quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Novas conexões no Caso Marielle ?


                               

        As organizações Globo  registram um ulterior furo de reportagem. Notícia em primeira página do jornal O Globo nos remete aos registros do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, obtidos com exclusividade pelo "Jornal Nacional" que apontam  que Elcio de Queiroz, suspeito de matar a vereadora Marielle Franco (e  o motorista Anderson Gomes) esteve no local supracitado horas antes do megacídio, em catorze de março de 2018.

              Na oportunidade,  segundo o citado jornal, ele Elcio de Queiroz disse que se dirigia á casa de Jair Bolsonaro  e obteve autorização para entrar, mas em realidade se dirigiu à moradia de Ronnie Lessa, que é acusado dos disparos.  Na época deputado, Bolsonaro estava na Câmara dos Deputados, em Brasília.
  
             Pouco depois da transmissão do Jornal Nacional, parlamentares do PSOL na Câmara solicitaram audiência  com Dias Toffoli para pedir que o STF dê prosseguimento às investigações. A esse propósito, o jornal acrescenta o seguinte parágrafo: "São fatos graves. O  Bolsonaro não estava lá, mas alguém estava. É preciso saber quem. O que se pede ao STF é que se permita a investigação" - declarou o deputado Marcelo Freixo, ( PSOL ).

( Fonte:  O Globo )

terça-feira, 29 de outubro de 2019

O Povo Argentino escolheu mal ?


                                      

          O presidente Jair Bolsonaro tornou a reiterar o erro de opinar sobre a soberana escolha do Povo argentino, e agora, ao meu modesto ver, de forma mais grave. 

       Com efeito, ao anunciar claro e bom som, que "não vai cumprimentar o peronista Alberto Fernández, vencedor em primeiro turno das eleições de domingo último, dia 27 de outubro", Sua Excelência me dá a impressão de não levar em conta a sua assessoria diplomática - pois tampouco posso crer que o Itamaraty, com sua tradição diplomática e o exemplo sempre presente de nosso Patrono, o Barão do Rio Branco, recomendasse a seu Presidente discordar de tal forma da expressão dessa vontade, que deveria ao invés ser elogiada, pelo alto nível demonstrado pelos dois candidatos, o que espelha o quanto a democracia argentina reflete a própria vitalidade, como, de resto, o evidenciam, tanto o atual Presidente, o radical Maurício Macri, quanto seu sucessor, o peronista Alberto Fernández.


         Rio de Janeiro, em 29 de outubro de 2019.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Morte do Líder do Estado Islâmico


                       

Abu Bakr al-Baghdadi foi capturado e morto em operação militar americana, realizada pelo grupo Delta - que é um esquadrão castrense de elite das forças armadas estadunidenses - na região nordeste da Síria. Nesta mesma Síria, então ocupada em larga parte pelo E.I., estava o centro da direção do chamado Estado Islâmico. Abu Bakr fazia como "califa" do grupo terrorista proclamações sobre eventuais realizações desse dito "Exército Islâmico", em um local de Raqqa, de cujo balcão se pronunciava como chefe do então poderoso E.I.  Mais uma vez a sorte beneficia Trump, poucas semanas após o seu abandono dos leais aliados curdos.  A tal ponto a eliminação de Abu Bakr perturbou Trump que ele chegara a considerar que a operação do grupo delta explodindo o líder do E.I. teria sido superior à eliminação, por um comando militar americano, do terrorista Osama bin Laden, em 2011, preso no seu esconderijo no Paquistão, e levado para o Oceano Índico, em cujas profundidades foi lançado o cadáver daquele que infligira o desastre do Onze de Setembro das Torres Gêmeas  por operação realizada por outro grupo de elite americano. Ainda a esse respeito, Donald Trump sugeriu que matar al-Baghdadi foi feito maior do que liquidar Bin Laden.  Como se sabe, foi durante a presidência de Barack Obama que se procedera à operação de outra força de elite americana, os Navy Seals, que localizara, liquidara e conduzira o cadáver de Bin Laden até a vastidão do Indico, em cujas profundezas foram lançados os restos mortais de terrorista da al-Qaida, em operação que foi acompanhada na Casa Branca pelo então presidente Obama e sua Secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton.

(Fontes: O Estado de S. Paulo e a TV Globo, que retransmitiu a exitosa operação do Governo Obama)  

Crivella, flagelo do Rio de Janeiro?


                       
        Nada como sair às ruas para ser relembrado -  com gradações de brutalidade - dos perigos que cercam[1] os pedestres no Rio de Janeiro. Os leitores do blog já terão presente das minhas advertências sobre os riscos que corre o carioca, em consequência da displicência - to say the least - que o pedestre nas calçadas do Rio de Janeiro tem de enfrentar pelo descaso das autoridades municipais em zelar pela sua segurança.
              Não é decerto um fenômeno repentino, mas ele se tem agravado, tanto nas ruas, quanto nos passeios públicos, em função da negligência - ou do completo abandono - pela autoridade municipal em assegurar um mínimo de atenção e, porque não dizer, respeito dos ciclistas aos moradores do Rio.

              O que acontece nos passeios públicos e nas ruas da antiga Capital é justamente o contrário, na verdade uma selva de desrespeito ao pedestre, que se corre riscos ao atravessar as artérias da VelhaCap, enfrenta decerto muito maiores, ao fiar-se na suposta segurança das calçadas.
  
              Pois é aí que ultimamente se vem alojando o perigo, oriundo do fato de que bicicletas, e até mesmo aquelas motorizadas, prefiram "trafegar" pelas calçadas, do que obedecer às mãos das ruas e avenidas, por onde deveriam passar. Como não há de parte da prefeitura do senhor Marcelo Crivella nenhuma fiscalização, os ciclistas - inclusive aqueles em veículos motorizados, eles acham mais "cômodo" e seguro circular pelas calçadas, ignorando a segurança dos pedestres e o fato de que manda o bom senso que calçadas são para pedestres, e os logradouros para os ciclistas... A desfaçatez desses jovens - é raro ver um ciclista mais entrado em anos desrespeitando a lei do trânsito - chega ao ponto de virem pela contra-mão, junto ao meio fio, o que aumenta o risco de que o pedestre venha a ser atropelado, o que é muito fácil de intuir, por que as pessoas ao atravessarem as ruas costumam ter presente as mãos respectivas, e é pouco provável que em artéria de muito movimento o pedestre vá atentar, em se tratando de meio-fio, se alguém vem pela contra-mão. Quem manda nisso são muitos anos de reflexos condicionados, e é por isso no mínimo imprudente de parte do ciclista que ele desrespeite a mão de uma grande artéria de circulação, a que todos os moradores das vizinhanças conhecem - e muito bem - qual o sentido de sua direção.

                   Além da imprudência e da leviandade dos condutores jovens, o maior responsável por essa desordem urbana é o próprio prefeito, que não faz cumprir a lei, deixando a cada ciclista - ou motorista - que decida pelo que lhe dá na cabeça como proceder na selva urbana do Rio de Janeiro.

                        O senhor prefeito fala muito de Paris, e de sua ordem urbana. Não vou dizer que lá os ciclistas não respeitem as normas do trânsito, mas basta circular um pouco pela Cidade-Luz para ter presente que os seus ciclistas têm proteção para a cabeça, respeitam os semáforos e não andam em calçadas, sem falar de que se integram em uma coletividade que age com atenção no que tange ao tráfego.
                          Enquanto o munícipe nos Detrans da vida têm que ler cartazes que dizem loas ao respeito prestado às leis do Trânsito - o que é tristemente negado pela realidade - seria preferível que os cidadãos tivessem nas ruas da ex-Cidade Maravilhosa uma proteção real, que costuma ser implementada por agentes municipais presentes e atuantes, os quais assegurem que os ciclistas se conscientizem das regras do trânsito e da necessidade de respeitá-las. Desaparecerá, então, a chamada farra das bicicletas, em que as calçadas são palco permanente dos ciclistas. Perante a inação da prefeitura, para o ciclista é de longe preferível que a calçada seja a sua área permanente (ou quase), não obstante os óbvios transtornos e mesmo acidentes que possa provocar para o transeunte.

( Fonte: vida carioca )


[1]  em português não há comparação com o verbo lurk, do inglês, com o seu significado de ameaça com inesperado perigo.

domingo, 27 de outubro de 2019

Sínodo sobre a Amazônia: Relatório Final


                       
        Passadas três semanas, os padres sinodais apresentaram ontem, 26 de outubro, a Papa Francisco, o relatório final do Sínodo sobre a Amazônia. São 120 parágrafos, divididos em cinco capítulos. As propostas abrangem desde a conceituação de o que é peca-do ecológico até a maior participação das mulheres na liturgia católica. Levados em conta os costumes da época, a mais polêmica é a proposta do parágrafo 111, para que, tendo presente os casos e a necessidade, homens casados possam ser ordenados e dispensados, por conseguinte, do celibato. É notório que "há enormes dificuldades de acesso à Eucaristia" no território amazônico, ficando meses ou até "vários anos"  sem a presença de um sacerdote.

           Nessas condições, para diminuir o problema, os padres sinodais pedem ao Papa que autorize a ordenação de sacerdotes sem a exigência do celibato clerical - desde que, frisam, sejam "homens idôneos e reconhecidos pela comunidade, que tenham diaconato permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiteriado". Estes padres, segue o texto, teriam "uma família legitimamente constituída e estável".

             Todos os parágrafos precisaram ser aprovados, em assembleia realizada ontem, por pelo menos dois terços dos padres sinodais - aqueles participantes com direito a voto. No encontro final, estavam presentes 181. De todos os itens, o 111 foi justamente o que teve menor índice de aprovação - foram 41 votos contrários.

             Como já se esperava, o documento tem forte apelo ambiental e cobra posturas inclusivas junto aos pobres, imigrantes, e a todas as "periferias do mundo". O relatório pede uma Igreja "com rosto indígena, camponês e afrodescendente", "com rosto migrante" e jovem.

                No encerramento do Sínodo, Francisco afirmou que a região amazônica sofre "todo tipo de injustiça, destruição de pessoas, exploração de pessoas em todos os níveis e destruição da identidade cultural", Segundo Sua Santidade, "a consciência ecológica nos denuncia um caminho de exploração compulsiva e corrupção. A Amazônia é um dos pontos mais importantes disso. Um símbolo", declarou o Santo Padre.

                 Dentro do conceito de ecologia integral, o Papa frisou que os problemas ambientais precisam ser vistos dentro de seus contextos sociais, "não só o que se explora selvagemente a criação, mas também as pessoas".  Ele afirmou ainda que pretende criar um órgão dentro da Santa Sé dedicado exclusivamente aos cuidados com a Amazônia.  

                 No documento, ao sugerirem o "pecado ecológico", os bispos argumentaram que o desrespeito  à natureza deve ser visto como pecado porque seria afronta a Deus e uma agressão à sua criação. Essa ideia já estava presente na Encíclica Laudato Si', publicada por Francisco em 2015." Nenhum católico pode viver em comunhão com a Igreja sem escutar o grito da Terra.  (Desrespeitar a natureza)  é um pecado, é um pecado ecológico", disse o bispo de Izirzada (Peru) David Martinez de Aguirre Guinea.

Mulheres. A maior participação feminina em celebrações litúrgicas e em papéis dentro da igreja foi abordado em cinco parágrafos do documento, sob o título "presenças e a vez da mulher"."(...) se pede que a voz das mulheres seja ouvida, que elas sejam consultadas e participem das decisões e, assim, possam contribuir com sua sensibilidade à si-nodalidade eclesial", diz o documento. O ítem 103 afirma que muitas consultas solicitam "o diaconato permanente para as mulheres". Foi o segundo ítem com mais rejeição- teve trinta votos contrários.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Fernández vira favorito na Argentina


                        
            Com o resultado das eleições primárias, realizadas em agosto,  houve uma inversão de papéis entre o presidente Maurício Macri (radical) e o opositor Alberto Fernández (peronista). A vitória de Fernández nas primárias sobre o atual presidente Macri como que quebrou um encantamento, e transformou o runner-up Alberto Fernández - escolhido pela ex-presidente Cristina Kirchner como seu candidato a presidente, ficando ela como vice na chapa.

            Com efeito, do dia para a noite Fernández tornou-se o favorito, eis que se distanciou nas primárias em quinze pontos sobre o candidato que, no exercício da presidência, agora se acha a quinze pontos atrás dele.

             Macri e Fernández terçam armas no primeiro turno das eleições platinas do dia de hoje, 27 de agosto. Todas as pesquisas apontam o opositor como vencedor já nessa rodada, com distâncias que vão de treze a vinte pontos percentuais.
              Como se assinala, na Argentina para eleger-se presidente o candidato carece obter 45% dos votos ou índice superior a 40%, desde que a distância para o segundo colocado seja de pelo menos dez pontos percentuais.

               Se Macri, ao passar de favorito para also-run, lançou a estratégia de recuperar votos nas ruas, porta-a-porta,  por sua vez Fernández começou a dialogar com o mercado, que já o considera o novo presidente da Argentina. Se de  fato Fernández vencer, ele assume o cargo no dia dez de dezembro.
                 Nos dois debates, realizados nos últimos domingos, as gentilezas cederam lugar ao acirramento de ânimos. Fernández chamou Macri de mentiroso e irresponsável, e o presidente disse  que Fernández "estava de volta com o dedinho acusador" , em que Macri faz referência a modo de se expressar e fazer ataques tanto de Cristina Kirchner quanto de Fernández, que costumam apontar o dedo na direção de quem quer que seja o alvo no momento...

(  Fonte: Folha de S. Paulo )

sábado, 26 de outubro de 2019

Incertezas sobre adiamento do Brexit


                        
           A seis dias do adiamento do Brexit, a União Europeia postergou, ontem, 25 de outubro, sua decisão sobre implementar ou não o prazo para a saída do Reino Unido. Entrementes, a U.E. aguarda a decisão do parlamento britânico sobre a antecipação das eleições, que foi proposta nesta quinta-feira, dia 24, pelo Primeiro Ministro Boris Johnson.

            Na dependência de o que ocorrer em Westminster, os representantes  dos 27 países definiram ser a terça-feira dia 29 como o prazo máximo para decidir da duração da prorrogação, dependendo de o que ocorrer em Londres. Antes de decidir  do período de adiamento, os europeus desejam ter conhecimento se o Parlamento britânico apoiará a proposta de Johnson de antecipar as eleições legislativas para doze de dezembro - a decisão será tomada na segunda-feira, dia 28 de outubro.

              "Não podemos  fazer ficção política, precisamos de fatos para tomar decisões", disse a Secretária de Estado para Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin. O governo francês defende uma prorrogação mais curta do Brexit - não até 31 de janeiro, como pedira Johnson. A decisão da UE deixa em branco uma nova data para o Brexit.  Segundo diplomata europeu, estaria entre adiamento flexível de três meses ou um de duas semanas.
                   Na primeira opção, o UK sairia em 31 de janeiro, mas poderia ser até mais cedo se o país e a UE ratificassem acordo antes deste prazo. A segunda incluiria outra data específica para a saída britânica.
                     Deve-se considerar que se Theresa May fora derrotada - e por três vezes - no acordo previsto para a Irlanda britânica, agora, Johnson conseguiu aprovar no Parla-mento os termos da saída que ele negociara com a U.E. dias antes. Sem embargo, os deputados se recusaram a tramitar o projeto de lei em regime de urgência. "Um parlamento  zumbi não é bom para ninguém, " observou  nesta sexta 25, o ministro das Finanças, Sajid Javid.

                       O acossado Premier exigira uma eleição antes do Natal, para acabar com o que rotulou  de "pesadelo" do Brexit, admitindo por conseguinte que não conseguirá cumprir o prazo do dia 31. Nesse mesmo quadro, de falar grosso em posição de fraqueza, e para pressionar o Parlamento - onde ele é minoritário - pediu para antecipar novas eleições para o dia doze de dezembro. Para tal, no entanto, o Primeiro Ministro precisa da concordância de dois terços dos deputados - o que significa apoio da Oposição trabalhista.

                        No entanto, o falastrão Boris Johnson fala grosso, consciente embora que depende da boa vontade do líder da Oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn. Na sua rogatória de apoio para novas eleições, Johnson pede apoio para convocar novas eleições:  "acabe com o pesadelo e dê ao país  uma solução o mais rápido possível". E ainda no mesmo tom , não recua diante da ameaça: "prolongar esta paralisia até 2020 teria consequências perigosas".

                         Dentro de seu estilo de falar grosso, sem dispor de situação em que possa ditar ao partido trabalhista as condições, a resposta de Corbyn para Boris Johnson na verdade reflete a realidade da situação, em que o fanfarrão Johnson não tem condições de impor a anuência de Corbyn. Por isso, o líder trabalhista exigiu primo que a possibilidade de um Brexit sem acordo, no dia 31, seja descartada, o que poderia ser atingido com uma prorrogação do brexit por parte da U.E. Tampouco o líder do Labour concordou com a data das eleições, alegando que é demasiado próxima do Natal.
                           Por outro lado, diplomata europeu alertou a 25 do corrente, que a data do adiamento, dada como certa na U.E., dependerá "da decisão do Reino Unido de realizar ou não eleições antecipadas". "Os 27 países não querem ser um brinquedo nas aventuras britânicas", disse o diplomata.  Por sua vez, a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, admitiu também ontem que o bloco concordou com "a extensão", mas observou que os diplomatas continuarão trabalhando no assunto nos próximos dias.
                             Por enquanto, há um desencontro sobre o que possa acontecer em futuro próximo.  A opinião pública inglesa demonstra um crescente mal-estar em termos de o que vá ser decidido nesse momento. No Labour, há um líder que não tem o carisma de outros líderes do partido de Attlee e Harold Wilson. Jeremy Corbyn se enquadra um tanto nesse momento de não excessiva presença de líderes fortes junto ao Povo inglês, que continua a manifestar-se em muitas oportunidades não para o Brexit, tão prenhe de ameaças e incertezas,  mas pelo recurso de um segundo plebiscito, dadas as incertezas que cercam a consulta de 2016, que levou de roldão o medíocre David Cameron, a própria Theresa May, que do campo Remain - favorecendo o voto pela permanência achou oportuno, depois do malogro no referendo mal conduzido,  tentar a senda sinuosa do Brexit, com os resultados que estão aí.

                                   Por outro lado, o presente Premier Boris Johnson - que não impressiona decerto por firmeza e bom senso - não transmite a impressão de ser personalidade  à altura do desafio dessa hora em que a velha Inglaterra se defronta com esse desafio toynbeeano - a que o  distante sucessor de Winston Churchill e do ainda mais longínquo Benjamin Disraeli (1868 e 1874-1880) não transmite aos contemporâneos a impressão que esteja ele à altura desse desafio toynbeano, uma situação decerto prenhe de dificuldades e incertezas, em que, a par do medíocre líder do Labour, Jeremy Corbyn,  Johnson está na linha pouco promissora, personificada pela sua antecessora Theresa May e para o criador de toda essa confusão, o ex-Primeiro Ministro David Cameron, que convocou o mal-pensado, inoportuno (inclusive pelo período estival) e desastroso referendo de 2016, que, ao parecer, jogou na lata do lixo o sonho de várias gerações de grandes líderes ingleses, convocando por uma estulta vez repetida essa abertura de cancela para que afinal deixasse partir o sonho de tantos ingleses, e em especial de sua juventude, nessa estulta repetição de uma pergunta que já fora eloquentemente respondida por uma geração de políticos ingleses, que crescera diante do fracasso da Associação de Livre Comércio, e que lograram realizar o sonho de uma brilhante geração de políticos ingleses,  afastada a barreira gaulesa com o desaparecimento, pela  morte do general Charles de Gaulle, o não desse líder francês ao ingresso da Inglaterra no então Mercado Comum. 


( Fontes: O Estado de S.Paulo, Arnold Toynbee, experiência diplomática )



sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Embaixador americano admite pressão de Trump


             
       A situação de Donald Trump tornou-se mais precária, ao reconhecer o embaixador  dos Estados Unidos na Ucrânia, Bill Taylor, que o presidente pretendia reter a ajuda militar  àquele país, até que ele declarasse publicamente a reabertura de investigações contra o seu principal rival democrata, o ex-Vice presidente Joe Biden. Tais declarações foram feitas em depoimento  à comissão responsável na Câmara de Representantes - hoje com maioria democrata - pelo inquérito do impeachment.

          "Durante telefonema, o embaixador Gordon Sondland me disse que Trump queria que o presidente da Ucrânia Volodmir Zelensky declarasse publicamente  que a Ucrânia investigaria Biden e a suposta interferência ucraniana nas eleições americanas de 2016", afirmou Taylor. 

              Sondland tentou explicar esse desatino de Trump como uma consequência de sua mentalidade de empresário. Taylor  a esse propósito disse: "Argumentei que a explicação não fazia sentido: os ucranianos não deviam nada ao presidente e segurar a ajuda militar por uma questão política  interna era uma loucura."

               A situação presente de Trump deve conduzir à declaração do impeachment pela Câmara de Representantes, em que atualmente a maioria é democrata. Mutatis mutandis, a situação recorda o processo de impeachment contra o democrata Bill Clinton, que foi aprovado então na Câmara de Representantes, mas derrubado no Senado Federal.  Semelha provável, que o impeachment de Trump seja declarado pela  Câmara de Representantes, mas que não seja aprovado pelo Senado, como também acontecera com Bill Clinton. Atualmente, o Senado Federal tem maioria republicana...

( Fontes: O Estado de S. Paulo  e acompanhamento da crise de então pelo autor )

Trudeau vence no Canadá, mas é minoritário


                        
          O Primeiro Ministro Justin Trudeau foi reeleito a 22 de outubro corrente, sem no entanto alcançar a maioria absoluta no Parlamento. Em consequência, terá um governo minoritário. Essa debilidade o obriga a negociar com as demais forças no Parlamento qualquer proposta legislativa. Além disso, enquanto não montar uma aliança estável, corre o risco de ser derrotado em eventual moção de confiança.
               O Partido Liberal, liderado por Trudeau, elegeu 157 deputados, em Parlamento de 338 cadeiras, treze a menos do que a maioria de 170 indispensável para governar sem depender de alianças. Por sua vez, o Partido Conservador - que é o grande opositor - elegeu  121 deputados.
                   As outras três forças políticas, importantes para a eventual sobrevivência política do Premier, são os Novos Democratas (24 deputados), o Bloco do Quebec (32 deputados). e os Verdes, que elegeram três. Existe ainda um deputado independente.
                     No que foi um processo caótico de eleição, enfraquecido  por acusações de ingerência política em questão judicial, ele também apareceu em velhas fotos, em que usava maquiagem para parecer negro. Trudeau admitiu que a conduta é racista, mas que "na época não tinha consciência  disso",
                       De qualquer forma,  os canadenses engoliram com reservas os deslizes do Premier e lhe outorgaram mais um mandato.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )



Frente Ampla cresce nas pesquisas


                        
       A 'Frente ampla', de esquerda, subiu nas pesquisas - as respectivas intenções de voto passaram de 33% para 38%, para as eleições presidenciais do próximo domingo no Uruguai, enquanto a oposição se mantém estagnada, conforme indica sondagem do centro de pesquisas Cifra.

           Não obstante o avanço, a Frente Ampla - que busca um quarto mandato após quinze anos no poder - e o Partido Nacional,  de centro-direita,  devem ir para um segundo turno em novembro, eis que não dispõem de aliados que lhes garantam desde já uma vitória previsível.


 ( Fonte: O Estado de S. Paulo )           

Ainda o 'presente de grego' de Trump


                
       O ignóbil abandono por Donald Trump dos soldados curdos,  a que já me referi em blogs anteriores, vai adiante nas suas lamentáveis consequências para a corajosa milícia curda.
          Anuncia-se agora que a Federação Russa e a Turquia mobilizarão patrulhas conjuntas no Nordeste da Síria, após completado o desarmamento das milícias curdas na região.
            Esta é a notícia dada pelo ministro russo das relações exteriores, Sergei Lavrov, após a reunião entre os presidentes russo Vladimir Putin, e o turco Recep Tayyip Erdogan.

        As milícias curdas, torpemente abandonadas por Trump, afirmaram haver cumprido "totalmente" as condições da trégua - que venceu a 22 de outubro - negociadas entre os Estados Unidos e a Turquia.  Segundo esse "acordo", as milícias curdas teriam de sair de área de 32 km na fronteira entre a Síria e a Turquia, que Erdogan  quer transformar em "zona de segurança". Os Estados Unidos prometeram não aplicar sanções  contra Âncara, se ela mantiver o cessar-fogo.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

O Brexit ou a Escolha da Mediocridade


                   
           Tanto em Theresa May, quanto no seu sucessor, Boris Johnson, a deterioração da posição inglesa é uma incômoda realidade. Em passado demasiado recente, a Inglaterra escapara de que as inúteis convocações de referendo para sair da União Europeia tivessem êxito, por uma conjunção de fatores que impedia que o desejo de dar as costas à Europa se realizasse.  O sonho imperial continuou a fermentar, levando primeiros ministros como Tony Blair a aceitar como válido que o Reino Unido brincasse com o apelo do abismo, e sob vários pretextos concordasse com a realização de tão inúteis quão perigosos referendos, que em arriscado, leviano mesmo jogo,  para atender a apelos da direita e dos saudosistas da grandeza imperial - e uma vez mais correr o risco de que os sonhos dos nostálgicos do antigo poder imperial e da Inglaterra rainha dos mares os arrancassem da terrível decadência - e o que ainda pior lhes parecia a tais fantasmas do passado, a convivência diuturna nos salões da autoridade europeia, o que representava a confirmação de que a Rainha dos Mares ora vivia cercada pelos anões do Continente.

                 Esse temor difuso da pequena Europa - e o leitor me perdoará a repetição - já se poderia observar nas visitas de David Cameron à sede em Bruxelas da União Europeia. Via-se nas transmissões televisivas o próprio desconforto, como se ele se sentisse incomodado na assemblear companhia dos representantes daquela pequena Europa, que acorrem, numerosos, aos grandes salões da Organização Europeia - e o fazem com orgulho, dada a conquista que o organismo de Bruxelas reflete do sonho multissecular - a conjunção de pequenos povos e, até mesmo, grandes que tinham superado séculos de desperdício por meio de governo que a todos representa, e que pela sua presença implica na superação de continente que era presa de infindáveis rixas, disputas  e conflitos,  expressos seja em mofinos dissídios, seja  em enorme  e até agressivo esbanjamento da riqueza, consumida tanto em áridas querelas, quanto na desunião  de contínuas rixas, e incessantes pequenas guerras, na grande mas também confinada Europa, a consumir-se nas porfias das ambições respectivas, que sóem traduzir-se em lutas intermináveis.                                                             

              Por causa de mais um referendo que Cameron pensara fosse pro-forma,  o Reino Unido veio, numa sucessão pouco feliz de primeiros ministros, cair em inútil, leviana prova, em que díspares ambições se digladiam. Convocado para o verão, depois da estúpida morte de uma representante trabalhista, abatida por um débil mental pro-Brexit, que mais se poderia esperar dessa provação artificial, escolhida para o esparso mês estival, senão o reencontro com um destino que gerações com luzes maiores haviam no passado sabido rasgar, ao aceitar o desafio de uma organização que crescia, a um império que tão lenta, quanto seguramente acenava reconciliar-se com os reptos de um presente que inda por vezes rejeitava ver-se no espelho de um destino que, por ser comum, devia ser aceito com a mesma indústria e determinação que lhe assinalavam a história.

                      Agora o destino da antiga rainha dos mares parece haver caído nas mãos de quem, apesar de entrado em anos, ainda semelha um jovem,  com personalidade briosa mas por vezes inconsequente. Ao vê-lo encolhido no assento reservado a outras grandezas, ao espectador há de assustar a aparência quase juvenil, de alguém que, por artes desconhecidas, foi parar em tais alturas, as quais, no entanto, pelo ar enrodilhado, dá a impressão de não estar no lugar certo, aonde o precederam dignas, graves e estáticas figuras, talvez procedentes de outras situações que o mundo lá fora terá feito esquecer.
                           E, sem embargo, por quê esses enrodilhados senhores não atentam para a sempre nova realidade de um povo ora insatisfeito, a quem não agrada a volta ao passado e sim o mergulho confiante na nova - e velha - realidade do Mercado Comum, que mais passe o tempo, mais segura e, sem embargo, generosa se aparenta, porque, se passaram os dias do domínio dos mares, descerrou-se às ilhas que o povo romano abrira para o Continente, um novo futuro comum, cujo desafio será por elas arrostado com a marca e a força de sempre.                      
                              Não mais figuras que parecem temer novas intempéries, como se os calafrios das roupas inadequadas lhes entorpecessem o ingresso em novos ambientes. É mais do que tempo de abandonar as maneiras confrangidas e os baldos intentos de escapar de novos, imprevistos desafios.

                                É hora de transformar velhas roupas em novos trajes e, ao invés de enrolar-se em cediços abrigos, aceitar o repto do presente, acolhido com alegria pela passada geração, e abraçá-lo com o mesma força e destemor que os acompanhara em passagens pregressas, e que o Povo generoso, que nas ruas evidencia o juízo de que nunca será  tarde para refazer o velho caminho, e abraçar com a antiga força o desafio que o rochedo de Gaulle pensara colocar-lhes à frente, e que carece de ser vencido, para que o Povo britânico se junte à provada experiência, a que se devem abandonar as antigas ilusões que o Passado retém consigo, e que aos campos santos  pertencem.


( Fontes:  O Estado de S. Paulo e leituras pregressas )

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Crise na eleição bolíviana


                            

         Em meio à apuração confusa, a Bolívia permanecia ontem, 22 de outubro, em compasso de espera para saber se haverá ou não segundo turno nas eleições presidenciais.  Enquanto os votos eram contados com grande lentidão, se espalhavam os protestos contra o governo de Evo Morales, acusado de fraude, por várias cidades do país. Por sua vez, a OEA - que monitorou a votação - convocou reunião para discutir a crise.
               A reunião  do Conselho permanente da OEA será hoje, em Washington, às 11 horas. Assinale-se que a sessão em tela foi convocada a pedido do Brasil, Canadá, Colômbia, EUA e Venezuela para considerar a situação na Bolívia.
                Ontem, os dois principais candidatos disputavam a eleição voto a voto. De acordo com a legislação boliviana, para vencer no primeiro turno o candidato precisa obter 50% dos votos válidos ou pelo menos 40% do total, com vantagem de dez pontos percentuais sobre  o segundo colocado.
                  Com 95,17% das urnas apuradas, Evo tinha 45,85% dos votos.O ex-presidente Carlos Mesa recebera  37,54 - uma diferença de 8,31 pontos percentuais.
                   A medida que a apuração caminhava para o fim, no entanto, Evo ampliava lentamente a vantagem, embora no quadro estatístico parecia  difícil que ele ultrapassasse  os dez pontos percentuais. 
                      No entanto, o presidente Evo Morales, há 14 anos no poder sem nunca ter disputado um segundo turno, não parecia disposto a alongar uma disputa que ele dificilmente venceria contra a oposição unida.
                        A confusão na apuração começou logo após cerradas as urnas, no domingo.  O sistema de contagem rápida - procedimento estatístico com base em amostragem  dos votos, criado para prever o resultado oficial  - foi interrompido quando mostrava uma estreita vitória de Evo (43,9% a 39,4%). Sem qualquer explicação, o órgão eleitoral da Bolívia então  interrompeu o processo de forma repentina.
                             Depois de 24 horas de críticas e acusações de fraude, a contagem rápida voltou.  Nesse contexto, com pouco mais de 95% das urnas apuradas, Evo repontou com 10,13% pontos percentuais de vantagem.  A missão de observadores da OEA qualificou de "inexplicável" a súbita alteração na tendência da votação. Nesse sentido, a missão declarou que a "confiança no processo eleitoral" estava em risco.
                               Essa declaração foi suficiente para desatar uma onda de protestos, que começam em La Paz, na noite de segunda-feira, dia 21, e se espalham rapidamente para outras cidades.
                                 Grupos civis ligados à Oposição convocaram uma greve. Está-tua do presidente venezuelano  Hugo Chávez, aliado de Evo Morales, foi queimada na cidade de Riberalta, na Amazônia boliviana.  Manifestações de protesto foram também registradas em Tarija, Cochabamba e Cobija, onde a polícia agiu para dispersar a multidão que protestava.  A violência também se estendeu a Sucre e Potosi aonde manifestantes  atearam fogo em tribunais eleitorais - em Potosi, duas pessoas escaparam  do fogo saltando pela janela.
                                       Por sua vez, com o aumento da pressão, a porta-voz do Tribunal Eleitoral em Chuquisaca, Olga Martinez pediu demissão em caráter irrevogável: "reitero à sociedade boliviana meu compromisso com a democracia", escreveu Olga, em carta, sem dar maiores detalhes.
                                         Por outro lado, Carlos Mesa, o candidato oposicionista assim se manifestou: "Não reconheceremos esses resultados que são parte de uma fraude consumada de maneira vergonhosa",
                                           E Mesa assim completou seu protesto: "Não reconheceremos esses resultados que são parte de uma fraude consumada de maneira vergonhosa e está colocando  a sociedade boliviana em uma situação de tensão  desnecessária", afirmou  o opositor Mesa. "Estão roubando nosso direito de estar no segundo turno."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Senado aprova texto-base da Previdência


                        
         Ontem, 22 de outubro, o Senado Federal aprovou em segundo turno o texto-base  da reforma da Previdência, que altera as regras da aposentadoria no Brasil.  A votação deverá ser concluída hoje, 23 de outubro, com a análise de destaques que podem reduzir  em R$ 76,5 bilhões a economia de R$ 800.3 bilhões prevista  para dez anos.

              Com efeito, a adoção da idade mínima - considerada o ponto central da reforma, que já tramita há oito meses no Congresso - retira o país de um grupo pequeno  de nações que ainda permite a concessão do benefício com base apenas no tempo de contribuição.
               Em 2019, a previsão é de que o déficit do INSS e dos regimes próprios de servidores federais civis e militares chegue a R$ 292 bilhões.
                 Ontem, a Bolsa chegou  a 107,4 mil pontos e o dólar estadunidense recuou 1,34%,  passando  para R$ 4,07.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Protestos e confrontos na América andina


                           

          Encetados pelas manifestações no Equador - notadamente dos indígenas - contra a alta dos combustíveis, em protestos estes que foram violentos o bastante para forçar a fuga do presidente Lenin  Moreno - que substituiu Rafael Correia - para o litoral equatoriano, agora surgem os protestos no Chile, que assinalam grande insatisfação contra a elevação tarifária relativa aos transportes coletivos.
             Nesse contexto, milhares de pessoas voltaram ontem - e pelo quarto dia seguido - às ruas de Santiago na onda de manifestações mais violentas desde o fim da ditadura, com onze mortes,sendo que mais de dois mil foram presos, e centenas ficaram feridos desde o começo dos distúrbios, ocasionados notadamente pela elevação nas tarifas do metrô.
              Episódios de vandalismo e saques levaram o presidente Sebastián Piñera a afirmar que o país estava "em guerra". A declaração presidencial acirrou ainda mais os ânimos, a ponto de levar o general do Exército Javier Iturriaga a contradizer o Presidente: "Eu sou um homem feliz e não estou em guerra com ninguém."
                O tom belicoso do presidente Sebastian Piñera provocou reclamações gerais, que podem ser resumidas na frase "não existe guerra no Chile", e sim enorme insatisfação social com as condições e oportunidades de vida no país..

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Netanyahu desiste; Gantz é chamado para chefiar coalizão




      O  Primeiro-Ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, desistiu a 21 de outubro de formar governo. Em consequência, o presidente israelense, Reuven Rivlin, encarregou o líder da oposição, Benny Gantz, a negociar nova coalizão.

        Nas duas eleições legislativas que foram realizadas - em abril, Netanyahu não conseguiu formar gabinete, o que levou à dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições, que se realizaram em 17 de setembro.  Com o fracasso de Bibi, cabe agora a Gantz missão de montar aliança que evite uma terceira eleição em menos de ano.

          São necessários 61 deputados para ter maioria no Knesset.  A coalizão de Netanyahu tinha apoio de 55 deputados; a de Gantz, de 54.  Entre eles, como tertio gaudens, estava Avigdor Lieberman, como líder do partido leigo Yisrael Beitenu. Sendo secular, o que inviabilizaria uma coalizão com os partidos religiosos, e também nacionalista, o que igualmente dificultaria um gabinete ao lado dos partidos árabes.

             Para fechar o quadro, a solução possível  - uma aliança dos dois grandes - é, na aparência, inviabilizada pela promessa de campanha de Gantz de não formar aliança de governo com o premier, que está há dez anos no poder.  A alternativa seria a renúncia de Bibi ao comando do Likud, o que ensejaria o acordo, mas que, em retirando as imunidades do atual Primeiro Ministro, Bibi ficaria exposto ao inexorável  indiciamento pelo Procurador-Geral, por três casos de corrupção...

             A meu modesto ver, a despeito dos obstáculos, a vontade de governar e os encantos do poder poderiam criar as condições de que tais obstáculos possam vir a ser de algum modo superados. A imaginação política dessas duas raposas deve afinal servir-lhes para algo. De qualquer forma, tanto Gantz quanto Bibi terá agora 28 dias para formar Gabinete. Se nenhum dos dois conseguir, o presidente Revlin pode incumbir um terceiro nome para assumir o cargo, ou, o que semelha mais provável, convocar novas eleições...

                 Dadas as dificuldades e o jogo de vetos que inviabiliza muitas soluções - ao sinalizar que será um governo liberal, o partido de Gantz sinaliza que limitará a influência dos religiosos.  É de notar-se que os ultraortodoxos gozam de muitos privilégios - não são obrigados a servir no exército (regra que se aplica sem restrição de gênero). Por outro lado, o mágico - alcunha de Bibi - ficou sem truques, como diz Ayman Odeh, líder da Lista Árabe. Ele acusa o premier de acirrar o ódio aos árabes, para mobilizar a respectiva base eleitoral :
"Espero que tenha sido a última vez que Netanyahu incentive o ódio aos cidadãos árabes de Israel no cargo de  premier" enquanto modus faciendi de manter o poder.  


( Fonte: O Estado de S. Paulo )