Miriam Leitão
Miriam Leitão está, sem sombra de dúvida, no
círculo dos principais colaboradores de O Globo, - hoje firmado como o maior jornal do Rio de
Janeiro, e não é aqui decerto o momento de reportar-me a outros tempos, em que
a primazia era disputada por pelo menos outros três grandes diários, Correio da Manhã, Jornal do
Brasil, e Última Hora, sem esquecer tanto o Jornal do Commercio, que datava ao
que parece da Independência e que lutava para continuar a circular, e o combativo
Diário de Notícias.
Mas nessas salas de leitura que amiúde
caracterizam aqueles que guardam nas suas estantes a crônica de sua passagem, o
nome de Miriam Leitão constitui
referência de grande interesse para a maior parte de seus leitores, embora se
deva lamentar que, pelo seu brilho e o respeito despertado por suas opiniões, já
teve de enfrentar momentos difíceis. Se tivermos presente que tais experiências
representam não raro o preço, ainda que descabido, pago pela coragem no desempenho do
respectivo mister, por vezes amargas e
desagradáveis, tais experiências se associam à personalidade, que cresce em
consequência. Assim, se se depara o valor como merecedor de palmas e de belas
palavras, esse mesmo valor há de transparecer, passados os dissabores do
momento, como uma estranha medalha, que mais resplende com o passar do tempo.
Com o perdão pela
digressão, o comentário hodierno - como
recuperar a imagem queimada - além das oportunas informações sobre o trabalho da
Ministra Marina Silva e o porquê da contribuição da Noruega - decerto um
esforço daquele país, que deveria ter
merecido melhor juízo de parte desta novíssima Administração - espera possa trazer
mais luz ao atual Governo, que, ao que parece, sacudido pela reação
internacional e também a nacional, deve cuidar de tratar de recuperar a imagem
queimada, pois sabemos que o Fogo, esse por vezes bárbaro instrumento de hordas
pouco cultivadas, é por demais radical no eventual alcance de suas ações, e por isso merece ser
cuidado com toda a necessária moderação, e se me permitem respeito aos seus
predecessores, para que aqueles usuários contumazes desses processos radicais possam
ver - e com muita cautela - os respectivos múltiplos efeitos colaterais que
sóem acompanhar análises por vezes apressadas das contribuições trazidas por
seus antecessores.
(
Fonte: O Globo )
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