O
Primeiro-Ministro de Israel, Binyamin
Netanyahu, desistiu a 21 de outubro de formar governo. Em consequência, o
presidente israelense, Reuven Rivlin,
encarregou o líder da oposição, Benny
Gantz, a negociar nova coalizão.
Nas duas eleições legislativas que
foram realizadas - em abril, Netanyahu não conseguiu formar gabinete, o que
levou à dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições, que se
realizaram em 17 de setembro. Com o
fracasso de Bibi, cabe agora a Gantz missão de montar aliança que evite uma
terceira eleição em menos de ano.
São necessários 61 deputados para ter maioria no Knesset. A coalizão de Netanyahu tinha apoio de 55 deputados; a de Gantz, de 54.
Entre eles, como tertio gaudens,
estava Avigdor Lieberman, como líder
do partido leigo Yisrael Beitenu.
Sendo secular, o que inviabilizaria uma coalizão com os partidos
religiosos, e também nacionalista, o que igualmente dificultaria um
gabinete ao lado dos partidos árabes.
Para fechar o quadro, a solução
possível - uma aliança dos dois grandes
- é, na aparência, inviabilizada pela promessa de campanha de Gantz de não
formar aliança de governo com o premier,
que está há dez anos no poder. A
alternativa seria a renúncia de Bibi ao comando do Likud, o que ensejaria o
acordo, mas que, em retirando as imunidades do atual Primeiro Ministro, Bibi
ficaria exposto ao inexorável indiciamento
pelo Procurador-Geral, por três casos de corrupção...
A meu modesto ver, a despeito dos
obstáculos, a vontade de governar e os encantos do poder poderiam criar as
condições de que tais obstáculos possam vir a ser de algum modo superados. A
imaginação política dessas duas raposas deve afinal servir-lhes para algo. De
qualquer forma, tanto Gantz quanto Bibi terá agora 28 dias para formar
Gabinete. Se nenhum dos dois conseguir, o presidente Revlin pode incumbir um
terceiro nome para assumir o cargo, ou, o que semelha mais provável, convocar
novas eleições...
Dadas as dificuldades e o
jogo de vetos que inviabiliza muitas soluções - ao sinalizar que será um governo
liberal, o partido de Gantz sinaliza que limitará a influência dos
religiosos. É de notar-se que os
ultraortodoxos gozam de muitos privilégios - não são obrigados a servir no
exército (regra que se aplica sem restrição de gênero). Por outro lado, o mágico - alcunha de Bibi - ficou sem
truques, como diz Ayman Odeh, líder da Lista Árabe. Ele acusa o premier de acirrar o ódio aos árabes,
para mobilizar a respectiva base eleitoral :
"Espero que tenha sido a
última vez que Netanyahu
incentive o ódio aos cidadãos árabes de Israel no cargo de premier" enquanto modus faciendi de manter o poder.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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