Desmedida ambição
política e a pressa em tentar transformar as favoráveis pesquisas em realidade,
constituem a principal motivação do chefe da Liga e atual ministro do Interior,
Matteo
Salvini, que disparou ontem uma moção de censura contra o popular
Primeiro Ministro, Giuseppe Conte, a quem o fascistóide Salvini apoiava até então,
juntamente com o antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S), que é liderado
por Luigi
di Maio.
A lógica sempre porfiara contra o
ambicioso Salvini, pois ele tivera de coabitar com um partido de esquerda,
enquanto batalhava na sombra das posturas de Mussolini - a Liga é de extrema
direita - e Salvini, com a sua demagógica teatralidade tratara de impressionar
os seus eleitores com medidas contra os bodes-expiatórios da migração marítima no
Mediterrâneo, em geral vindos do conturbado continente africano, não esquecendo
a propulsão que dá a esse desesperada fuga as circunstâncias em que vive a Líbia,
hoje um estado fracassado depois da inglória morte em uma estrada no deserto do
antes todo-poderoso Muamar Kaddaffi.
O impulsivo Salvini assestará
suas baterias para derrubar o Presidente do Conselho, que ficou furioso com a
suposta deslealdade de Salvini. O premier, a propósito, declarou que o
líder da Liga lhe dissera que ele queria que as eleições capitalizassem seu
apoio nas pesquisas...
Por enquanto, as famosas pesquisas sugerem que a Liga tem 37% de
apoio, o dobro da participação do movimento de Luigi di Maio. Mas nem tudo é
mar de almirante - as imagens marítimas devem agradar ao capo da Liga - porque
terá a ver com o experiente e respeitado presidente da República, Sergio
Mattarella, e com o Presidente do Conselho Giuseppe Conte, que tem feito por
merecer alguma popularidade.
A queda de gabinetes não
tira os italianos de seu habitual bom humor. Mas a ambição desmedida e as
teatralidades fascistóides podem não mais produzir os ambicionados resultados,
sobretudo porque esse jogo, entre cínico e demasiado impulsivo, pode dar
chabu...
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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