pedestre vá atentar, em se tratando de meio-fio, se alguém vem pela contra-mão. Quem manda nisso são muitos anos de reflexos condicionados, e é por isso no mínimo imprudente de parte do ciclista que ele desrespeite a mão de uma grande artéria de circulação, a que todos os moradores das vizinhanças conhecem - e muito bem - qual o sentido de sua direção.

                   Além da imprudência e da leviandade dos condutores jovens, o maior responsável por essa desordem urbana é o próprio prefeito, que não faz cumprir a lei, deixando a cada ciclista - ou motorista - que decida pelo que lhe dá na cabeça como proceder na selva urbana do Rio de Janeiro.

                        O senhor prefeito fala muito de Paris, e de sua ordem urbana. Não vou dizer que lá os ciclistas não respeitem as normas do trânsito, mas basta circular um pouco pela Cidade-Luz para ter presente que os seus ciclistas têm proteção para a cabeça, respeitam os semáforos e não andam em calçadas, sem falar de que se integram em uma coletividade que age com atenção no que tange ao tráfego.
                          Enquanto o munícipe nos Detrans da vida têm que ler cartazes que dizem loas ao respeito prestado às leis do Trânsito - o que é tristemente negado pela realidade - seria preferível que os cidadãos tivessem nas ruas da ex-Cidade Maravilhosa uma proteção real, que costuma ser implementada por agentes municipais presentes e atuantes, os quais assegurem que os ciclistas se conscientizem das regras do trânsito e da necessidade de respeitá-las. Desaparecerá, então, a chamada farra das bicicletas, em que as calçadas são palco permanente dos ciclistas. Perante a inação da prefeitura, para o ciclista é de longe preferível que a calçada seja a sua área permanente (ou quase), não obstante os óbvios transtornos e mesmo acidentes que possa provocar para o transeunte.

( Fonte: vida carioca )


[1]  em português não há comparação com o verbo lurk, do inglês, com o seu significado de ameaça com inesperado perigo.

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