A última ressaca - e
nesse ano borrascoso não as tem faltado - fez surgir na altura do mirante do
Leblon, junto às rochas, uma nesga de praia, com as suas brancas areias que o
mar revolto trouxe para o carioca.
Para o corrente fim de semana,
haveria outra ressaca. Dela depende a permanência daquele precário espaço, de
areias de cor marfim esmaecido, a que o carioca saudou com o entusiasmo devido
aos dons de Mãe-natureza.
Se anunciam para breve outras
rebordosas no mar, e não está escrito que essa inesperada dádiva vá permanecer por muito.
A mentalidade do carioca é de
fruir desse inesperado espaço que trouxe o inquieto mar que lá brinca de
chocar-se contra as nuas rochas, que, ao parecer, sequer toleram a coleante
ciclovia.
Quanto tempo vá durar essa
praínha, é aposta arriscada, com o mar-oceano que brame na noite, e de que os eventuais usuários podem valer-se, a leur risque et péril, em descendo pelas negras, corrugadas e velhas
rochas, até o regaço das alvas areias que, qual dom do Atlântico, podem partir
tão de repente quanto surgiram.
( Fonte: O Globo )
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