Conforme
se previa em inúmeros círculos, os planos de Boris Johnson.assim como houvera sido com os de sua antecessora
Theresa May, afundaram no Irish back-stop,
e Boris Johnson com todo o seu panache, foi forçado, ainda uma vez, a admitir um
ulterior fracasso no processo de saída do Reino Unido do bloco europeu.
Assim, mais um duro revés estava reservado para o minoritário Primeiro
Ministro inglês. Votaram contra os trabalhistas de Jeremy Corbyn,assim como os
unionistas -que tinham sido arrebanhados, em função de errôneo cálculo da May,
de lograr com nova eleição a antojada folgada maioria... Os erros se sucedem
desde esse inoportuno referendo - convocado em 2016 por David Cameron, e assim
pondo fim à própria carreira parlamentar, pelo erro garrafal de, estúpida e
inutilmente, cortar as esperanças da juventude britânica, que vê afastar-se a
miríade de oportunidades antes oferecidas pelos ora cerrados meios
universitários naquele medíocre verão, quando um enésimo referendo, inventado
pelos saudosistas e aceito, de forma irresponsável, por Cameron, pondo à sua carreira
política um termino que ele fez por merecer, mas não a gente jovem e aqueles com
alguma inteligência na cachola, que não queriam a Grã-Bretanha troncha por um
retorno ao passado, àquele que nada mais pode trazer senão a nostalgia de um
tempo que saíu do espaço, e só existe em filmes e em velhos alfarrábios.
O
jovem é a criatura do presente, daquele mundo que se tem por diante de si, e por
isso não pertence àquele outro que se consolida na memória do tempo, ou
daqueles que a sorte madrasta deixa ficar para trás, sem mais reservar
surpresas e até decepções, nesse súbito,
imprevisível estado de espírito que a tudo se fecha, até mesmo aos choques que
revoltam e pode rasgar as cortinas que embaraçam o futuro. A ambição do jovem é
companheira de todas as horas e por isso a fortuna, que é tão cruel quanto
possa ser magnânima, a eles há de pertencer sempre, enquanto a força de vontade
fizer que permaneçam as mágicas criaturas do porvir, de tudo aquilo de bom,
belo, grande e quem sabe ambicioso, que a sorte permita possa ser feito, seja
com os dias, os meses e os anos, e que em se abrindo aos caprichos dos deuses,
para aqueles que estudam e pensam trabalhar, guardem a esperança que é o que
move a quem tem a vida pela frente e desfruta, por conseguinte, do divino
privilégio que é a opção, a qual como mágica determinação, guardará sempre
consigo, bem junto do peito e dos anseios
que nele se encerram, mofinas criaturas que o estudo, o labor e a
perseverança farão crescer para que nela
se encerrem, pois só aqueles que
perderam a esperança, seja por fatalidade ou sorte madrasta, aqueles hão de
descortinar a plácida mas enganosa planície de um porvir sem sustos nem
surpresas, mas tampouco livre da monotonia malsã que aos grandes apequenas e aos menores acena
com as falsas opções que os caminhantes da existência já conhecem faz muito,
dela sabendo com amargor do pouco que oferecem. Sabem eles que a vida é luta
renhida, que aos fracos abate, mas os fortes anima ? E a glória do vencedor estará sempre na
ousadia da escolha. Tudo pode, quem faz
a hora. Mas a poucos se descerra a visão dos limites, e até quando o caminhante poderá prosseguir. Dizem
os ousados, que a eles pertence o futuro. Mas terão acaso presente que muitos
deles vêem o caminho cortado, de forma imprevista e por vezes até cruel ?
Sem embargo, o caminhante terá sempre seu prêmio por um conluio entre a
deusa Fortuna e alguma surpresa que o caminho por ventura lhe reserve. É certo e triste que os troféus nem sempre
caem nas mãos daqueles que fizeram por merecê-los, mas posso atestar que o
capricho dos deuses, como tudo na humana existência, tem sua quota de ignota
crueldade, mas que para descobri-lo o pretendente terá de abrir a sua mão, na
confiança que a indevassável divindade mostrará talvez naquele caso a
generosidade que o caminhante da esperança pensou fazê-lo por merecer.
Há belas caminhadas que terminam sob o mau agouro de um deus que não
olhou com boas vistas o lento, mas
pertinaz percurso. Já outro se terá
encantado com uma face mais risonha e uma postura não curvada sob o cansaço,
tanto dos desforços, quanto dos eventuais óbices, e que tem no seu brilho a impávida luz dos que só reconhecem a ampla via de um
porvir tão forte quanto generoso.
Pois o futuro será sempre dos fortes, e daqueles que enjeitam o cansaço
e tudo que nele se encerra. Talvez o grande erro desse brexit foi buscar as gloriolas do
passado - que as gerações do século
vinte souberam arrancar do rochedo de Gaulle - eis que essa caminhada levaria a
descaminhos que a geração que soubera arrancar do povo inglês abandonar as
ilusões de um passado sem dúvida de glórias, mas eles bem souberam
ver que como toda conquista do pretérito ela pertencia a um mundo que não mais
existia, e que, por conseguinte, como o pressentia o jovem, o porvir estava no
desafio de uma nova comunidade, em que não mais serviam os brazões das antigas
conquistas, e como de resto a juventude será sempre o contingente da esperança
e da ousadia, será em tais sinais que a
atenção se deve prender, se não se quiser acabar na necromancia de os que
cultuam o passado e pensam nele encontrar certezas. Mas nessa certeza a Juventude
será sempre a primeira e por isso, há
que seguir-lhe o passo generoso e ligeiro.
Nele entrevêem a Esperança, pois sabem que em mundo dos velhos e de antigas glórias, a sua presença será sempre arredia como a luz
ao cair o crepúsculo.
É hora de abrir portas para o Porvir. Pois nele está a esperança. O passado é morte, enquanto repetição de o já
foi vivido. Os precursores da Inglaterra
na aventura da União Europeia traziam a
confiança - que se alimentava do passado -
nas obras da unidade do Continente, em que a seiva do presente carece de
estar ativa e sobretudo trazendo consigo a dádiva dos jovens, que é a esperança
do novo e da união com forças enjeitadas no passado, e que o presente nos
ensina a ver como boas companheiras para uma nova viagem existencial.
Deixemos as
experiências passadas para o espiritismo.
Ao viver o presente, a nova Europa não se aferra aos brasões de lutas antigas,
com arco,lança e flechas. Ela pensa no presente e nos seus magníficos
desafios. E que Povo mais adaptado para
vencer aquilo que parece invencível pelos anos, que o Inglês, que traz consigo essa
grande memória, que a sua Juventude no seu destemor e na sua abertura aos
desafios do Futuro de que nos fala - e sobretudo nos sinaliza - o grande
filósofo da História Arnold Toynbee,
que é, com o porte do seu imortal A
Study of History, o símbolo não
só perene, mas eivado de coragem e da indústria do Povo inglês, e da sua contribuição
para a progressão da Humanidade ?
(
Fontes: A Study of History; O Estado de
S. Paulo )
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