Mais parecendo um
parceiro bêbedo em mesa de poker, em roda
enfurnada na pesada atmosfera de um bar
no velho Oeste, semelha difícil seguir as jogadas desse cowboy americano, com ralos cabelos louro-oxigenados, e o seu ar
entre o aparvalhado e o imprevisível.
Com aparente paciência e unidade de
objetivo, Donald Trump construíra a sua estratégia com o resoluto apoio ao
aliado curdo, que correspondera à confiança dada àquele pertinaz figurante nas
lutas no Oriente Médio, aliança essa que já se estendia faz tempo.
Os curdos são a nacionalidade
perseguida no turbilhão do império turco. Carimbados de traidores, os ditadores
turcos costumam atribuir-lhes toda sorte de culpa, pois eles temem esta minoria
cristã, que, ao invés das calúnias que lhes fazem circular à volta, representam
válidos e corajosos guerreiros, uma etnia que oferece as suas prestações na
esperança de colherem as terras que a sorte madrasta e, quem sabe, maus aliados
lhes negaram até o presente.
Pois Trump repagaria com traição vil a lealdade que deles recebera,
nas suas campanhas médio-orientais, do forte braço da etnia curda, que até hoje
vaga, à cata de um torrão de terra que como seu declarar possa.
Semelha difícil explicar a
má-fé desse estranho presidente americano, que surpreende a gregos e troianos
pela aparente incapacidade de conquistar amigos e influenciar pessoas, e retribuir
às ações de confiáveis e respeitáveis aliados, como são os curdos, que se
fiaram nas suas promessas e que, sobretudo, muito ajudaram os seus marines a enfrentar nessas terras que já
foram de Baltazar e seus luxuriantes festins o inusitado desafio dos que diziam respeitar o Livro sagrado,
enquanto submetiam o Povo do Profeta à vil servidão, e construíam às carreiras
o que pretendiam se tornasse vasto império, que se curvaria às ordens de novo
Califa al-Bagdaadi, em Raqqa, na Terra
da Passagem, que já pertencera ao dito Bashar al-Assad.
Mas não é que, não
obstante a escrita, esse leãozinho vendeu
sua alma ao Senhor do Kremlin, preferindo,
com tal préstimo, ser vassalo de gospodin Putin, do que dependente dos
humores das praças e becos de Damasco, ou, quem sabe, escravo do E.I.
Traições e fementidos à parte,
não resta dúvida que o presidente americano entrega o bravo povo curdo aos
próprios inimigos, em verdade, pois, àquele mais cruel e impiedoso, repagando
destarte tantas ocasiões e jornadas de bons e leais serviços, como se eles, os
defendendo com tanto zelo, não as tivessem merecida.
Não creio que tão triste
papel algum antecessor desse infeliz tenha exercido em terra americana.
(
Fontes: Sonetos de Luiz de Camões; bons westerns da filmografia norte americana
)
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