O desenvolvimento das
relações entre o Presidente e o seu Ministro da Justiça, se acaso fosse
previsto nas primeiras semanas do governo Bolsonaro, seria desmentido como se
fora estapafúrdia intriga adrede inventada acerca do Chefe da Nação e o posto ministerial de
maior antiguidade e, por conseguinte, que se distingue por sua formal
precedência com respeito aos demais.
O Juiz Sérgio Moro é uma das
grandes figuras, senão a maior, no conjunto do ministério de que Jair
Bolsonaro, enquanto Presidente da República constitui o topo da escala
hierárquica.
Para muitos, o juiz Sérgio Moro
não representa apenas um ídolo, mas igualmente um símbolo através de sua
presença, com a própria autoridade acrescida por um longo processo de resgate
do respeito à República, marcado por uma liderança nos horizontes da política,
antes conspurcados por série de pequenos e grandes escândalos.
Encarnar a Lava-Jato, esse
longo processo judicial cujos degraus formam a base de uma arquitetura sóbria,
severa mas sopesadamente justa em que a metáfora da limpeza e simplicidade constitui símbolo do firme projeto de resgate
da nacionalidade e do coletivo auto-respeito. Não é decerto por acaso que a
imagem de correção e limpeza de tal magna operação de resgate da nacionalidade
se sirva do traço simples de modesta
estação de lavagem de veículos.
Para a nacionalidade
brasileira, essa grande Operação em que avançaram enquanto partes de uma única
magna empresa as corporações da Magistratura e do Ministério Público, unidas
que foram por esse grande e singular projeto em nossa História que reivindicou a volta plena da Justiça às terras de nosso País,
no passado por demais atingido por
práticas inaceitáveis, que não só atingiam, mas também desfiguravam para alguns
a face austera da Justiça. Por isso, a Lava-Jato não é, nem nunca foi, qualquer
campanha de ocasião, pois na verdade reveste desígnio tão perene quanto
histórico, nessa memorável travessia da nacionalidade, em que a Magistratura,
que os muitos vêem simbolizada por um simples
juiz singular, que se torna para incontável número de brasileiros não só signo
de uma Justiça renovada, fundada em republicana firmeza, pelo exemplo e pela
coerência, que só se atém aos autos do processo, que torna real o velho
simbolismo das estátuas, e tendo como estrela-guia o cintilar de Justiça acima
das antigas humanas contingências, ao passar a fundar-se de forma exclusiva nas
vigas mestras da Lei, sem quaisquer exceções
de conveniência, e a todos seus devedores aplicada, dentro do espirito e da latitude da Lava-Jato, constitui
promessa perene de respeito a seus princípios, seguindo sempre o caminho da
Nacionalidade, em que a esperança a todos os brasileiros em ambiente de
respeito à Lei e de renovada confiança em um Brasil mais justo e igualitário.
( O Globo e O Estado de S. Paulo )_
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