terça-feira, 22 de outubro de 2019

Netanyahu desiste; Gantz é chamado para chefiar coalizão




      O  Primeiro-Ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, desistiu a 21 de outubro de formar governo. Em consequência, o presidente israelense, Reuven Rivlin, encarregou o líder da oposição, Benny Gantz, a negociar nova coalizão.

        Nas duas eleições legislativas que foram realizadas - em abril, Netanyahu não conseguiu formar gabinete, o que levou à dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições, que se realizaram em 17 de setembro.  Com o fracasso de Bibi, cabe agora a Gantz missão de montar aliança que evite uma terceira eleição em menos de ano.

          São necessários 61 deputados para ter maioria no Knesset.  A coalizão de Netanyahu tinha apoio de 55 deputados; a de Gantz, de 54.  Entre eles, como tertio gaudens, estava Avigdor Lieberman, como líder do partido leigo Yisrael Beitenu. Sendo secular, o que inviabilizaria uma coalizão com os partidos religiosos, e também nacionalista, o que igualmente dificultaria um gabinete ao lado dos partidos árabes.

             Para fechar o quadro, a solução possível  - uma aliança dos dois grandes - é, na aparência, inviabilizada pela promessa de campanha de Gantz de não formar aliança de governo com o premier, que está há dez anos no poder.  A alternativa seria a renúncia de Bibi ao comando do Likud, o que ensejaria o acordo, mas que, em retirando as imunidades do atual Primeiro Ministro, Bibi ficaria exposto ao inexorável  indiciamento pelo Procurador-Geral, por três casos de corrupção...

             A meu modesto ver, a despeito dos obstáculos, a vontade de governar e os encantos do poder poderiam criar as condições de que tais obstáculos possam vir a ser de algum modo superados. A imaginação política dessas duas raposas deve afinal servir-lhes para algo. De qualquer forma, tanto Gantz quanto Bibi terá agora 28 dias para formar Gabinete. Se nenhum dos dois conseguir, o presidente Revlin pode incumbir um terceiro nome para assumir o cargo, ou, o que semelha mais provável, convocar novas eleições...

                 Dadas as dificuldades e o jogo de vetos que inviabiliza muitas soluções - ao sinalizar que será um governo liberal, o partido de Gantz sinaliza que limitará a influência dos religiosos.  É de notar-se que os ultraortodoxos gozam de muitos privilégios - não são obrigados a servir no exército (regra que se aplica sem restrição de gênero). Por outro lado, o mágico - alcunha de Bibi - ficou sem truques, como diz Ayman Odeh, líder da Lista Árabe. Ele acusa o premier de acirrar o ódio aos árabes, para mobilizar a respectiva base eleitoral :
"Espero que tenha sido a última vez que Netanyahu incentive o ódio aos cidadãos árabes de Israel no cargo de  premier" enquanto modus faciendi de manter o poder.  


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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