sexta-feira, 9 de agosto de 2019

A Crise do Brexit


                                   
         Dadas as características de temperamento e de atitude do Primeiro Ministro  Boris Johnson, como já antecipado em blog anterior, cresce a chamada crise do Brexit, especialmente se tivermos presente a modalidade que revestiria tal crise política, com reflexos econômicos e financeiros que devem distingui-la - e de forma radical - das assim chamadas crises de governo di normale amministrazione.

            A postura atitudinal do novel Primeiro Ministro não tem  - e este, leitor amigo, é o que se poderia definir como o  understatement dos understatements - não tem dado à opinião pública inglesa, bem com ao chamado mercado  qualquer indicação de que o seu hard Brexit será feito em condições de normalidade democrática.

             Ao colar ao seu hard Brexit, a qualificação de no deal (sem quaisquer condições negociadas), a jogada que Mr Johnson está encenando é típica do blefador em uma mesa de poker. Ignorando avisos e alertas de personalidades relevantes, o primeiro ministro inglês encena ao que parece ter encontrado como "eureka" essa postura atitudinal do jogador que pensa quebrar as barreiras encenando nessa separação litigiosa um o "que tudo mais vá para o diabo".

             Se a questão em tela fosse assim tão simples, quando semelha querer parecer fazê-la o Primeiro Ministro - e existe um termo em português vulgar, que define à maravilha - a atitude de alguém como ele que atua como se pouco lhe importasse "que tudo mais vá para o inferno". Pois é justamente essa conjuntura em extremo negativa que se configuraria, como uma bela crise econômico-financeira a adornar postura atitudinal de Mr Johnson, em que a real possibilidade de crise econômica se configura, com a sua cadeia de consequentes desastrosos efeitos. E dados os elementos envolvidos e desencadeados com a postura verbal irresponsável, é de entender-se que o Primeiro Ministro britânico seja confrontado com iniciativa do líder da Minoria Jeremy Corbyn, que se dirigiu ao Secretário do Gabinete, Sir Mark Sedwill, para que determinasse que o Primeiro Ministro não possa levar avante o seu Brexit não-negociado. Por outro lado, Andy MacDonald, Secretário do Shadow Cabinet  instado a que infundisse bom senso e sanidade mental no Primeiro Ministro Boris Johnson, dirigiu-se ao Secretário do Gabinete, Sir Mark Sedwill,   para que leve a sanidade mental ao  P.M Johnson, eis que seria uma loucura,  na avaliação de muitos, empreender essa marcha, dispondo apenas de uma maioria de um  único voto.

            Com efeito, parece absurdo se não é risível, que alguém se proponha a apelar para uma maioria desse porte, para completar a manobra de um Brexit com a solução de uma união aduaneira, o que, na verdade, reproduz  o esquema que o gabinete de Theresa May tentara fazer aceitar pelo Parlamento, e que fora rejeitado por três vezes dada a suspicácia  de que estivesse envolvida alguma afronta à soberania britânica.
   
        Dessarte, em atmosfera de crise política iminente, o Primeiro Ministro Boris Johnson é acusado de "quebrar a economia", em face de suas ameaças de não negociar o Brexit.  Com efeito,  crescem os temores de uma recessão induzida pela irresponsabilidade desse mesmo Primeiro Ministro em levar avante, de forma churchilleana, esse mesmo Brexit, enquanto já surgiriam os primeiros sinais na economia inglesa de que se vá enfrentar uma recessão politicamente induzida, como, de resto, os dados britânicos dos organismos competentes já proporcionam dados inquietantes quanto ao futuro próximo dessa economia na terra de Sua Majestade.

( Fontes:  The Independent, Folha de S.Paulo , Roberto Carlos)     

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